A difícil tarefa de ensinar e aprender
A difícil tarefa de ensinar e aprender
Rosângela Moreira *
O conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes quando integrados, para abordar e resolver uma situação, dão a ideia da competência de um sujeito. No papel de professores, intencionamos que esses sujeitos sejam capazes de conduzir seus destinos, de forma crítica, criativa e com um caráter profundamente solidário. Para isso, é preciso que estejam abertos para aprender em todas as instâncias das mais diversas formas - uma tarefa difícil de ensinar e também difícil de aprender.
A qualificação técnica possibilita ao professor sentir-se à vontade para trafegar pelo conhecimento, com a responsabilidade de quem se prepara constantemente para o ato de aprender.
O que possibilita um cenário mais acolhedor e instigante para o desenvolvimento dos alunos em sala de aula. No exercício diário da docência, a competência professor vai se solidificando quando nos movemos pelo conhecimento sem a obrigação de saber sobre tudo, mas com o poder da pergunta, do questionamento e da necessidade de conviver com diferentes olhares. Nesse sentido, exercer a crítica é fundamental e faz parte do nosso trabalho, pois ela possibilita que o argumento do outro possa mostrar a fragilidade do nosso próprio argumento, quebrando as "certezas" e gerando novas ou outras interpretações.
Uma crítica que objetiva apenas destruir os argumentos alheios para impor o seu não merece ser considerada, porque fere seu principal fundamento: o respeito.
Tenho a ousadia de afirmar que não são os conteúdos que fazem professores e alunos se envolverem, mas são as relações estabelecidas que promovem as condições para o desenvolvimento dos conteúdos.
Partindo da ideia que aprendemos pela emoção, sensações de inferioridade e o medo do fracasso podem gerar dificuldades que impossibilitam um sujeito de aprender. Por outro lado, a insegurança com relação ao estabelecimento de limites devido à falta de clareza do que é autoridade, também corroboram para que o aluno não aprenda. É preciso que os alunos percebam que o exercício da responsabilidade aliado ao conhecimento adquirido reforçam a autonomia e a autoestima, possibilitando o controle da própria conduta.
Buscar um entendimento sobre as relações em sala de aula também é uma forma de tentar superar as intransigências, os egoísmos, a acomodação. A impossibilidade de ser indiferente aos problemas relacionados com o cotidiano escolar pode estar vinculada a um momento histórico de transformações radicais e surpreendentes da realidade social.
Parece-me ingênua a tentativa de acabar com os problemas na educação, o que só os torna mais problemáticos, na tentativa de reduzi-los para dar conta de tudo e todos.
Algo que nos joga para uma postura intransigente, uma situação que sempre devemos estar prontos para escapar. Portanto, professores que ensinam e aprendem percebem que a aprendizagem não termina nunca. É uma tarefa que envolve manter-se firme nas suas convicções, sem as algemas que as verdades absolutas insistem em impor.
* Nascida em Porto Alegre, Rosângela Moreira é Mestra em Ciências e Matemática. Com mais de 20 anos de profissão, hoje leciona aulas no colégio Divino Salvador de Itu. Já publicou artigos como colunista eventual em jornais como o Zero Hora e Jornal do Comércio, de Porto Alegre.