Para entender o Brasil hoje

Para entender o Brasil hoje

15 livros para entender o Brasil hoje

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“Se as palavras servem para confundir as coisas, é porque a batalha a respeito das palavras é indissociável da batalha a respeito das coisas.” Jacques Rancière em O ódio à democracia

A Boitempo preparou uma lista de leituras urgentes para pensar criticamente sobre a atual conjuntura brasileira. São 15 livros de autores nacionais e internacionais, contemporâneos e clássicos, que refletem sobre democracia, ditadura, estado de exceção, crise de legitimidade, movimentos sociais, história política e econômica do Brasil, de diversas perspectivas no espectro do pensamento de esquerda: da filosofia ao direito, passando pela sociologia, pela ciência política, psicanálise, história e até literatura infantil! Vale a pena conferir.

  1. De que lado você está, de Guilherme Boulos, é um livro de intervenção com reflexões de fôlego sobre a conjuntura nacional recente que mostra a zona cinza em que a disputa polarizada se encontra.

  2. O mistério do mal, de Giorgio Agamben, insiste que a única forma de compreender as raízes da profunda crise de legitimidade pela qual passamos hoje é através de uma rigorosa arqueologia das raízes nossa modernidade. Para Agamben, a decadência das nossas instituições democráticas atesta o fracasso da tentativa da modernidade de fazer coincidir legalidade e legitimidade.

  3. O ódio à democracia, de Jacques Rancière, conduz o leitor por um passeio pela história da crítica à democracia para repensar o poder subversivo do ideal democrático e o que se entende por política, para revelar o que há de novo e revelador no sentimento antidemocrático, uma manifestação tão antiga quanto a própria noção de democracia.

  4. Estado de exceção, de Giorgio Agamben, faz uma rigorosa arquelogia do conceito de “estado de exceção” para revelar como ele tende sempre mais a se apresentar como o paradigma de governo dominante na política contemporânea

  5. O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a Era da Emergência, de Paulo Arantes, oferece um olhar afiado sobre o que há de novo nas explosões sociais do presente, e foi uma das primeiras análises de fôlego do Brasil contemporâneo que detectou, no rescaldo das manifestações de junho de 2013, o desmonte do consenso petista e o surgimento de uma nova direita xenofóbica.

  6. O que resta da ditadura: a exceção brasileira, organizado por Vladimir Safatle e Edson Teles, esquadrinha o legado deixado pelo regime militar na estrutura jurídica, nas práticas políticas, na literatura, na violência institucionalizada e em outras esferas da vida social brasileira.

  7. Ditadura: o que resta da transição, organizado por Milton Pinheiro, é uma obra de inflexível veio crítico que se distingue da bibliografia existente sobre o assunto por enfatizar, sob perspectivas diversas, a centralidade do caráter de classe da ditadura militar para compreender suas origens, bem como seu legado

  8. Estado e burguesia no Brasil: origens da autocracia burguesa, de Antonio Carlos Mazzeo, é um estudo clássico e didático sobre a formação econômico-social brasileira, desde a colonização, passando pelo Estado Novo e o Golpe de 1964, até a contemporaneidade, acentuando a peculiaridade funcional da nossa burguesia e sua relação com o Estado.

  9. A legalização da classe operária, de Bernard Edelman, dá profundidade filosófica e política ao problema da representação política através de uma análise extemporânea do papel ideológico do direito moderno na captura do ímpeto revolucionário da classe trabalhadora. 

  10. Revista Margem Esquerda #23. Como a crise política parece quase indissociável à crise econômica, é fundamental conferir o dossiê “Brasil, que desenvolvimento?” desta edição da revista semestral da Boitempo, que analisa os rumos e impasses do país entre o novo e o social desenvolvimentismo com reflexões de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Luiz Filgueiras, Marcio Pochmann, Rodrigo Castelo.

  11. A democracia pode ser assim, ilustrado por Marta Pina e A ditadura é assim, ilustrado por Mikel Casal, são dois dos títulos da coleção Livros para o amanhã, que apresenta questões de cidadania e interesse social para crianças e acaba de ganhar o prêmio de melhor não-ficção infantil na maior evento de livros infatis do mundo, a Feira de Bolonha.

  12. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx, análise incontornável para o pensamento político de esquerda do processo que levou da Revolução de 1848 ao golpe de Estado de 1851 na França. A edição da Boitempo vem acrescida de um prólogo de Herbert Marcuse inédito em português, em que o frankfurtiano extrai as lições do texto clássico para os dias de hoje.

  13. De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política, último último livro de Carlos Nelson Coutinho, que desafia a ideia de democracia como um simples jogo competitivo pelo poder político e faz um giro erudito pelo pensamento de Rousseau, Hegel, Marx e Gramsci para apontar as potencialidades transformadoras e os dilemas da democracia hoje.

  14. Mal-estar, sofrimento e sintoma: a psicopatologia do Brasil entre muros, de Christian Dunker, cunha o conceito de “lógica do condomínio” para levar a cabo uma das mais originais abordagens do mal-estar que permeia a sociedade brasileira hoje. Mas os sonhos de condomínio fechado produzem monstros. Despolitizar o sofrimento, medicalizar o mal-estar e condominializar o sintoma: esse tem sido o caminho escolhido na história brasileira, e é contra ele que se move este livro.

  15. Democracia contra o capitalismo, de Ellen Wood, recupera a radicalidade do conceito grego de democracia, contra o sistema capitalista e sua correlata concepção reduzida de democracia formal.

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A Boitempo lança em 2016 dois títulos fundamentais para pensar o tempo presente — ambos da coleção Estado de Sítio, coordenada por Paulo Arantes.

Em abril, com a presença dos autores Pierre Dardot e Christian Laval, A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal, um dos mais inventivos e incisivas interpretações sobre a contemporaneidade. Ao enfocar o neoliberalismo como sendo uma própria racionalidade sub-reptícia permite enfocar, para além do processo mais visível de privatizações, a corrosão interna da própria dimensão pública e democrática dos Estados nacionais, da direita à esquerda no espectro político institucional. Essencialmente ademocrática, a nova razão do mundo torna obsoleto todo o vocabulário tradicional da ciência política (os autores cunham o termo “neoliberalismo de esquerda” para descrever a forma política que sucedeu à social-democracia, por exemplo). 

No segundo semestre, sai Desigual e combinado: capitalismo e Modernização Periférica no Brasil do Século XXI, coletânea organizada por André Singer e Isabel Loureiro que apresenta os resultados do novo ciclo de pesquisas do Cenedic (centro de pesquisa sediado na USP e fundado, entre outros, por Chico de Oliveira em 1995). Com reflexões de Ruy Braga, Maria Elisa Cevasco,Wolfgang Leo Maar, Cibele Rizek, Ana Amélia da Silva entre outros, a obra busca dar conta dos processos de mudança que vêm ocorrendo no Brasil a partir da crise de 2008, a partir de três eixos principais: Coalizões de classe e sindicalismo hoje, Resistência, pobreza e política e Gestão cultural da pobreza, representações de classe e crítica cultural.

Confira outros títulos que a Boitempo prepara para 2016 clicando aqui.

 

http://blogdaboitempo.com.br/2016/03/24/15-livros-para-entender-o-brasil-hoje/ 

 




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