Reeleição de Sartori

Reeleição de Sartori

Reeleição de Sartori é o delírio do PMDB

Sergio Araujo

De todas as más notícias geradas pelo governo Sartori nos últimos 27 meses, certamente a mais impactante e ameaçadora para o Rio Grande e para os gaúchos foi o anúncio realizado na recente convenção estadual do PMDB, de que o partido defende a reeleição do atual governador. Tal postura, que se contrapõe as declarações públicas de Sartori de que não iria concorrer à reeleição, demonstra que para o PMDB ele nada mais é do que um subserviente, uma espécie de testa de aríete para as históricas pretensões privatistas da sigla.

Quem não lembra das dificuldades do PMDB para encontrar nomes para disputar a eleição majoritária de 2014? Tanto para governador como para o senado. Sartori surgiu como candidato tampão, forjado na undécima hora, e reconhecidamente com pouquíssima chance de vitória. Inclusive por ele, que fez um primeiro turno digno de uma série C de um campeonato político. Quis as circunstâncias eleitorais, especialmente o dedo do marketing, que ele se tornasse uma terceira via na disputa entre os dois mais fortes concorrentes, Tarso e Ana Amélia. E deu no que deu. Elegeu-se sem sequer ter apresentado seu plano de governo e sem ter assumido qualquer compromisso.

Sem saber o que fazer e nem para onde ir, o governo peemedebista escolheu o caminho e a desculpa de sempre. O caminho? A privatização. A desculpa? O tamanho da máquina pública. A vítima? O servidor público. Para quem não tinha um projeto de governo a saída foi copiar o modelo brittista de governar. E o que estamos vendo? Não deu certo antes e não está dando certo agora. E a cúpula do PMDB gaúcho tem a coragem de propor a reedição do que está dando errado. A única leitura possível para isso é a de que realmente o fracasso subiu à cabeça dos peemedebistas.

E os índices crescentes de descontentamento popular mostrado pelas pesquisas? E o PIB do RS que só decresceu nos últimos dois anos? E a insegurança pública que só aumenta, a ponto de colocar Porto Alegre dentre as 50 cidades mais violentas do mundo? E o parcelamento e o congelamento dos salários dos servidores do Executivo? E o desmonte dos órgãos públicos de pesquisa? E as escolas sucateadas? E as instituições hospitalares que ou estão fechando as portas ou reduzindo leitos por conta do atraso nos repasses do Tesouro estadual? Nada disso conta? O que conta é o desejo do PMDB de concluir sua saga destruidora do serviço público? Como se o cidadão fosse apenas um eleitor, um voto, e nada mais.

Governar é eleger prioridades. Qual ou quais são as prioridades de Sartori? Equilibrar as finanças do Estado? Ora, isso é obrigação. E não adianta reclamar do passado ou pôr a culpa no antecessor. O déficit do erário é resultado de quatro décadas de políticas públicas inadequadas e não de quatro anos. Quer ter o direito à reeleição? Faça mais do que os outros. Aos gaúchos não interessa quem são os culpados pela crise e sim o que precisa ser feito para solucioná-la. Objetivamente, e não com subterfúgios, como a permanente campanha do quanto pior melhor, que visa tão somente a implantação do Estado mínimo.

Mas o mais incompreensível não é a insistência do PMDB com Sartori, que começa a dar sinais de que aceitará a “missão” partidária em 2018, e sim a passividade dos partidos aliados que já demonstraram interesse em ter candidatura própria. O PSDB, o PP e o PSB, por exemplo. Que frutos esperam colher dessa árvore estéril? Ou será que pensam que não estão sendo observados pelo eleitor? Ao comprar a tese do discurso anti-PT e da privatização como solução de todos os males, trocaram a lealdade com responsabilidade pela submissão adesista. E perderam a identidade própria. Serão julgados pelas urnas.

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Sergio Araujo é jornalista e publicitário.




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