O vestibular dos EUA
O vestibular nacional dos EUA mudou e isso afeta o Brasil
Sabine Righetti - Folha de São Paulo - 12/03/2014 - São Paulo, SP
Os Estados Unidos anunciaram na semana passada mudanças importantes no SAT, uma espécie de Enem feito naquele país desde 1926.
Entre as principais alterações está uma tentativa de aproximação do exame com o “novo” estudante do ensino médio americano.
A prova, por exemplo, vai evitar o uso de termos excessivamente coloquiais e vai deixar a literatura recomendada mais atual e menos clássica.
Outra mudança é que os alunos terão de justificar a escolha das respostas nas questões de múltipla escolha e não perderão mais pontos por resposta errada.
Bom, mas por que as mudanças no SAT são importantes para a gente?
Por uma série de motivos.
EFEITO CASCATA
O SAT é um exame pioneiro de aplicação nacional de seleção para o ensino universitário e tem sido seguido por vários países.
Ou seja: o que muda por lá tende a ter efeito cascata em todo o mundo.
No Brasil, por exemplo, o Enem, aplicado desde 2004 nacionalmente, é fortemente inspirado no SAT.
O que é cobrado no SAT tende a ser cobrado em exames como o Enem –e isso reflete diretamente no que é ensinado nas salas de aula por aqui.
A diferença é que nos Estados Unidos a pontuação no SAT é parte de uma seleção que pode incluir currículo, entrevista, carta de recomendação e provas adicionais.
Ou seja, além de se preocupar em acertar questões objetivas, o estudante que quer entrar em uma boa universidade se preocupa também em fazer cursos extracurriculares e trabalhos voluntários.
Isso não acontece no Brasil.
O que mais me preocupa em relação à mudança do SAT é que a redação deixa de ser obrigatória.
Se isso respingar por aqui no Enem corremos o risco de perder o único espaço da prova em que o aluno desenvolve seu pensamento crítico no processo se seleção para parte do ensino superior do país.
clipping Educacional