Aumento da escolaridade e produtividade
Aumento da escolaridade não garante mais produtividade
O número de brasileiros que completaram o ensino superior cresceu. Entre 2011 e 2012, 867 mil estudantes receberam um diploma, segundo a Pesquisa Nacional de Domicílio (Pnad) do IBGE. O aumento do grau de escolaridade, no entanto, não está produzindo os efeitos esperados sobre os índices de produtividade do trabalhador brasileiro. O mercado ainda reclama da falta de mão de obra qualificada.
Gustavo Leal, diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), explica que os conhecimentos e habilidades obtidas pelos trabalhadores na educação formal nem sempre atendem ao que os empregadores desejam. “Na indústria, especificamente, são necessários conhecimentos técnicos, além de habilidades comportamentais e de comunicação”.
Esse é um dos motivos para que a produtividade do trabalhador brasileiro seja pior que a de países como a Alemanha, a Coreia do Sul e os Estados Unidos. “Para produzir o mesmo que um trabalhador americano, o Brasil precisa de cinco brasileiros”, ressalta.
João Batista Araujo e Oliveira, especialista do Instituto Millenium e Ph.D em educação, acredita que a expansão das universidades não é a solução para o problema da formação profissional. Ele, que também é presidente do Instituto Alfa e Beto, defende uma mudança radical na concepção do terceiro grau como a que ocorreu na Europa nas últimas três décadas. Ele critica o “forte viés ideológico” da educação superior que, segundo ele, ainda é focada “na ideia de universidade de ensino-pesquisa-extensão”.
A ampliação da educação profissionalizante é apontada como um caminho para solucionar o problema. Gustavo Leal lembra que, no Brasil, apenas 6% dos jovens optam por cursos técnicos, enquanto nos países ricos esse número é de 35%. “A falta de qualificação técnica é um gap para a competitividade”, conclui Almström.