Sucesso relativo

Sucesso relativo

" Entre as 20 escolas de melhor colocação no Enem no Rio, a taxa de reprovação de alunos no ensino médio varia de 26% a 0,2%",

afirma Antônio Gois

Fonte: O Globo (RJ) 1 de agosto de 2015

 

O Inep (instituto de avaliação e pesquisa do MEC) acertou ao incluir este ano, na divulgação do Enem por escola, novos indicadores que ajudam a explicar por que alguns colégios se saem melhores do que outros nos rankings elaborados pela imprensa. O instituto já havia incluído ano passado a informação mais relevante a ser considerada em qualquer comparação entre colégios: o perfil do aluno atendido. É fato consolidado na avaliação educacional que a maior parte do resultado de um colégio é explicada pelo perfil de aluno atendido. Filhos de pais mais ricos e escolarizados têm em relação aos demais uma vantagem acadêmica que nada tem a ver com o esforço da escola. É a partir desta variável que é possível constatar que as poucas públicas entre as de maiores médias são aquelas que atendem jovens com características socioeconômicas muito semelhantes aos da rede privada.

Das novas variáveis incluídas este ano na divulgação dos resultados, uma já foi bastante explorada: o percentual dos que fizeram todo o ensino médio na instituição. Este dado, junto com o do total de estudantes que fizeram o exame em cada escola, escancarou a estratégia de grupos que mantêm um número pequeno de jovens com alto desempenho numa única unidade. São, em geral, redes de colégios com resultados díspares entre seus estabelecimentos, mas que ganham visibilidade ao aparecer entre os primeiros com uma única escola.

Há, porém, outra informação relevante que não mereceu o devido destaque: a taxa de reprovação de alunos em cada série do ensino médio. Um bom resultado acadêmico no 3º ano pode ser obtido também graças a altas taxas de reprovação e abandono nas séries anteriores.

Em sete escolas do grupo das 20 com melhores médias no Rio, os percentuais de reprovação em todo o ensino médio superam a taxa de 10% dos alunos. São eles os colégios Ipiranga de Petrópolis (10,3%), Pensi na Vila da Penha (11,9%), Franco Brasileiro (12,7%), São João Batista de Nova Friburgo (13%), Pensi de Niterói (15,3%), Marília Mattoso em Niterói (15,5%) e o Pensi da Tijuca (26%). Por coincidência ou não, esta escola de maior taxa de reprovação no top 20 fluminense lidera também o ranking de desempenho nas provas. A média de 26% se deve a 35% de reprovados no 1º ano e 25% no 2º. No 3º, quando os alunos prestam o Enem, a taxa cai a zero.

Entre as escolas de menores taxas de reprovação no grupo de 20 melhores há oito com taxas inferiores a 5%: Santo Agostinho Novo Leblon (4%), Santo Inácio (3,8%), Cruzeiro Centro (3,2%), Gaylussac (3,1%), Eliezer (2,8%), Cruzeiro Jacarepaguá (2,8%), Sistema Elite em Madureira (2,6%) e a Escola Sesc de Ensino Médio, com apenas 0,2%. Completam o grupo dos 20 os colégios São Vicente de Paulo (9,5%), Cemp (8,9%), Santo Agostinho Leblon (8,5%), Centro Educacional Espaço Integrado (6,7%) e o São Bento (5,6%).

Para efeito de comparação, a taxa geral de reprovação no ensino médio no Brasil é de 13,1% no total da rede pública e de 5,5% na particular. São percentuais absurdos, mesmo os da rede privada brasileira, quando confrontados com o padrão dos países de alto desempenho educacional.

Para conferir as taxas de reprovação em cada escola (bem como a média de alunos por turma, carga horária diária, percentual de professores com nível superior e distorção idade-série) é preciso baixar planilhas gigantescas no site do Inep. Mas os dados, públicos, estão todos lá.


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