Através do trabalho desenvolvido há mais três anos na Escola Estadual de Ensino fundamental e Médio Antônio Engrácio da Silva, em Feu Rosa,na Serra,Mariada Penha Rodrigues Nunes,62, orgulha-se em dizer que pôde contribuir para reduzir o índice de abandono na instituição, que hoje é quase nulo. Ela, que está entre os coordenadores de pais atuantes no Estado, define sua tarefa com simplicidade: usar o diálogo para envolveras famílias na vida Escolar das crianças. Assim como Maria da Penha, outros 32 moradores atuam nas Escolas estaduais de suas comunidades desde 2011, quando foi iniciado o programa Coordenadores de Pais, fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), a Fundação Itaú Social e a Fucape.

O programa foi um dos temas centrais do Seminário Escola e Família: Um Compromisso com a Educação, que aconteceu ontem. A partir dele foram realizadas mais de mil visitas domiciliares, além de 13.611 atendimentos à Alunos faltosos, com comportamento inadequado ou baixo desempenho.Por isso, o secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, o classifica como a principal estratégia adotada para reduzir os índices de abandono Escolar, que chegam a 19%entre jovens de 15 a 17 anos no Estado. Segundo ele, nas 33 instituições onde o projeto é aplicado, o nível de evasão caiu cerca de 70%.

O secretário ressalta que ainda não há previsão para expandir a ação devido à questões de financiamento. Por outro lado, ele destaca outras ações que vêm sendo tomadas para ampliar a participação das famílias no ambiente Escolar, como a obrigatoriedade de que os pais efetivem a matrícula de seus filhos pessoalmente e o estabelecimento de dois dias letivos como o dia da família na Escola. Incentivar a leitura, acompanhar os trabalhos, participar de reuniões e eventos, levar os filhos à Escola.

Para a coordenadora de mobilização do movimento Todos Pela Educação, Carolina Fernandes, atos cotidianos como esses levamos pais a terem um papel fundamental no aprendizado das crianças. Mas ela ressalta: “Muitos pais foram pouco ou não foram à Escola e por isso não sabem como ajudar.Outro desafio é fazer com que as Escolas identifiquem esses pais e busquem eles”. É isso o que faz a coordenadora de pais Marli Santos de Souza Amaral, 40. Ela, que atua na Escola do bairro Campinho da Serra I, conta que seu trabalho vai além de identificar problemas nos Alunos e recorrer aos pais.“A gente busca cesta básica, posto de saúde, tudo.Às vezes a família é tão humilde que não sabe como ajudar e nós temos esse compromisso”, pontua.

OBSTÁCULO

“TAXA DE EVASÃO ALTA É UM DOS PROBLEMAS” Ricardo Paes Economista

Professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper, em São Paulo, o doutor em Economia Ricardo Paes de Barros - que é também um dos criadores do programa federal Bolsa Família - ministrará hoje no Estado um curso inédito sobre o desenvolvimento socioemocional no ambiente Escolar voltado para Professores e gestores. Em entrevista, ele ressalta os principais desafios do país para garantir a melhoria da Educação. Quais os problemas da Educação? Um deles é a taxa de evasão muito alta. A segunda coisa é a desigualdade de oportunidades. No Brasil, a Escolaridade de crianças de famílias ricas é muito maior que a de crianças pobres. Permite-se que o sistema educacional seja um transmissor da desigualdade social. A terceira coisa é que a Educação brasileira está perdendo o significado tanto para os jovens, quanto para a economia. Tem aumentado a Escolaridade dos trabalhadores, mas não a produtividade. Há um desafio de mudança de currículo. Qual a importância do socioemocional nas Escolas? Se as crianças têm um bom socioemocional, lidam melhor com as emoções, têm autoestima mais alta e uma auto-confiança maior, além saberem perguntar e ouvir e de lidar melhor com angústias e frustrações. Estes são aspectos importantes no aprendizado.