Sartorão da massa

Sartorão da massa

Sartorão da massa… cheirosa

Por Antônio Escosteguy Castro

A campanha eleitoral de Sartori para o Governo do Estado foi, sem dúvida, uma das mais bem feitas e bem sucedidas dos últimos tempos. Soube projetar uma imagem de homem simples e realizador que pavimentou seu caminho para a vitória. Um dos grandes cases da campanha foi o Sartorão da Massa, apelido que surgiu de apoiadores e foi bem explorado por sua propaganda.

Passados sete meses de governo, porém, fica claro que a massa para quem governa Sartori não é o povo trabalhador do Rio Grande, mas a massa cheirosa imortalizada pela jornalista Eliana Cantanhêde, ao se referir à elite que apoiava o PSDB nas eleições de 2010.

Deparado com uma crise financeira e econômica para a qual claramente não estava preparado, Sartori parece ter abdicado de buscar novos espaços fiscais, de renegociar a dívida e a Lei Kandir com a União, de incentivar os setores dinâmicos de nossa economia e se limita a cortar gastos, arrochar salários e a preparar a venda de empresas estatais, mesmo lucrativas.

É inexplicável (e inaceitável) a passividade do governo. A crise é real, embora se possa debater indefinidamente sua profundidade. E num ambiente nacional recessivo é obrigação do governo do estado propor e implantar um programa que busque reacender o crescimento econômico e não colaborar com o aprofundamento da recessão.

Não se ganha uma eleição para assistir estaqueado à paralisação do estado. E, com o brutal parcelamento salarial que está sendo anunciado, esta paralisação deixará de ser uma figura de linguagem e deverá evoluir para uma greve geral dos servidores que parará completamente a máquina pública.

A impressão que fica é que o governo quer o caos, para justificar as duas medidas que efetivamente buscaria: o aumento de impostos e a privatização das estatais que restaram do governo Britto. Mas este é um jogo de alto risco. A elevação das alíquotas do ICMS tem pouca possibilidade de aprovação na Assembléia. Parcelas importantes da base governista, como o PP, dificilmente votariam a favor. E a privatização depende da aprovação num plebiscito, em que não se pode apostar todas as fichas na vitória do governo, ainda mais se realizado juntamente com as eleições de 2016, como anunciado.

De toda sorte, tanto as medidas que foram tomadas como aquelas anunciadas como em estudo (em geral pelos veículos do Grupo RBS; o governo normalmente silencia) têm em comum o caráter recessivo e privatista. Sartori fez sua opção pela massa cheirosa.

 

http://www.sul21.com.br/jornal/sartorao-da-massa-cheirosa/




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