Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout

SÍNDROME DE BURNOUT: CONCEITO E CONTEXTO

O conceito de burnout, desenvolvido por Delvaux (1980), tem o significado de desgaste, tanto físico como mental; exaustão em função de esforço excessivo feito pela pessoa para responder às constantes solicitações de energia, força ou recursos. É uma doença severa que precisa ter tratada logo. " Não sois máquinas; homens, que sois" (C.Chaplin)

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A expressão inglesa burn-out, que significa combustão completa, atualmente denominada de Síndrome de Bournout foi utilizada, primeiramente, em 1974, por Freudenberger que a descreveu como um sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo desgaste de energia e de recursos, observado como sofrimento existente entre os profissionais que trabalhavam diretamente com pacientes dependentes de substâncias químicas. Esses trabalhadores reclamavam não conseguir mais ver seus pacientes como pessoas que necessitavam de cuidados especiais, pois eles não se esforçavam em deixar de usar drogas. De acordo com esses trabalhadores, a exaustão era tal que, muitas vezes, eles desejavam não acordar para não terem que ir trabalhar e a impossibilidade de alcançar os seus objetivos, deixava-os incapazes de modificar o status quo (CODO, 2000).

A Síndrome de Burnout pode ser caracterizada como uma síndrome na qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, tornando as coisas sem importância, desestimulando-os a realizar qualquer esforço por inútil que lhes parece. Trata-se, dessa forma, de um conceito multidimensional que envolve três componentes, que podem aparecer associados, mas que são independentes: a) exaustão emocional; b) despersonalização e c) falta de envolvimento no trabalho (idem, 2000). A falta de envolvimento pessoal no trabalho traduz-se por um sentimento de inadequação pessoal e profissional, havendo tendência de o trabalhador se autoavaliar negativamente, o que lhe acaba afetando a habilidade para a realização do trabalho e o atendimento, o contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização a que presta serviço.

Os sinais e sintomas mais comuns são do nível físico: aumento da sudorese, tensão muscular, taquicardia, hipertensão, aperto da mandíbula e ranger de dentes, hiperatividade, mãos e pés frios, náuseas. Em nível psicológico: ansiedade, tensão, angústia, insônia, alienação, dificuldades interpessoais, dúvidas quanto a si próprio, preocupação excessiva, inabilidade de concentrar-se em outros assuntos que não o relacionado ao estressor, dificuldades de relaxar, tédio, ira, depressão e hipersensibilidade emotiva (LIPP, 2000). A Síndrome de Burnout pode atingir diferentes profissões, em qualquer faixa etária, mas as profissões que exigem um intenso contato interpessoal são as que mais apresentam altos índices de burnout e, entres elas, estão as profissões da área de saúde.

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O conceito de burnout, desenvolvido por Delvaux (1980), tem o significado de desgaste, tanto físico como mental; exaustão em função de esforço excessivo feito pela pessoa para responder às constantes solicitações de energia, força ou recursos, sendo, atualmente, a Síndrome considerada como uma das consequências do estresse profissional (FRANÇA; RODRIGUES, 1996).

Para Delvaux (1980), o burnout emocional pode ser caracterizado da seguinte forma:

► Exaustão emocional - ocorre quando a pessoa passa a perceber que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros. Surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças, principalmente daquelas denominadas de adaptação ou psicossomáticas.

► Despersonalização – o profissional desenvolve atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha tratando-as como objetos.

►Diminuição da realização e produtividade profissional – geralmente conduz a uma avaliação negativa e baixa de si mesmo.

►Depressão - sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta os pensamentos, sentimentos e o comportamento social.

Esta síndrome foi, originalmente, observada em profissões predominantemente relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de RH, telemarketing e bombeiros (idem). Atualmente, entretanto, as observações se estendem a todos profissionais que interagem, ativamente com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem às técnicas e aos métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações. Neste contexto, Ballone (2002) define a Síndrome de Burnout como:

[...] uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho, essa doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.

A relação entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores vem ganhando, nos últimos anos, uma dimensão nova dentro do processo de globalização ou mundialização, que segundo alguns autores, inicia o século XXI ou o terceiro milênio da era Cristã.

Algumas evidências sinalizam mudanças de tal magnitude que a Globalização, gerada pelo capital, deixa de ser uma simples palavra para se tornar um paradigma do conhecimento nos campos da Economia, da Política, da Ciência, da Cultura, da Informação e do Espaço. O crescimento e dominação da economia mundial sob a égide das corporações transnacionais (TNCs) caracterizam o processo de Globalização, onde se destacam: o crescimento em numero, poder e investimento direto das TNCs; a emergência de um mundo econômico tripolar, liderado pelos interesses poderosos e competitivos dos Estados Unidos, União Européia e Japão; a promoção de "free trade" no interior e entre esses blocos, através da agenda de ampliação e de regulamentação impostas pelas TNCs; erosão da soberania e poder dos Estados Nacionais; pressões para redução efetiva dos gastos sociais. Este modo de produzir e distribuir riquezas determina profundas mudanças sobre as condições de vida das populações, particularmente sobre o "mundo do trabalho".

Nessa nova divisão internacional do trabalho a separação entre ricos e pobres não se produz mais entre os países: os pobres estão/estarão em todos os lugares e as classes profissionais capacitadas são/serão as mesmas em todos os lugares e os muitos ricos serão os capitalistas internacionais cuja influencia desconhece fronteiras e limites geográficos.

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As condições dessa nova ordem mundial, desse novo modo de produzir e comercializar aparecem, também, refletidas sobre o trabalho em si, os níveis de emprego, o meio ambiente e os níveis de saúde das populações e dos trabalhadores em particular. Os impactos sobre o "mundo do trabalho" podem ser destacados: a introdução de tecnologias, particularmente da automação e da robótica substituindo o trabalho do homem; o declínio das atividades de manufatura e o crescimento do setor de serviços; a introdução de novos processos de produção e gestão do trabalho, gerando novos riscos para a saúde e o meio ambiente; a proliferação de pequenas unidades de produção, com maior dificuldade para sua organização; aumento da mobilidade das unidades de produção e das empresas, resultando em aumento da competição global pelo emprego; aumento dos níveis de desemprego em várias regiões do globo; - aumento da intensidade e duração do trabalho, levando ao aumento de stress e das doenças dele decorrentes; aumento do trabalho realizado no domicilio, do trabalho em tempo parcial e sazonal, levando a precarização do trabalho; diminuição dos níveis de remuneração e pagamento pelo trabalho realizado.

Observa-se uma verdadeira revolução na natureza do trabalho e na percepção de seu papel pelas gerências, sobretudo no trabalho produtivo na indústria e nos serviços, obrigando a uma revisão radical do papel do trabalho nas estratégias de produção das empresas. A difusão das novas tecnologias de produção associadas às novas técnicas de gestão e à progressiva sofisticação tecnológica dos produtos exigem a recuperação da inteligência da produção, vista até então como um ruído indesejável na organização taylorista do trabalho. As consequências sobre a quantidade e qualidade do emprego e para as práticas de gestão do trabalho são imediatas e radicais. Surge, em decorrência um trabalho reprofissionalizado, que exige maior qualificação da força de trabalho, maior escolaridade dos trabalhadores e alternativas ou estratégias de gestão que levem à cooperação por parte dos trabalhadores.

A possibilidade da libertação das fadigas e penas do trabalho - desejo antigo e persistente na história humana de que se tem registro - ou a extensão de um privilégio, que sempre pertenceu a uma minoria, a um contingente crescente de trabalhadores pelo progresso científico e as conquistas tecnológicas, entretanto, tem se mostrado uma ilusão. Diante da privação dos meios de subsistência, que chega a ameaçar a sobrevivência, decorrente do desemprego, nos países do terceiro mundo, ou das perdas para a identidade pessoal e o sofrimento psicológico, nos trabalhadores desempregados dos países ricos, onde a seguridade social garante as condições mínimas de vida, a conquista de um tempo livre para o desenvolvimento de outras atividades superiores ou mais interessantes ou a liberação de tarefas penosas e arriscadas tornam-se sem efeito.

Na realidade, o que já se pode observar, constituindo uma preocupação crescente de âmbito mundial, é a possibilidade de uma sociedade de trabalhadores sem trabalho, gerando múltiplos problemas decorrentes da alteração da fonte básica da identidade psicológica, de inserção social e socialização definida pelo trabalho remunerado, que viabiliza o acesso a bens e serviços e o exercício de direitos de cidadania, produzindo, entre outras consequências, novas formas de adoecimento, individual e coletivo e profundas repercussões na vida social.



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