Sites e banco de questões para professor
Site oferece banco com 15 mil questões para professor
Quem é professor sabe o trabalho que é elaborar provas diferentes sobre o mesmo assunto para ser aplicadas no mesmo dia. Não podem ser iguaizinhas, já que os primeiros a fazer podem contar para os últimos o que caiu, nem muito díspares, para não causar injustiças. Pensando nessa dificuldade cotidiana do professor, o Descomplica, site que oferece videoaulas à preparação para o Enem, vai disponibilizar, a partir do dia 29/5, segunda-feira, o Descomplica Questões, um banco com 15 mil questões de múltipla escolha com todas as disciplinas do ensino médio. “Nossa missão é sempre simplificar. Em vez de levar uma hora e meia elaborando uma prova, o professor vai poder fazer isso em 15 minutos”, afirma Marco Fisbhen, CEO do Descomplica.
A nova ferramenta, apresentada durante a Educar Educador, permite que qualquer interessado se inscreva gratuitamente e acesse o banco. “Plataformas como essa já existem, mas normalmente são engessadas e caras. Essa é uma solução grátis e eficiente”, diz Fisbhen. Uma vez na plataforma, os professores poderão filtrar as questões por disciplina, assunto e grau de dificuldade – fáceis, médias e difíceis. “O bacana é que os professores podem estruturar suas provas de modo interdisciplinar, misturando, por exemplo, questões de história e geografia”, afirma Rafael Cunha, que dá aulas de redação no Descomplica.
O professor também pode eleger um assunto específico (de Realismo, em português, a Ditadura Militar, em história) ou até mesmo escolher questões a partir de centenas de instituições de ensino superior do país, como a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Universidade Federal de Viçosa, a ESPM, entre outras.
Na versão disponível a partir de segunda-feira, o professor também pode selecionar as questões, montar a prova e imprimi-la. Todas as questões que ele selecionar ficam arquivadas, de forma que ele tenha acesso ao número de vezes que já a utilizou. Também será possível duplicar provas, substituindo algumas questões, ajudando exatamente aquele professor que tem que elaborar provas para turmas de mesmas séries.
Para um futuro próximo, já estão previstas a inserção de novas funcionalidades. Numa delas, o professor poderá montar um grupo, selecionar as questões, gerar um link de prova e enviá-lo por e-mail, para que seja resolvida on-line. Quando isso acontecer, o professor terá acesso aos resultados detalhados dos alunos, saberá qual é o assunto que a turma mais errou e poderá escolher com mais embasamento que matérias precisam ser revisadas. Paralelamente, o professor que quiser também poderá inserir questões próprias no banco, para serem usadas por outros educadores.
Versão paga
Outra novidade são as aulas e as monitorias, ao vivo, que passam a acontecer diariamente, a partir de um calendário pré-estabelecido. A ideia do recurso é servir como um chat on-line, com a presença de um moderador, onde é possível compartilhar mensagens com outros estudantes e fazer perguntas em tempo real para o professor.
O Descomplica funciona em um formato de assinatura que varia entre R$15 e R$20 mensais, de acordo com o plano que o aluno escolher – que pode ser semanal, mensal ou semestral.
Duas plataformas engrossam lista de videoaulas nacionais
A partir da hipótese de que o jovem brasileiro está cada vez mais à procura de conteúdo na web, Pedro Teberga, 23, estudante da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP (Universidade de São Paulo), decidiu sair da teoria para a prática. Por meio de um projeto-piloto, decidiu abrigar 100 videoaulas no Youtube para ter um feedback dos estudantes virtuais. A iniciativa superou as expectativas do jovem. “Recebemos 300 mil visualizações em pouco tempo e um retorno muito positivo dos usuários. O que nos motivou a lançar uma plataforma para trazer mais impacto, para além dos primeiros vídeos gravados”, afirma Teberga, cofundador do Polinize, plataforma lançada neste mês, que oferece aulas on-line gratuitas com foco em alunos de ensino médio e também permite aos interessados que criem cursos – que podem ser pagos ou não –, para ensinar desde matemática e química até mesmo malabarismo.
A plataforma de Teberga é inspirada na pioneira Khan Academy, modelo criado por Salman Khan, para dar aulas de matemática, ciências, programação e humanidades – e que parece liderar um movimento de professores celebridades on-line e que vem reformulação as salas de aula em todo mundo. Apenas nos dois últimos anos, as videoaulas de Khan tiveram mais de 200 milhões de acessos por seus cerca de 10 milhões de alunos.
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No Brasil, Teberga é um dos muitos entusiastas do formato idealizado por Khan. O Porvir, ao longo do último ano levantou uma série de plataformas que seguem a mesma linha como a CalculeMais, o QMágico, o Descomplica , o MeSalva! e Manual do Mundo.
Para Teberga, essas plataformas surgem como “soluções urgentes nos padrões da educação para alcançar uma sociedade mais justa”. “A educação precisa deixar de ser vista como um entrave em nossa história para passar a ser um importante fator de impulso para alcançarmos um papel importante no cenário mundial”, afirma.
Para viabilizar o projeto, a plataforma também oferece aulas cobradas – destinadas, à priori, a um público de nível superior. “Os professores interessados em oferecer um curso na plataforma nos contatam e depois os selecionados recebem apoio desde a confecção do material até mesmo ao pagamento automatizado das vendas realizadas”, afirma Teberga. O primeiro curso pago a ser lançado será o de direito constitucional. No futuro, ele pretende criar ferramentas que possam acompanhar a evolução do aluno como as plataformas adaptativas que dão retorno imediato sobre os desempenhos dos alunos.
No quadro
Uma das aulas gratuitas da plataforma do Polinize é dada por outro entusiasta das videoaulas. Bruno Werneck, 32, que além de estar na plataforma de terceiros em aulas de física, química e matemática, mantém também sua própria plataforma, o Kuadro.
Werneck é engenheiro formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e no início de 2012 começou sua plataforma visando levar acesso ao ensino de matemática, química, física e biologia aos estudantes de escolas públicas. As aulas são gravadas tanto por ele quanto por sua esposa Lucimara Werneck, 28, bióloga graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que viram nas videoaulas a alternativa para levar mais acesso à educação de qualidade para alunos de escolas públicas. “O problema não é a falta de ensino, mas a falta de acesso”, conta Werneck, que assim como Lucimara, estudou na rede pública.
Sem nenhum custo, o Kuadro é aberto a qualquer escola que queria usar as videoaulas. Hoje, a plataforma tem mais de 20 mil pessoas cadastradas e um acesso diário de 1.000 visitas. Com a expectativa de produzir 30 novas videoulas mensalmente, o professor afirma que os vídeos são apenas “empurrões” no processo de ensino-aprendizagem, que deve ser pautado na interação dos alunos.
Para tornar isso possível, o Kuadro oferece outras funcionalidades, como bate-papos e fóruns autogestionados. “O intuito principal é levar ensino de qualidade às pessoas, fazer com que os alunos aprendam mais, sintam-se mais seguros e motivados nos estudos e entendam o poder de estudar em grupo”, diz.
Assim, como Khan, que depois de receber cartas de professores que diziam estar invertendo a lógica da sala de aula, Werneck parece seguir os mesmos passos. “Muitos professores já me abordaram para dizer que estão usando as aulas-online em suas disciplinas”, conta.
Site disponibiliza 700 videoaulas de matemática
Primeiro, Salman Khan revolucionou o ensino com o suas aulas no Youtube. Depois, o MIT se uniu ao seu ex-aluno ilustre para também produzir vídeos educativos curtos voltados para melhorar a educação básica dos EUA. Agora, é a vez Brasil aderir ao movimento de olho na melhoria do ensino. A startup QMágico lançou, na Feira Educar Educador, sua plataforma com 700 vídeos de matemática gratuitos, que têm entre 7 e 12 minutos de duração, endereçados a alunos dos ensinos fundamental e médio.
O site foi idealizado pelo cearense Thiago Feijão, 22, aluno de engenharia mecânica no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). A ideia nasceu, conta o jovem, quando ele dava aulas para população de baixa renda em três ONGs, duas delas criadas por ele mesmo, em São José dos Campos. “Quando entrei no ITA, em 2008, eu decidi trabalhar com educação para fazer com que outras pessoas pudessem ter a oportunidade que eu tive”, diz Feijão, que ficava incomodado por não conseguir atender nem de longe a todos os estudantes que queriam assistir às aulas que as organizações ofereciam.
“Eu me perguntava: como eu faço uma coisa que seja escalável e sustentável financeiramente? Como replicar o que a gente faz aqui [nas ONGs] para o Brasil inteiro? Aí surgiu o QMágico”, diz. O click veio em um sábado, em março do ano passado, e já na quinta-feira seguinte ele e alguns colegas disponibilizaram uma primeira versão, bem simples, para as ONGs. “Vimos que os professores gostavam e que os alunos gostavam, então resolvemos expandir.”
De março para cá, a plataforma foi sendo aperfeiçoada e, a partir de agora, os vídeos de matemática ficarão disponíveis para os alunos. Pelo site, será possível assistir a vídeos escolhendo por série – do 1o ano do ensino fundamental ao pré-vestibular – ou por tema – geometria, álgebra, funções e análises combinatórias, por exemplo. As imagens mostram sempre uma lousa ou um caderno sendo preenchidos com conteúdo enquanto uma voz ao fundo dá explicações. Também estão disponíveis exercícios e testes sobre os temas oferecidos.
Os donos das vozes são, na maioria das vezes, estudantes das melhores universidades do país que receberam bolsa para ensinar determinado assunto a crianças e jovens ou professores das ONGs lideradas por Feijão. “Nós os convidamos para fazer os vídeos e ensinamos o padrão. Temos um cronograma de desenvolvimento e já oferecemos toda a matemática de ensino básico bem estruturada, então o professor consegue encaixar os vídeos no currículo”, afirma o estudante, que prepara a oferta de vídeos de língua portuguesa e física.
A sustentabilidade financeira do QMágico ocorre por meio da oferta de outros dois tipos de serviço, que são vendidos para escolas, redes de ensino e governos. O primeiro é uma plataforma de aprendizagem virtual, em que as instituições de ensino podem inserir seus conteúdos, propor atividades on-line, fazer avaliações de alunos, além de acompanhar o desenvolvimento de estudantes e professores de maneira individualizada.
O segundo serviço é um pacote de treinamento para professores e instituições com orientações para o uso das tecnologias em sala de aula – a adaptação ao blended learning, essa utilização casada de atividades virtuais e reais que tanto preocupa educadores mundo afora. Segundo Feijão, um dos métodos que o QMágico aplica nesses treinamentos é conhecido por rotation lab, quando a turma é dividida em três grupos, ficando os alunos do primeiro terço trabalhando no computador, os do segundo fazendo exercícios e os do terceiro com o professor, que já viu o que os alunos fizeram no ambiente on-line e dá explicações específicas e tira dúvidas.
http://porvir.org