Programas de educação integral
Plataforma orienta programas de educação integral
Educação Integral Na Prática compartilha experiências e oferece informações de referência para gestores e equipes técnicas
10/06/15
O que é preciso para estruturar um programa de educação integral? Com intuito de apoiar gestores e equipes técnicas na construção de políticas educacionais, o Centro de Referências em Educação Integral desenvolveu a plataforma Educação Integral Na Prática. Lançado nesta quarta-feira (10), durante o Seminário Internacional de Educação Integral: Práticas para uma Cidade Educadora, no Rio de Janeiro, o site apresenta estratégias e divulga boas práticas realizadas pela gestão pública no país e no mundo.
A plataforma traz conteúdos organizados em torno de dez eixos temáticos que compõem uma política de educação integral. Entre eles: comunicação e alianças, educação no território, infra e recursos, gestão intersetorial, gestão da escola, currículo transversal, rede de educadores, formação continuada, avaliação e monitoramento e financiamento.
Sem a pretensão de apresentar fórmulas prontas, são reunidos instrumentos de gestão, marcos legais, referências bibliográficas e exemplos de caminhos que foram percorridos por outros gestores e escolas durante a implementação de um programa de educação integral. A intenção é que cada município ou estado possa se orientar por esses exemplos, mas também leve em conta suas próprias necessidades na elaboração de uma estratégia mais adequada para a sua realidade.
“É muito importante entender que não existe uma única forma de fazer, ou um jeito correto de construir uma política de educação integral. Existem alguns princípios que são importantes, como a primazia do desenvolvimento integral, o sujeito no centro do processo e o foco no território, mas a maneira como isso vai acontecer depende de cada contexto. Nós procuramos fugir da ideia de solução única”, afirma Natacha Costa, diretora executiva da Associação Cidade Escola Aprendiz.
De acordo com Natacha, ao construir políticas de educação integral, um dos desafios que os gestores enfrentam é o de se apropriar da discussão. “Existe uma mudança bastante profunda e paradigmática na forma como entendemos a educação na educação integral.” Ao pensar na implementação de um programa, ela destaca dois elementos que são norteadores para esse processo: o currículo e o sistema de avaliação. “É preciso entender a formação que vamos oferecer e como faremos para acompanhar essas aprendizagens”, defende.
‘Não existe uma única forma de fazer, ou um jeito correto de construir uma política de educação integral. Existem alguns princípios que são importantes’
Ao acessarem currículo transversal, por exemplo, são apresentados aos gestores instrumentos e sugestões de como estruturar uma proposta de orientações curriculares. Em avaliação e monitoramento, também é possível contar com materiais de referência voltados para a criação de um plano de avaliação, metodologias, instrumentos de coleta de dados e estratégias de monitoramento.
Assim como nas outras dimensões apresentadas no site, dentro de cada eixo são encontrados exemplos de práticas que foram testadas em outras escolas. “O que a plataforma tenta mostrar é como outras experiências deram conta dos desafios”, explica.
Ao pensar em educação integral, conforme apontou Natacha, outro ponto fundamental é entender que ela não é uma política de gabinete. É importante construir um programa que garante a autonomia da escola e envolve os professores, os pais, os estudantes e a comunidade, como apresenta o eixo comunicação e alianças. “Reconhecer esses agentes como protagonistas e coautores de uma política de educação integral é fundamental.”
A intenção é que a plataforma Na Prática se torne uma ferramenta colaborativa, sendo alimentada de forma contínua com novos modelos e referências. “Esperamos que ela seja mais uma estratégia de fortalecimento de uma demanda pública da sociedade por uma educação integral”, diz Natacha.
http://porvir.org/porfazer/plataforma-orienta-programas-de-educacao-integral/20150610
10 pressupostos da educação integral
Entenda o que é e o que é preciso para desenvolver o conceito, que impacta milhares de famílias e suas comunidades
29/08/13
O nome “educação integral” induz a uma armadilha fácil: considerar que, se o aluno fica o dia inteiro na escola, ele tem acesso a uma educação integral. Nada disso. A educação integral, que deve chegar a 60 mil das 160 mil escolas públicas brasileiras até o ano que vem, tem um conceito muito mais amplo, em que tem o cerne no desenvolvimento integral do aluno. O tempo de permanência na escola – ou melhor, em circunstâncias de aprendizagem – é apenas um dos três pilares que o sustentam.
O primeiro deles é o desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões. Ou seja, para se ter um ambiente de educação integral, o aluno deve ser formado não só do ponto de vista intelectual, mas também no afetivo, no social, no físico. Para que isso ocorra e já chegando ao segundo pilar, é preciso que haja uma integração de tempos e espaços, com a inclusão de diversos atores no processo educativo. Assim, a educação não deve ficar limitada ao espaço escolar nem se apoiar exclusivamente no professor. A educação integral é, portanto, aquela em que os cidadãos se envolvem e compartilham saberes, dentro ou fora da escola. Já o terceiro pilar é o do desenvolvimento das atividades em tempo integral.
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Para ajudar educadores, pais e qualquer cidadão a entender o que é educação integral e o que é preciso para desenvolvê-la, o Porvir fez um compilado dos 10 pressupostos que envolvem o conceito. Confira!
1. Odireito a uma educação de qualidade é a peça chave para a ampliação e a garantia dos demais direitos humanos e sociais.
2. O objetivo final da educação integral é a promoção do desenvolvimento integral dos alunos, por meio dos aspectos intelectual, afetivo, social e físico.
3. A educação não se esgota no espaço físico da escola nem no tempo de 4 h, 7 h ou mais em que o aluno fica na escola.
4. A educação deve promover articulações e convivências entre educadores, comunidade e famílias, programase serviços públicos, entre governos e ONGs, dentro e fora da escola.
5. A escola faz parte de uma rede que possibilita a compreensão da sociedade, a construção de juízos de valor e do desenvolvimento integral do ser humano.
6. Organizações e instituições da cidade precisam fortalecer a compreensão de que também são espaços educadores epodem agir como agentes educativos. Já a escola precisa fortalecer a compreensão de que não é o único espaço educador da cidade.
7. O projeto político-pedagógico deve ser elaborado por toda a comunidade escolar refletindo a importância e a complementariedade dos saberes acadêmicos e comunitários.
8. Ficar mais tempo na escola não é necessariamente sinônimo de educação integral; passar mais tempo em aprendizagens significativas, sim.
9. A escola funciona como um catalisador entre os espaços educativos e seu entorno e serve como local onde os demais espaços podem ser ressignificados e os demais projetos, articulados.
10. Além de demandar a articulação de agentes, tempos e espaços, a educação integral se apoia na articulação de políticas (cultura, esporte, assistência social, meio ambiente, saúde e outras) e programas.
Fonte: Caminhos para Elaborar uma Proposta de Educação Integral em Jornada Ampliada, Secretaria de Educação Básica do MEC, Bairro-Escola Rio Vermelho, Associação Cidade Escola Aprendiz
Esta reportagem faz parte de uma série especial sobre educação integral, acompanhando o lançamento do Centro de Referências em Educação Integral, uma iniciativa apoiada pelo Porvir e pelo Inspirare. A plataforma do centro já está disponível a partir de 29 de agosto, no www.educacao
http://porvir.org/porpensar/10-pressupostos-da-educacao-integral/20130829