Momento de corrupção, delação, demissão. Nesse clima, os jovens são apresentados a uma sociedade perdida, sem ética. Os pais precisam de orientação, falta tempo junto aos filhos, tudo é comprado em troca da felicidade momentânea. O passeio na praça, a reunião na cozinha experimentando receitas, tudo trocado pelas compras no shopping. Crianças e adolescentes aproveitam-se dessa fraqueza dos adultos, não por mau-caratismo, mas desde cedo entendem que tudo podem.

" Algumas famílias não se dão conta de que estão perdidas, contribuindo para uma sociedade pior do que estamos enfrentando" 

Assim, também, acontece na educação escolar. A nota baixa, a culpa é do professor, quando há cansaço, a culpa é da quantidade de tarefas. Há trinta anos em sala de aula, com ensino fundamental e médio, já vivenciei muitas novidades e métodos na educação. Nada se compara a atual triste realidade. Professores reféns do Whatsapp. Se os estudantes não copiam as atividades, não há problema, será colocado no grupo; não entenderam o trabalho, o grupo explica. O professor chamou a atenção – pronto! O tumulto está feito. Na manhã seguinte, descontextualizado, o assunto chega às coordenações e direções. O caos está instaurado.

Professores pedem demissão, não aguentam o excesso de exigências e trabalhos em casa, são demitidos porque prezam por educação e postura. Algumas famílias não se dão conta de que estão perdidas, contribuindo para uma sociedade pior do que estamos enfrentando. Na faculdade, a queixa é que os estudantes chegam mal preparados e imaturos. Não é culpa do professor de ensino básico, mas de famílias que não ensinam seus filhos a trabalharem com a frustração.

Na escola pública, o descaso do governo; na escola particular, o valor da mensalidade define o "status social" da família. Não raro escutamos de pais e de estudantes "sou que pago teu salário". Em ano de eleição, não me parece que temos uma sociedade preparada para votar e definir os rumos do país. Pelo visto, basta um grupo do Whatsapp para resolver tudo rapidamente, definindo os rumos do trabalho, exigindo demissões.

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