Acampamento na Praça

Acampamento na Praça

Acampamento na Praça da Matriz na greve de 1987. A partir de 3a feira, estaremos lá novamente.

Os 96 dias de greve de 1987 - PMDB-Simon

Foto de Ptsul.

Um resgate do Blog De Olhos e Ouvidos – Olides Canton

A GREVE QUE MARCOU A PRAÇA DA MATRIZ

Pedro Simon estava lá dentro do auditório Dante Barrone no sábado passado,dia da convenção do PMDB que indicou José Fogaça candidato ao governo do Estado mas seguramente quando saiu pra rua ou quando chegou deve lhe ter passado pela memória o distante ano de 1987,quando ele, no Governo aguentou 100 dias de greve (na verdade foram 96 dias) mas o movimento paredista ficou mais conhecido como a greve dos 100 dias.

" Avente, professores de pé" foi o hino que ecoou nas praças e ruas do Rio Grande do Sul durante esta grande greve da categoria dos professores. Ela entrou pra história do magistério como uma das maiores greves do Brasil e quiçá da América Latina.


Os professores pediam o cumprimento da lei 8026 que determinou 2,5 salários mínimos.

Contrariando suas expectativas, o governador Pedro Simon, não cumpriu a lei que o mesmo havia avalizado em 1985, e argüi sua inconstitucionalidade. Quando os 25 mil educadores ergueram os dois braços em 10 de baril no Gigantinho, dizendo sim a greve por tempo indeterminado, não imaginavam seguramente que o movimento paredista ultrapassasse 3 meses.


A greve que marcou a Praça da Matriz


Os professores enfrentaram aquela greve com criatividade e bom humor. Logo surgiram as figuras do movimento, os marajás, os fantasmas, os palhaços e as viúvas da democracia, que de forma satírica ironizavam a atuação de um governo que era(ou se dizia) democrático.


Segundo os professores, Pedro Simon teria dificultado os canais de diálogo protelando as soluções que eles pediam.


Durante a greve, ele reuniu-se 3 vezes com o comando de greve.


Na primeira quinzena da greve, Pedro Simon nomeou uma comissão denomidade de " alto nível" integrada pelo secretário da educação, Bernardo de Souza(falecido dias atrás) César Schirmer,d a Fazenda, Sanchotene Felice dos Recursos Humanos, José Ivo Sartori, do Trabalho e Ação Social e o procurador geral do Estado, Manoel André da Rocha. Do encontro com os professores, com o comando de greve, não saiu nenhuma soluçãoOs professores se disseram surpresos com o descaso com que foram tratados.Segundo eles, a face sisuda do governo fez-se presente pela intransigência, pela força e por ameaças.


Foi preciso que houvesse intervenção da Frente Ampla de Apoio ao Magistério, da igreja e dos deputados pra que o diálogo fosse reaberto


ACAMPAMENTO


O já famoso acompamento da Praça da Matriz deu-se no dia 26 de maio que virou o palco dos acontecimentos até o fim da greve.


Na Praça da Sineta, como o local passou a ser chamado, foram instaladas 75 barracas, uma pira de resistência e a rádio do Sem Piso, que nada mais era do que um potente equipamento de som com o propósito de manter os professores informados sobre o que vinha ocorrendo nos bastidores.


O soar das sinetas e o rufar dos tambores da " Banda Furiosa", pedindo o cumprimento da lei, foram suspensos após a assembleia geral do dia 14 de julho( coincidência, dia da queda da Bastilha, na França) que encerrou a paralisação e deu carta branca aos deputados para a votação do projeto.


Foram 96 dias de intensa atividade. Para deixar clara sua inconformidade com o descumprimento da lei, os professores ocuparam o prédio da SEC no dia 28 de abril. Estrategicamente estudada pelo comando geral de greve, a ocupação do prédio da SEC iniciou às 8 horas quando grupos de professores entraram no edifício espalhando-se por 11 andares.


Os professores queriam demonstrar união. Das janelas dos prédios largaram papéis picados enquanto os colegas faziam soar as sinetas.


Às 17 horas realizaram o enterro simbólico do secretário Bernardo Souza.


Muitos foram os eventos que aconteceram durante esta greve histórica, mas cabe destacar o passeatão dos 40 mil que partiu do Julinho, a caminhada que saiu da Estação Rodoviária e a passeata " Luz das Trevas"quando professores carregando velas, lamparinas, candelabros e lampiões confeccionados com papel celofane colorido invadiram as ruas no dia 29 de maio.


O objetivo era " iluminar " o governador para que fosse encontrada uma solução para o impasse. A caminhada começou defronte ao colégio Rosário, percorreu a Independência, Pinto Bandeira, Alberto Bins, Dr. Flroes, Andradas, Borges de Medeiros e Riachuelo.Apesar das ameaças, 40 mil professores marcharam em passeata do Julinho até o Piratini, no dia 15 de maio. A organização garantiu o sucesso desta caminhada que foi feita pela av. João Pessoa,dobrou na Salgado Filho, subiu a Borges de Medeiros e Riachuelo,´para chegar à Praça da Matriz.


Um contingente muito forte de brigadianos postou-se frente ao Piratini para garantir a segurança do governador.


As oito horas e 26 minutos que o comando de greve ficou dentro do Piratini foi outro acontecimento marcante.


Tratou-se de uma operãção de auto-agenda. Tudo foi planejado, a comunicação entre as lideranças e a rádio do Sem Piso deu-se através de um walk talk. Os dirigentes alcansavam pela janela do Piratini, boletins informativos para os professores na Praça da Matriz. Pela manhã tudo deu-se sem problemas, foi até mesmo servido um chá ao comando que aguardava audiência na ante-sala do governador, porém, à tarde, criou-se um clima de estado de sítio, os telefones foram deslitados(ainda não havia celular) todo e qualquer tipo de comunicação foi interrrompido e os próprios deputados do PMDB tiveram dificuldades para ingressar no Piratini(principalmente José A. Daudt que tinha aderido ao movimento paredista).


No final da greve, as lideranças do movimento foram chamadas a depor por terem ficado tanto tempo dentro do Piratini.




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