Valorizamos nossos professores?

Valorizamos nossos professores?

Por que não valorizamos nossos professores?

Priscila Cruz

Priscila Cruz

O Ministério da Educação (MEC) anunciou na última semana o reajuste do piso salarial dos professores, como acontece desde que a legislação foi aprovada, em 2008, sendo o primeiro piso definido no início de 2009.

Em 2017, com o reajuste de 7,64%, os professores brasileiros com jornadas de 40 horas semanais devem ganhar, no mínimo, R$ 2.298,80. Não tem conversa: está na lei, todos os governos devem segui-la.

No entanto, como acontece recorrentemente no nosso país, infelizmente isso não vem ocorrendo. O próprio MEC reconhece: em 2016, somente 44,9% das redes municipais afirmam ter pagado o valor mínimo aos seus professores. Entre as unidades da federação, dezoito declararam cumprir a lei.

Um cenário muito preocupante, que mostra como vai ser difícil atingirmos a meta 17 do atual Plano Nacional de Educação (PNE): equiparar até 2020 o rendimento médio dos professores ao de profissionais com a mesma escolaridade. Ainda estamos muito longe disso: os docentes brasileiros ganham pouco mais que a metade do que ganham os demais profissionais.

Como se não bastassem os baixos salários, muitos professores enfrentam situações precárias nas escolas e, muitas vezes, episódios de violência. As notícias sobre esses casos são frequentes.

Quando observamos tudo isso, fica fácil entender por que praticamente nenhum jovem brasileiro quer ser professor. Em dezembro, dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado entre estudantes de 15 anos de 70 países, mostraram que estatisticamente nenhum deles deseja seguir carreira no magistério (leia mais aqui).

A valorização da carreira docente, incluindo mudanças na formação e melhoras nas condições de trabalho, é de responsabilidade do poder público. Todos nós sabemos disso. Mas e nós, pais de alunos? Valorizamos os professores dos nossos filhos? Nós, que também já fomos estudantes e tivemos professores?

Não se trata de dar presentes ou parabéns no Dia dos Professores, mas sim de entender a importância da profissão dessas pessoas para a vida dos nossos filhos – e, consequentemente, para o nosso país. São eles que estão com nossas crianças e nossos jovens por pelo menos metade dos dias da infância e da adolescência deles. São eles os responsáveis por apresentar conceitos, ideias e livros que vão mudar a vida deles.

Aprender a ler e a escrever não muda a nossa vida? É algo que está tão enraizado na nossa rotina, que nem percebemos mais. Mas, anos ou décadas atrás, um professor foi fundamental para que, hoje, você possa ler e entender este texto e até mesmo resolver as coisas simples do dia a dia.

É por isso que o Todos Pela Educação escolheu a melhora da formação e da carreira do professor como a primeira das 5 Bandeiras do movimento e também a sua valorização como a primeira de suas 5 Atitudes. Precisamos mobilizar toda a sociedade brasileira, do presidente da República a cada um de nós, para olhar para os nossos professores com mais atenção.

Valorize os professores dos seus filhos! Valorizando-os, você estará dando um recado para as suas crianças: que a educação e todos aqueles que colaboram com ela são fundamentais na nossa vida.

PRISCILA CRUZ

Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar.

 

https://educacao.uol.com.br/colunas/priscila-cruz/2017/01/18/por-que-nao-valorizamos-nossos-professores.htm 




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