Novas regras de correção da redação
Enem 2013: entenda as novas regras de correção da redação
Corretores reclamam do volume de trabalho. Governo diz que aperfeiçoou sistema e aumentou o número de avaliadores
O Enem 2013 será aplicado no mês de outubro em todo o Brasil
Foto: Edson Jr. / Terra
Os critérios de avaliação da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são alvo constante de dúvidas e reclamações dos candidatos que participam da prova. Isso porque, no ano passado, textos com trechos de receita de macarrão instantâneo e hinos de time de futebol receberam notas consideradas razoáveis, o que tornou a correção da prova um pouco duvidosa. Pensando nisso, o Ministério da Educação (MEC) divulgou um novo edital, prometendo uma prova mais rigorosa neste ano.
A partir de agora, os mais de 8 mil corretores, contra 5 mil do ano passado, não poderão mais tolerar textos com trechos deliberadamente desconectados com o tema proposto e reincidências de erros gramaticais e ortográficos. Além disso, discrepâncias maiores de 100 pontos na nota final implicarão em uma terceira correção - em 2012, a terceira correção dependia de uma diferença de correção igual ou maior que 200. Também não serão aceitos textos com nota máxima que não demonstrarem total domínio da norma culta da língua.
Na opinião de professores, no entanto, o problema não está somente na metodologia de correção, mas também no processo de treinamento dos profissionais, que, muitas vezes, acabam corrigindo centenas de redações diariamente. Professora de língua portuguesa e redação em escolas e cursos pré-vestibulares há quase 10 anos, Maria Aparecida Custódio acredita que a criação de um novo método de capacitação dos corretores é essencial para o resgate da credibilidade da prova. "É preciso haver um sistema de capacitação mais eficaz, como o treinamento ao longo do ano e a implantação de um concurso para selecionar os professores mais aptos ao trabalho", afirma a professora.
Para o professor avaliador da banca de redação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ex-corretor do Enem, Osvaldo Arthur Menezes Vieira, a correção do Enem é tratada com muita informalidade, o que pode incentivar o avaliador a tratar o trabalho com descaso. "Apesar de minha coordenadora na época ter sido muito presente, as correções são feitas da casa do avaliador, que tem acesso aos pacotes de provas pela internet. Não há como comprovar se é mesmo o professor cadastrado que está corrigindo as provas", conta.
O avaliador ainda afirma que sofria pressão para corrigir mais provas em menos tempo e críticas sobre o rigor que utilizava na correção. "Minha coordenadora me pedia para ser menos rigoroso na hora da correção. Mas na grande maioria das provas que recebi, além de erros de ortografia, encontrei erros gravíssimos na organização sintática das frases, algumas nem pareciam português", desabafa.
Infográfico: Enem ou vestibular? | |
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Saiba como é o processo de seleção nas principais universidades públicas brasil |
Hoje, os corretores da redação do Enem são instruídos através de um curso online, que monitora e avalia os professores em 33 requisitos diferentes. Para serem selecionados para o exame, os professores devem alcançar desempenho maior do que 7, em uma escala de 0 a 10 - diferentemente do ano passado, quando a eliminação ocorria somente com notas abaixo de 5. Os avaliadores ainda passarão a receber R$ 3 por prova corrigida – um aumento de R$ 0,65 em relação às edições anteriores.
Mais de cem redações por dia
Maria Aparecida ressalta que deveria ser restrito o número de redações corrigidos por cada professor, já que "é humanamente impossível corrigir mais de cem redações por dia", fato recorrente na prova do Enem segundo ela. "Muitos avaliadores corrigem mais textos do que são capazes para melhorar a renda no fim do mês. Porém, mesmo se capacitados, acabam perdendo o foco e comprometendo a qualidade da correção", diz.
O Inep informou que existe um limite de correções por dia e que os corretores recebem diariamente, pela internet, um pacote com 50 redações. Caso o corretor consiga corrigir todo o pacote, mantendo a qualidade, ele pode receber outro lote.
Segundo o Inep, a capacitação dos avaliadores em 2013 contará com 28 horas a mais que em 2012. Também foram criadas, neste ano, coordenações regionais pedagógicas para auxiliar no processo de correção, aumentando em 23 o número de coordenadores. Também foram selecionados mais profissionais, aumentando de 5,6 mil corretores em 2012 para 8,4 mil em 2013, e de 230 supervisores para 280 em 2013. O Inep também instituiu uma Comissão de Especialistas para a redação do Enem, formada por nove professores doutores. A comissão realiza estudos e pesquisas sobre avaliação textual, que visam a contribuir no aperfeiçoamento do processo de capacitação dos corretores.
Guia do participante
Ainda na segunda quinzena de agosto, será publicado o Guia do Participante 2013, contendo análises de redações que obtiveram a nota máxima. O guia também aprofundará as orientações gerais de realização da prova que estão publicadas no edital. Dominar a escrita formal da língua portuguesa em um texto dissertativo-argumentativo e relacionar conceitos de várias áreas do conhecimento com o tema proposto contam pontos na correção da prova. O aluno também deve defender um ponto de vista por meio da argumentação e elaborar uma solução para o problema abordado, que respeite os direitos humanos.
Infográfico: Ranking Enem | |
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Veja quais são e onde estão as 50 melhores e as 50 piores escolas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) |
Enem 2013: atualidade é a base da prova de Ciências da Natureza
As questões ligadas ao dia a dia aparecem diluídas nas 45 questões que englobam as disciplinas química, física e biologia
A dica de estudar temas da atualidade vale para todo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que neste ano ocorre nos dias 26 e 27 de outubro. Mas é em uma das provas do primeiro dia, a de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que as questões ligadas ao dia a dia mais aparecem, diluídas nas 45 questões que englobam as disciplinas química, física e biologia.
O professor de Ciências da Natureza e suas tecnologias do Cursinho do XI, Francisco Flávio Ribeiro Viana, afirma que essa característica da prova possibilita a resolução de grande parte das perguntas apenas com o conhecimento empírico, aquele que adquirimos a partir de experiências e observações do dia a dia. Apesar da tendência da prova ficar mais difícil - pela relevância que tem ganhado como porta de entrada única em importantes universidades -, é possível apontar conteúdos e tipos de questões mais prováveis.
Segundo o professor de biologia do Colégio Notre Dame-Recreio, Marcus Vinicius Monteiro Rossari, o Enem cobra bastante questões relativas ao contexto ambiental no País. A dica é estudar especialmente assuntos que relacionem a área de meio ambiente ao ser humano, como ecologia e impacto ambiental, além de temas que envolvam saúde, como grupos de parasitas. Por isso, vale também revisar os vetores de doenças pelas diferentes regiões do Brasil.
Química e física
Para o estudo de química, o professor do Colégio Alfa, Cem Alexandre Roque, adverte que o reconhecimento de funções orgânicas, a solubilidade dos compostos em água, cálculos estequiométricos e mudanças de estado físico constituem por volta de 70% da prova. Além disso, também se recomenda que os estudantes estejam afiados com a leitura de gráficos, já que sua interpretações são tradicionalmente cobradas na prova.
Disciplina que costuma assustar os estudantes, a prova de física é bastante voltada à mecânica e energia. A dica é focar nos tipos de energia voltados à produção em usinas e também àqueles que atendem situações diárias. Nesse sentido, o professor do Colégio e Curso PENSI, Fábio Vidal, lembra que uma questão muito tradicional é a interpretação da conta de luz, como entender os kW/h que aparecem todo mês na sua casa. Energia térmica é outro tema que deve receber dedicação do candidato, que deve relacioná-la ao calor nas grandes cidades e mudanças climáticas.
Apesar da prova envolver muitos conteúdos que demandam fórmulas, o estudante não deve se preocupar em decorar todas: com exceção das mais comuns, o exame deve apresentar aquelas necessárias.
Reta final
Em química, atente para as relações da chuva ácida e gases estufas; também vale uma última olhada em balanceamento, cobrado constantemente. Na física, vale uma conferida em mecânica, já que a prova tem grande parte do seu conteúdo nessa área. Também checar a relação energética para potência elétrica e os tipos de usina que são utilizados no território nacional é válido. Biologia: esqueça os bichinhos nesse último mês. Foque principalmente nas questões de saúde, doenças e seus vetores.
A principal dica para o fim da caminhada: contextualize o conteúdo das disciplinas. Leia jornais e veja noticiários, pois o exame contempla as relações entre atualidades e sala de aula; além disso, as leituras menos didáticas podem ajudar a relaxar na reta final.
Enem: técnica do "chute" aumenta a nota em 10%, diz professor
De responder uma questão sem ler todo o enunciado a optar pela alternativa mais longa e politicamente correta: são inúmeras as técnicas e dicas para realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com "chutes" que circulam pela internet em vídeos que já somam milhões de visualizações no YouTube. A técnica é polêmica e divide professores. De um lado, quem repassa as “orientações politicamente incorretas para o Enem” garante que o objetivo é ensinar o aluno a fazer a prova de forma mais rápida e não desestimular o estudo. Por outro, são perda de tempo e só devem ser utilizadas para não deixar a questão em branco.
Professor de matemática, estatística, probabilidade e análise financeira, o engenheiro civil Paulo César Pereira estuda a técnica do "chute" há mais de 20 anos. Segundo ele, a técnica surgiu de forma elaborada por volta de 1990, mas os concurseiros já usavam há muito tempo e a prova de que funcionam são os sistemas antichutes que as bancas examinadoras aplicam. Em 2007, com o pedido de ajuda de uma amiga que queria passar em um concurso, ele começou a estudar o assunto mais a fundo. Acabou publicando o e-book A arte de marcar X, disponibilizado gratuitamente na internet. Não demorou muito para começar o conteúdo em seu canal de vídeos, que hoje conta com 9 milhões de visualizações.
Pereira garante que a “a arte de marcar X” funciona, mas não substitui o estudo, pois até para aprender a chutar é necessário estudar. “Tem que pegar as provas anteriores, desde 98, e resolver todas as provas. Pegar o e-book, o material didático e estudar. Tem que se cercar de conhecimento de todos os lados”, diz. Ele afirma que a técnica do "chute" aumenta a nota em 10%, porém não deve ser usada de forma exclusiva. “A ideia é justamente motivar os estudos. Estudar não é dar uma lida por cima. Tem que imprimir, encadernar e ir rabiscando o material, destrinchar a matéria, elaborar a própria apostila”, explica o professor.
" Se no final da prova, o aluno não tiver conhecimento sobre o assunto, é melhor chutar do que deixar em branco" Alberto Francisco do Nascimento coordenador de cursinho de São Paulo
Ex-conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro e professor aposentado da UFRJ, Paulo Sampaio também tem grande audiência no canal de vídeos. Conforme Sampaio, as orientações “politicamente incorretas para o Enem” não aconselham a não estudar - "o que seria burrice", diz -, mas fazem o aluno aprender a fazer uma prova mais rapidamente do que faz na escola. “Todos os coordenadores de cursinhos aconselham que os alunos devem treinar em provas anteriores do Enem. Só não ensinam como fazer a prova de maneira eficaz com o que conseguiram estudar”, critica.
As dicas e procedimentos de chutes não devem ser utilizados aleatoriamente, mas em situações pontuais, como quando o tempo de realização da prova está esgotando e ainda faltam questões a serem respondidas. De acordo com Sampaio, isso possibilita que a probabilidade de acerto suba de 20% para 50%. “O importante é ganhar de um a zero a final da Copa do Mundo ou dominar o adversário durante todo o jogo e perder?”, questiona. Ou seja, de que vale saber tudo sobre o assunto e não responder no tempo as questões de prova?
Professor de cursinho critica técnica
Para o coordenador de vestibular do Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, a técnica não tem validade. “Bom professor ensina. Professor tem que ter didática e transmitir conhecimento ao aluno, não ensinar a 'chutar'”, afirma. Ele critica a técnica e diz que o aluno tem que receber informação e conhecimento que possibilitem fazer a prova. Entretanto, Nascimento não descarta o "chute". “Se no final da prova, o aluno não tiver conhecimento sobre o assunto, é melhor chutar do que deixar em branco”, comenta.
A prova do Enem utiliza o sistema da Teoria da Resposta ao Item (TRI), que dá valores diferentes para as questões: “O aluno que deixa questão em branco não tem vantagem, mas o que erra questão fácil e acerta uma difícil também não”, explica Nascimento. Para o coordenador do cursinho de São Paulo, os estudantes devem estudar todas as matérias e as intersecções entre elas. “Se estudar, vai desenvolver raciocínio. Se desenvolver bom raciocínio, vai bem no Enem”, garante.
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra