Revolução Constitucionalista

Revolução Constitucionalista

9 DE JULHO: REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

O dia 9 de julho é uma data muito importante para São Paulo. Data esta que marca o começo da Revolução Constitucionalista de 1932, em síntese; uma revolta que o Estado de São Paulo organizou contra o governo de Getúlio Vargas (1930-1945).

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As idas e vindas do desenvolvimento do Brasil tem muito a ver com a política e os políticos que o país teve ao longo do tempo. E talvez um dos períodos mais marcantes da história do país pode ser marcado pela era do presidente Getúlio Vargas.

A chegada do gaúcho, Getúlio Vargas à presidência da República do Brasil, pôs fim a chamada política do café com leite, que era a alternância na presidência entre paulistas e mineiros, representadas pelo Partido Republicano Paulista - PRP, que perderam não só o poder político, mas também viram o estado mais rico da federação ser submetido a uma situação de submissão ao poder central.

Uma das primeiras medidas de Vargas, ao assumir, foi dissolver o congresso e os poderes estaduais. Enquanto outros estados ganharam interventores nascidos neles, São Paulo teve que se contentar com militares de outros locais, já que o Partido Democrata, que era a favor da revolução de 30, não conseguiu indicar ninguém para o cargo. Além disso, viram o major Miguel Costa, expulso da Polícia Militar por tentar derrubar o governo em 1924, assumir o comando da corporação.

Se o Partido Republicano Paulista (PRP) congregava as forças conservadoras do estado, por outro lado, o Partido Democrático de São Paulo desde o início se envolveu com a campanha da Aliança Liberal e com as articulações da Revolução de 1930. É sabido que o estado de São Paulo foi a principal base política da chamada República Velha e do sistema oligárquico por ela instaurado, ou seja, representava exatamente aquilo que o movimento de 1930 pretendia mudar.

Em fevereiro de 1932 a situação se agravou. O PD rompeu com Vargas e seu governo, ao mesmo tempo que se aproximaou dos antigos adversários do PRP, formando a Frente Única Paulista (FUP), que se tornou a porta-voz das reivindicações de reconstitucionalização e de autonomia administrativa para o estado de São Paulo. Mais do que isso, a FUP passou a articular, junto aos meios militares e a algumas das principais entidades de classe do patronato paulista, a preparação de um movimento armado contra o Governo Provisório.

Vargas, por seu lado, procurando contornar a situação, optou pela nomeação de Pedro de Toledo para a interventoria paulista, quase ao mesmo tempo em que apresentava o novo Código Eleitoral (ambas as medidas de fevereiro de 1932) e marcava eleições para 1933 (em maio). Esse recuo, no entanto, não conseguiu estancar a exaltação da FUP e dos paulistas em geral, apesar de o PD, a essa altura, já controlar o secretariado do novo interventor. A morte de estudantes em um confronto com forças legais acabou introduzindo no cenário político o ingrediente que faltava: mártires. Suas iniciais – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – passaram a designar a sociedade secreta MMDC, interessada em articular a derrubada de Vargas.

A 9 de julho de 1932 eclodiu na capital paulista a Revolução Constitucionalista, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, o mesmo do levante de 1924. Contando com a participação de vários remanescentes do movimento de 1930, como os militares Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo, a revolução contou com amplo apoio dos mais diversos segmentos das camadas médias paulistas.

Nos poucos meses de conflito, São Paulo viveu um verdadeiro esforço de guerra. Não apenas as indústrias se mobilizaram para atender às necessidades de armamentos, mas também a população se uniu na chamada Campanha do Ouro para o Bem de São Paulo. Pela primeira vez buscavam-se iniciativas não apenas militares para romper o isolamento a que o estado fora submetido. Faltou, no entanto, a esperada adesão das forças mineiras e gaúchas. Os governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, embora apoiassem a luta pela constitucionalização, decidiram manter-se leais ao Governo Provisório.

Isolado, o movimento fracassou. Em 1º de outubro de 1932 foi assinada a rendição que pôs fim à Revolução Constitucionalista. Enquanto os principais líderes tiveram seus direitos políticos cassados e foram deportados para Portugal, o general Valdomiro Lima – gaúcho e tio de Darcy Vargas, mulher de Getúlio – era nomeado interventor militar em São Paulo, cargo em que permaneceria até 1933.

Por isso, o dia 9 de julho é uma data muito importante para São Paulo. Data esta que marca o começo da Revolução Constitucionalista de 1932, em síntese; uma revolta que o Estado de São Paulo organizou contra o governo Getúlio Vargas (1930-1945).


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