UFRGS diploma primeiro mestre indígena
Zaqueu Key Claudino é da tribo Kaingang e abordou, em seu trabalho, as concepções da educação indígena de sua comunidade, relacionando-as com a educação escolarizada
Dissertação de Zaqueu representa importante registro sobre tradição Kaingang
- Foto: Flávio Dutra
Na tarde de 20/6, o estudante de mestrado Zaqueu Kei Claudino defendeu sua dissertação, na Faculdade de Educação, com o tema A formação da pessoa nos pressupostos da tradição: Educação Indígena Kanhgág. Ele é o primeiro indígena a receber título de mestre pela UFRGS. Antes da apresentação, a comunidade Kaingang realizou um ritual de abertura em frente à Faculdade.
Em seu trabalho, o aluno abordou as concepções da educação indígena a partir da tradição Kaingang, relacionando-as com a educação escolarizada. A comunidade, originária das regiões sul do Brasil e moradores contemporâneos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e parte de São Paulo, passou a usufruir de educação escolar após intenso processo de colonização.
Assim, a dissertação de Zaqueu representa um importante registro sobre os conhecimentos da tradição Kaingang e como ela é transmitida aos descendentes daquela sociedade. Ele descreve partes da cosmologia, dos saberes da oralidade e suas formas tradicionais de transmissão, na busca de compreender a interação dessas práticas com o entendimento de educação escolar indígena nas Terras Kaingang do RS.
O estudante explica que a necessidade do estudo surgiu de sua experiência pessoal, ao observar os processos de “tradução” e de ressignificação de seus elementos rituais para o contexto escolar. “O crescente número de Kaingang que vive nas aldeias e interage com o mundo não indígena suscita indagações quanto à transformação e à readaptação de seus discursos no que diz respeito aos estudos realizados nas escolas Kaingang. Esta pesquisa pretende explicitar como é realizado esse movimento e as formas de afirmação identitária e de conquistas políticas, principalmente no campo da educação indígena e da educação escolarizada desenvolvida pelo Estado brasileiro, em suas diferentes esferas”, esclarece o mestre.
Orientadora da dissertação, a professora Maria Aparecida Bergamaschi comenta o valor de um trabalho como esse para a educação: “É um fato que muito me honra, enobrece nossa instituição e que também fortalece os povos indígenas nesse difícil movimento de fazer reconhecer seus direitos”.
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