Pluralidade de línguas estrangeiras

Pluralidade de línguas estrangeiras

Deputados vão elaborar documento recomendando pluralidade de línguas estrangeiras na BNCC 

Vicente Romano - MTE 4932 | Agência de Notícias - 11:06-05/09/2017 - Edição: Marinella Peruzzo - MTE 8764 - Foto: Guerreiro
Gisela Spinder citou o caso de Ivoti, que adotou a língua alemã no currículo escolar

A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa (CECDCT) vai elaborar um documento, a ser enviado ao Conselho Nacional de Educação (CNE), recomendando a pluralidade na área de línguas estrangeiras da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A recomendação, segundo o presidente da Comissão, deputado Gilberto Capoani (PMDB), deve passar pelo exame e aprovação dos integrantes da Comissão.

A decisão foi tomada após o colegiado ouvir, durante o período de Assuntos Gerais da reunião ordinária, representantes dos professores de língua alemã do Rio Grande do Sul, preocupados com o exclusivismo da língua inglesa no BNCC. A reunião, presidida pelo deputado Gilberto Capoani (PMDB), aconteceu na manhã desta terça-feira (5) na sala professor Salzano Vieira da Cunha, 3º andar do Palácio Farroupilha.

O coordenador pedagógico do Instituto Goethe, de Porto Alegre, Adrian Kissmann, apresentou o problema da adoção de uma única língua estrangeira na BNCC que vem sendo discutida no país. Ele afirmou que atualmente 135 mil alunos estudam alemão no  Brasil, aumentando a frequência nos últimos anos em cerca de 42%.  

Professores
Para a presidente da Associação Riograndense de Professores de Alemão (Arpa), Gisela Hass Spinder, a adoção do inglês como a única língua estrangeira na BNCC é uma contradição aos princípios da diversidade pretendida no documento elaborado pelo Ministério de Educação (MEC). Ela afirmou que esta decisão coloca em risco uma série de parcerias e investimentos em determinados municípios. Gisela contou que o município de Ivoti, no RS, introduziu a língua alemã nos currículos escolares desde a educação infantil até o final do ensino médio. “A adoção do alemão permitiu que alunos da rede municipal tivessem condições de estudar fora do país”, registrou. A presidente da Arpa lembrou que em algumas regiões do RS a Base impedirá o estudo de uma língua falada pelos pais dos alunos. “Qual a justificativa para uma única língua estrangeira no currículo escolar”, questionou. Gisela pediu que a CECDCT enviasse ao CNE um documento pedindo a manutenção do plurilinguismo.

Já o professor Darli Breunig, diretor do Instituto de Formação de Língua Alemã (IFPLA), reforçou o pedido feito a CECDCT. Ele registrou que no país há pelo menos 800 professores de língua alemã. “A metade disso formada na escola de Ivoti”, frisou. Darli assegurou que a Alemanha tem “aberto portas” para estudantes brasileiros em diversas instituições de ensino superior e de pós-graduação. O diretor do IFPLA não vê problemas na adoção no currículo escolar de uma língua estrangeira alternativa.

BNCC
A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.

A Base estabelece conteúdos e competências essenciais, isto é, o que todo estudante deve saber e ser capaz de fazer na Educação Básica. Uma vez aprovada pelo CNE e homologada pelo ministro, será referência obrigatória na elaboração dos currículos de escolas públicas e particulares, em todo o Brasil.

História
A deputada Miriam Marroni (PT) disse que a decisão de adotar apenas uma língua estrangeira na BNCC é desrespeitar a história e a cultura dos povos que formam o Brasil. "É um efeito limitador em contradição ao processo educacional", definiu

Participação
Participaram da reunião os deputados Gilberto Capoani (PMDB), presidente, Mirian Marroni (PT), Zilá Breitenbach (PSDB), Adão Villaverde (PT), Catarina Paladini (PSB), Gerson Burmann (PDT) e Luiz Fernando Mainardi (PT).

 

http://www2.al.rs.gov.br/noticias/ExibeNoticia/tabid/5374/Default.aspx?IdMateria=311162 




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