Sala de aula invertida
Sala de aula invertida faz alunos virarem autores
Professora de espanhol fala do impacto na metodologia nas aulas da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Por Jorgelina Tallei
"Sempre pesquisei formas diferentes de trabalhar com os alunos e novas tecnologias para a sala de aula. No início do primeiro semestre de 2014, decidi pôr em prática a sala de aula invertida na disciplina Espanhol como Língua Adicional, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu (PR).
A instituição tem alunos paraguaios, argentinos, bolivianos, peruanos e uruguaios, que contribuem muito para que o brasileiro aprenda espanhol. Na convivência do dia a dia, o aluno pode aprender novos costumes e culturas dentro da sala de aula.
A nova experiência contou com a participação de turmas dos cursos de História da América Latina e de Antropologia e Diversidade Cultural, que fazem aulas de espanhol de quatro horas durante duas vezes na semana (estudantes de outras nacionalidades têm a mesma carga horária para o português). Como tempo era muito longo, os estudantes tinham dificuldade para se manter motivados, e a sala de aula invertida faz com que eles tenham que pesquisar e buscar novas ferramentas para o aprendizado, até porque devem escrever o trabalho de conclusão do curso na língua estrangeira.
Trabalhamos a pedagogia por projetos e a perspectiva do aluno, uma vez que, nas aulas, eles usavam diferentes tecnologias, como computadores, celulares e tablets. A sala de aula invertida era a estratégia certa para que eles atuassem como autores, e não apenas como consumidores de tecnologia. Além disso, a prática possibilita uma reflexão do uso do idioma tanto fora quanto dentro da classe, além de um trabalho a partir de uma reflexão crítica e de autonomia dos alunos.
Até aquele momento, os vídeos não eram utilizados na prática de língua adicional e nem havia registro de experiências neste sentido nas aulas. Usamos o YouTube para trabalhar os conteúdos e hospedar os vídeos que, tão logo publicados, eram compartilhados na página do Facebook. Na hora da revisão, quando não lembravam de uma palavra, eles sempre recorriam aos vídeos, porque é mais fácil associar palavras com as imagens.
De certa forma, esse trabalho ajudou alunos a: a) praticar língua estrangeira; b) revisar conteúdos já estudados em sala de aula; c) treinar a escrita em língua estrangeira; d) ampliar letramento digital; e) trabalhar em colaboração.
Ao terminar o curso, os alunos responderam a um questionário de avaliação em que dizem que a aula foi legal, mas que os vídeos precisam ser aprimorados. Já temos um projeto para trabalhar com designers e editores, mas levará um tempo."
Fonte: Porvir.org