Planejamento escolar para 2014

Planejamento escolar para 2014

Escrito por Carolina Mainardes

 

Planejar o novo ano letivo é uma tarefa desafiadora para a gestão da escola. De acordo com Maria Carolina Nogueira Dias, especialista em Gestão Educacional da Fundação Itaú Social, o ponto de partida do planejamento deve ser os dados de aprendizagem da escola. Além do desempenho dos alunos, a expectativa de aprendizagem para cada série deve ser outro ponto contemplado, configurando-se na “dobradinha” necessária para um planejamento que garanta efetividade às atividades escolares: desempenho do aluno + expectativa de aprendizagem.

O ano de 2014 tem ainda uma especificidade, em virtude das alterações no calendário do ano letivo, tendo em vista a realização da Copa do Mundo no Brasil. “A atuação do gestor, para coordenar essas alterações, será como montar um quebra-cabeça”, ressalta Maria Carolina.

Acompanhe nas páginas a seguir as orientações da especialista para planejar as ações de sua escola para o novo ano.

Ponto de partida: dados de aprendizagem

O planejamento escolar deve estar pautado nos dados de aprendizagem dos alunos. “Isso inclui os dados oficiais, do Estado ou da rede em questão – se ela fizer provas de avaliação de desempenho –, mas também os dados de avaliação de aprendizagem que a própria escola desenvolve ao longo do ano”, explica Maria Carolina. Ela enfatiza que um aluno, ao ser promovido para outro ano, carrega consigo um histórico de aprendizagem. “Essa bagagem de aprendizado precisa ser discutida no planejamento”, afirma.

Expectativas de aprendizagem

O segundo ponto a ser observado na elaboração do planejamento, e que está diretamente atrelado ao desempenho dos alunos, são as expectativas de aprendizagem para cada uma das séries da escola. “O que pauta o currículo e o planejamento é uma diretriz, uma normativa, que pode ser mais ou menos detalhada, dependendo da rede. Essas expectativas de aprendizagem, atreladas aos dados de aprendizagem dos alunos, irão nortear o planejamento”, explica a especialista.

Para cumprir o currículo

O planejamento escolar deve ser direcionado com o intuito de propiciar o cumprimento das expectativas de aprendizagem propostas no currículo. Durante o planejamento, também deve ser discutido como será possível trabalhar com essa finalidade, tendo em vista a chegada de novos alunos em cada série. “Nesse momento, é importante lembrar que há alunos que estão mudando de ciclo, passando do 5º para o 6º ano, ou seja, do fundamental I para o fundamental II, por exemplo. É necessário lembrar que, nessa passagem, os alunos trazem bagagens de aprendizado muito diferentes e que às vezes será preciso um trabalho diferenciado para que todos os alunos atinjam o mesmo nível”, explica Maria Carolina.

Calendário escolar 2014

O gestor deve estar atento à possibilidade de potencializar o calendário escolar, tendo sempre em mente a aprendizagem do aluno, segundo a especialista em Gestão Educacional, Maria Carolina. O calendário já chega com uma estrutura à escola, como uma diretriz da Secretaria de Educação. Diante da quantidade de dias letivos que a escola tem para cumprir, às vezes será necessário compor a semana letiva com sábados ou até mesmo feriados. “O gestor tem autonomia para pensar qual é a organização do calendário que pode beneficiar a aprendizagem do aluno”, ressalta Maria Carolina. Ela sugere que, nos sábados letivos, podem ser feitas atividades pedagógicas para encerramento de ciclos de projetos ou potencializadas atividades de aproximação família-escola, em que serão trabalhadas questões pedagógicas com a presença da família.

Reposição de aulas

Maria Carolina chama a atenção para o fato de que a reposição de aulas sem um propósito definido acaba privando o aluno de um dia letivo que é garantido para ele no calendário escolar. “O diretor tem a oportunidade de pensar nessas emendas como dias especiais, em que a aprendizagem será conduzida de outra forma”, orienta. Em 2014, o Brasil sediará a Copa do Mundo. “O gestor tem que estar atento, pois haverá alterações no calendário, e os dias letivos precisam ser cumpridos. E ele terá que montar um quebra-cabeça para coordenar essas mudanças”, comenta a especialista. O gestor pode lançar mão de projetos que preveem sábados seguidos de encontros, com atividades pedagógicas, por exemplo. A especialista alerta que, muitas vezes, os sábados são reposições avulsas, o que gera desinteresse dos alunos em participar. “A organização do calendário, quando foge da semana letiva, precisa estar dentro de um ‘todo pedagógico’, e ser atrativa para o aluno, fazer sentido para seu aprendizado”, explica.

A Acolhida do aluno

O momento de acolhida do aluno, no início do ano letivo, deve ter a atenção do gestor. “A estrutura da escola deve estar preparada para receber o aluno, que deve ser levado para conhecer os espaços da escola, sua própria sala de aula e as regras da escola em relação ao espaço físico”, explica Maria Carolina. Usar as paredes para expor trabalhos, fotos e notícias sobre a escola também é uma dica da especialista. “Coisas que mostrem para o estudante que aquela escola tem vida, que aquela escola tem um vínculo com seus alunos, no sentido de pertencimento”, observa a especialista. E completa: “A acolhida é um momento importante para que os alunos comecem a criar uma identidade com o espaço”.

Questões pedagógicas

Uma vez de posse dos dados referentes ao desempenho dos alunos e às expectativas de aprendizagem, o gestor deve pensar em organizar o planejamento com base em momentos que propiciem o contato entre os professores, que podem ser reunidos por séries e por áreas. Dessa forma, é possível trabalhar de forma conjunta. “Os professores podem trocar informações sobre as turmas e sobre o nível de aprendizagem dos alunos nas disciplinas”, comenta Maria Carolina. Outro ponto importante é verificar, com base nos dados de aprendizagem, onde estão os principais gargalos da escola e, a partir disso, discutir ações para fortalecer a atuação dos professores nessas áreas. “Com base nesses dados, o planejamento passa a ser mais orientado, a conter estratégias que a escola pode lançar mão para organizar os professores, para que possam trabalhar com focos que atendam a esse diagnóstico de aprendizagem”, orienta.

Estratégias de planejamento

A organização dos professores por áreas ou por séries, com o intuito de possibilitar a troca de experiências e de informações, é apontada por Maria Carolina como uma estratégia positiva. “Reunir todos os professores de Matemática potencializa o conhecimento dos docentes da área. Organizá-los por série possibilita pensar em estratégias para determinada série. Dessa forma, o gestor permitirá a troca de experiências bem-sucedidas, que podem ser replicadas ou inspirar novas atividades”, diz a especialista. “A escola não precisa inventar a roda todo ano”, acrescenta.

Participação dos professores

Partilhar projetos e atividades bem-sucedidas coloca o professor em posição de protagonista, atuando na formação de seus colegas docentes. O gestor também deve deixar que os professores atuem, durante a elaboração do planejamento, de forma propositiva. “Escutar dos professores o que eles esperam daquele ano letivo, envolvê-los nas discussões e nas atividades. Oportunizar a partilha de experiências que viveram ou de ideias novas nas áreas temáticas de estudo. Enfim, incluir os professores no processo do planejamento ajuda a criar um senso de coletividade na escola”, afirma Maria Carolina. Também vale preparar a equipe para que, em algum momento do início ano letivo, todos trabalhem em uma atividade única da escola (uma ou duas atividades na primeira semana de acolhida), em que os professores estarão com todos os alunos – pode ser no pátio, na entrada da escola –, que pode ser produzida em sala e apresentada em conjunto.

Ao longo do ano

É preciso romper a ideia de individualidade. O professor tem autonomia na sala, mas faz parte de um todo. E isso pode ser fortalecido desde o início, nas ações da semana de acolhida, em que todos os professores estão envolvidos. Essas atividades visam potencializar as ações do planejamento. É importante realçar que, ao longo do ano, outros momentos como esse precisam acontecer e ir nessa mesma direção, destacando o censo de coletividade na escola. Atividades que oportunizem e potencializem ainda mais os dados de aprendizagem e as estratégias de ensino devem ser realizadas durante o ano todo. A escola deve ser pensada como espaço acolhedor e de estímulo ao aprendizado, mas isso não se restringe ao momento de planejamento. As diretrizes devem ser sempre trabalhadas e trazidas para o debate e não devem ficar restritas ao momento do planejamento, em que só se conversem sobre os dados de aprendizagem no fechamento dos semestres. Devem ser pensadas continuamente.

 

Matéria publicada na edição de novembro de 2013.

http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/especiais/gestao-ensino-publico/550-planejamento-escolar-para-2014




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