Tema de redação

Tema de redação

Violência contra mulher é tema da redação do Enem

Candidatos ainda terão de enfrentar prova de matemática

Violência contra mulher é tema da redação do Enem  | Foto: Alina Souza

Violência contra mulher é tema da redação do Enem | Foto: Alina Souza

O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", conforme divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no perfil da instituição no Twitter. Neste domingo é o segundo dia de prova do exame e também o mais temido por muitos candidatos, justamente pela elaboração da redação.

Os portões para entrar nos locais de prova fecharam às 13h, no horário de Brasília, e as provas terão duração de cinco horas e 30 minutos. Os candidatos precisarão responder a 45 questões de linguagens e códigos, 45 de matemática e produzir uma redação.

Alguns cuidados devem ser tomados pelo estudante hoje à tarde. As redações com sete linhas ou menos receberão nota zero. Também terão a nota da redação zerada os candidatos que deixarem a folha em branco, fugirem do tema proposto ou fizerem qualquer brincadeira ou deboche. A estrutura deve ser dissertativo-argumentativa, ou seja, os candidatos devem expor argumentos relacionados ao tema da redação, elaborando-os de forma consistente e coerente.

A proposta de redação do Enem sempre vem acompanhada de textos que podem servir de motivação para que os candidatos elaborem seus próprios textos. No entanto, o estudante não deve se restringir às ideias ali apresentadas, copiar trechos ou torná-los parte de sua argumentação. Tais procedimentos podem fazer com que o candidato perca pontos na avaliação de competências.

Como nos anos anteriores, para obter a nota máxima (1.000), o texto deve cumprir bem cinco competências exigidas pelo Ministério da Educação (MEC). O título não é obrigatório. Cada competência tem cinco faixas que vão de 0 a 200 pontos: domínio da norma-padrão da língua escrita, compreensão da proposta da redação e aplicação de conceitos de diversas áreas do conhecimento para desenvolver o tema; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações para defender um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e elaboração de proposta de intervenção ao problema abordado, respeitando os direitos humanos.

O primeiro dia de prova foi considerado "tranquilo" pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante balanço. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 364 candidatos foram eliminados do exame. Destes, 330 portavam equipamentos inadequados na sala de aula e 34 foram identificados com objetos proibidos pelos detectores de metal. A abstenção ficou em 25,31%, número menor comparado a 2014.

http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/570241/Violencia-contra-mulher-e-tema-da-redacao-do-Enem-

Tema de redação gera relatos de candidatas vítimas de violência

por Elton Ponce / Gabriel Rosa / Efrém Ribeiro / Thais Skodowski - O Globo - 25/10/2015 - Rio de Janeiro, RJ


O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) trouxe à tona o relato de candidatas sobre suas próprias situações de violência. No Rio, a estudante Daiana dos Santos, de 26 anos, afirmou que se identificou com o tema da prova.

- Já passei por uma situação de violência e não denunciei, poque tive medo. Acabei saindo de casa e fui procurar abrigo na casa de parentes. Me identifiquei com o tema- contou Daiana acrescentando que os casos estão se tornando mais graves e o número de vítimas tem aumentado.

Angelina Baclan, de 21 anos, conhece bem o drama da violência. Ela conta que sua mãe, fugiu de Londrina, interior do Paraná, para Curitiba carregando os filhos pequenos devido ao comportamento agressivo do pai de Angelina, que era alcoólatra.

- Meu pai veio atrás, ameaçou tirar a guarda dos filhos, foi muito difícil. É um tema super importante, interessante e que conheço muito- disse a candidata.

Angelina usou a experiência para fazer a redação. Por ver a mãe sofrer agressões, ela toma remédios antidepressivos desde os 12 anos e diz temer relacionamentos afetivos

- Escrevi também em como essa violência afeta os filhos. Minha mãe voltou com meu pai. Ele parou de beber. Mas ela é submissa, minha vó também era. Eu quero é acabar com esse ciclo - complementou.

Já no Piauí, outra candidata afirmou que não encontrou dificuldade para escrever a redação, uma vez que precisou apenas recordar a própria história.

- O tema sobre a violência contra a mulher foi fácil, porque a gente precisava apenas contar as próprias experiências e argumentar que a violência persiste. Eu mesma fui vítima de abusos- relatou Ceres Sousa.

No Rio, Brenda Evangelista considerou o tema muito relevante e contou sobre uma ocorrência dentro da própria família:

- Pode ajudar as pessoas a refletir sobre o assunto. Tem muitos casos de violência no país. Inclusive, já houve um caso dentro da minha família - contou Brenda que faz Publicidade numa faculdade privada e tenta ganhar uma bolsa.

Também Rio, Beatriz Ferrão, de 18 anos, comentou sobre a proposta e contou que foi fácil desenvolver a redação, já que participa de um coletivo feminista na escola onde estuda:

- No meu colégio há muitas discussões que debatem o feminismo. Isso me ajudou a fazer a prova. Durante as conversas, pensamos em alternativas para as mulheres saírem de situações de violência.

Assim que os portões da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) se abriram, a primeira a sair do local foi a candidata Amanda Lucena, de 17 anos, que tenta vaga em uma faculdade de Administração. Ela fez questão de ressaltar a importância da discussão sobre a problemática da violência contra a mulher no país.

Me senti representada ao ler o tema da redação. A discussão é atual e muito importante, pois é uma realidade que vivenciamos no dia a dia. Acho que fui bem - disse a jovem, que fez o Enem pela primeira vez. - É um teste complicado, mas estou confiante.

Ministro diz que tema da redação do Enem foi uma excelente escolha

Paula Laboissière - Agência Brasil - 25/10/2015 - Brasília, DF


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, classificou como excelente escolha o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015.

Durante coletiva de imprensa hoje (25), ele ressaltou que a elaboração do tema foi feita por pesquisadores e professores de competência reconhecida. Ao citar a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, entre outras, Mercadante disse ser inquestionável a persistência da violência contra a mulher no país.

“Achei um excelente tema. Defendo integralmente essa pauta. Foi uma excelente escolha”, concluiu.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) transmite ao vivo, a partir das 20h30, o programa Caiu no Enem, com comentários de professores e especialistas sobre as provas aplicadas no fim de semana.

O candidato pode acompanhar o programa pelo Portal EBC e pelas rádios MEC AM Rio de Janeiro, Nacional FM Brasília, Nacional da Amazônia e Nacional do Alto Solimões no sábado e no domingo, às 20h30. Na Rádio Nacional AM Brasília, o programa será transmitido apenas no domingo.

Os estudantes poderão participar e enviar perguntas aos professores usando a hashtag #EnemDia1 (no sábado) e #EnemDia2 (no domingo). Também é possível enviar comentários diretamente nos perfis da EBC nas redes sociais, pelo Facebook ou pelo Twitter.

O Caiu no Enem será veiculado pela TV Brasil, à meia-noite do dia 25 e à meia-noite e meia do dia 26.

Tema de redação do Enem provoca polêmica

Estadão Conteúdo - UOL Educação - 26/10/2015 - São Paulo, SP


No ano em que a menção ao combate à desigualdade entre homens e mulheres foi retirada de vários planos municipais e estaduais de educação, a persistência da violência contra a mulher no País foi o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste domingo, 25. A proposta, para especialistas, sinaliza a importância de tratar o assunto, tanto na educação básica quanto na universidade.

Para escrever o texto, os candidatos contaram com uma coletânea de dados que evidenciava a violência de gênero no País. `Esse tema (violência contra a mulher) precisa ser debatido na escola. Queremos que os jovens melhorem a sociedade e que exista uma superação geracional do machismo. Para isso, eles precisam debater o assunto`, defende Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Em vários planos de educação, como o da cidade de São Paulo, metas sobre o combate à desigualdade de gênero e a discussão sobre sexualidade nas escolas foram excluídas após pressão de grupos conservadores e lideranças religiosas. Já a proposta de currículo nacional para a educação básica, apresentada pelo Ministério da Educação (MEC) e ainda em consulta pública, tem referências ao tema. `O debate sobre igualdade de gênero deve ser uma política de Estado, independente de partidos`, diz Cara.

Anteontem, a prova de Ciências Humanas já havia causado polêmica com uma questão sobre feminismo. A pergunta vinha acompanhada de um texto da filósofa francesa Simone de Beauvoir. Entre os críticos, estavam os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Feliciano afirmou, em uma rede social, que essa era uma tentativa de `impingir a teoria de gênero goela abaixo`, o que foi rebatido por internautas.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu a abordagem do tema na prova. `As pessoas podem divergir, mas na Educação é preciso estar aberto a refletir, discutir.`

Dificuldade

Para candidatos e professores, a proposta de redação foi mais fácil do que nos anos anteriores. A ampla divulgação do assunto na mídia, dizem, facilita. `Apesar de não ter feito texto na escola sobre isso, soube falar, porque na mídia sempre tratam da violência contra a mulher, mostram histórias e protestos feministas`, disse Lucas Soares, de 17 anos, que fez a prova na capital paulista e quer cursar Engenharia.

Luiza Abreu, de 18 anos, `adorou` o tema. `Nós, mulheres, enfrentamos violência quase todos os dias. Não só sabemos falar sobre isso como também defender que esse tema seja mais debatido`, diz ela, também de São Paulo, que quer Direito.

Professora de redação do Objetivo, Maria Aparecida Custódio vê na Redação a tarefa mais fácil neste ano. `O candidato encontrou dificuldade bem menor do que em 2014 (quando se falou de publicidade infantil). Ano passado, ele podia se posicionar a favor ou contra`, diz.

Eduardo Calbucci, do Anglo, também acredita que a dificuldade foi menor do que nos três anos anteriores. `É um assunto mais palpável.` Diferentemente de outros vestibulares, o Enem ainda exige que o candidato apresente soluções para o tema proposto. A negação do cenário de violência, alerta Calbucci, pode mostrar um candidato `descolado da realidade`.

Mesmo assim, houve alguns na direção contrária. `É uma falta de respeito com os homens, porque trata a mulher como vítima, quando o problema, na verdade, é dela própria`, disse Hugues Maraues, de 55 anos, que fez a prova em Porto Alegre.

`Elas só querem saber de homem rico`, completa ele, que já foi enquadrado por violência contra a mulher na Lei Maria da Penha, também citada na prova. Ele diz ter defendido seu ponto de vista no texto.

Outras provas

Segundo professores, a prova de Linguagens teve enunciados longos, o que deixa o teste mais trabalhoso. Houve referências a autores clássicos, como Graciliano Ramos e Olavo Bilac, e a músicos, como Pixinguinha e Toquinho.

Já a parte de Matemática teve nível alto, com exigência de cálculos mais complexos do que nos outros anos e até com temas menos comuns no Enem, como logaritmo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

NOTA OFICIAL – Sobre a Redação do Enem

25/10/2015 

 

Confraternizo com os responsáveis pelo ENEM de 2015 por apresentar como tema da redação que foi aplicada na tarde deste domingo (25/10) o debate sobre a violência.

Intitulado "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" sem dúvida alguma fez com que 7.746.261 mil jovens - dos quais 4.458.265 (57,5%) são do sexo feminino - refletissem sobre esta epidemia da violência contra a mulher , reflexo de uma sociedade patriarcal e machista.

Ter este tema debatido no Enem - a segunda maior prova de acesso ao Ensino Superior do mundo, ficando atrás só de um realizado na China- é um avanço para toda a sociedade quebrar com a banalização da cultura da violência. 

A construção de uma pátria educadora se faz a partir da discussão de questões que mudam mentalidades e com isso, provocam mudanças culturais e rompem paradigmas. A escolha deste tema, o levou para dentro de quase 8 milhões de famílias brasileiras. Isso é algo de fundamental importância.

Não tenho dúvida da enorme contribuição para a sociedade quando no ENEM um exemplo de excelência e qualidade abraça essa causa de tolerância zero com a violência. Com essa atitude de colocar o tema como redação , vimos reforçada a luta de 12 anos da Secretaria de Políticas para as Mulheres para a transversalidade das questões de gênero no governo federal.

 

Eleonora Menicucci – Secretária Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

http://www.spm.gov.br/noticias/nota-oficial-2013-sobre-a-redacao-do-enem/view



 




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