País cai em economia
País cai da 7ª para 9ª maior economia global
STEPHEN JAFFE/AFP/JC
Com a recessão e a valorização do dólar, o Brasil vai terminar o ano como a nona maior economia mundial, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). O País, que tinha o sétimo maior PIB global no ano passado, não apenas será ultrapassado pela Índia, como o próprio Fundo previa em suas projeções de abril, como também ficará atrás da Itália.
A última vez que o Brasil não ficou entre as oito maiores economias mundiais foi em 2007. Naquele ano, o País tinha o décimo PIB global, mas a crise americana veio logo a seguir, arrastando a economia europeia e derrubando os PIBs de Espanha e Itália, que antes estavam à frente do brasileiro.
Pelos cálculos do FMI, o PIB brasileiro será de US$ 1,8 trilhão neste ano, o menor, em valores correntes, desde 2009. No ano passado, ele ficou em US$ 2,3 trilhões. O declínio do Brasil no ranking das maiores economias globais deve-se em parte à recessão atual. O Fundo prevê que a economia brasileira vai encolher 3% neste ano, dois pontos percentuais mais que na sua estimativa de abril (quando divulgou relatório global semestral) e 1,5 ponto percentual mais que na projeção mais recente, de julho.
Outra parte importante deve-se ao dólar, que subiu mais de 50% em relação ao real neste ano, chegando a ultrapassar recentemente a casa dos R$ 4,00 em meio a tensões externas (expectativa de aumento dos juros nos EUA) e principalmente internas (dificuldades do governo nas suas relações com o Congresso e dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal). Como os cálculos do FMI para comparação global são feitos em dólar, variações bruscas na cotação da moeda americana têm impacto na medição do PIB de cada país.
Maurice Obstfeld, economista-chefe do FMI, afirmou, na manhã desta terça-feira, em Lima, que o Brasil e a Venezuela fazem com que a América Latina tenha recessão em 2015. O Fundo informou que espera uma recessão de 3% no Brasil neste ano e de 10% na Venezuela, o que deverá contribuir para que a economia de toda a região se retraia em 0,3% neste ano. Em entrevista, ele disse que a queda do preço das commodities (produtos básicos com cotação global, como soja, petróleo e minério de ferro) afeta todos os países, mas alguns conseguiram enfrentar melhor os problemas, principalmente os que conseguiram fazer um bom colchão fiscal, como Peru, Chile e Colômbia. "Se nos fixarmos no Brasil e na Venezuela vemos dois países com contração forte neste ano e com recessão no ano que vem e isso reduz o crescimento médio do continente."
O economista-chefe do FMI afirmou que a depreciação das moedas dos países que exportam commodities é algo natural quando cai o valor dos produtos e que isso é um fato positivo, pois mantém uma renda em moeda local, que compensa a redução do valor das matérias-primas.
Afirmou que isso só gera riscos para países com forte endividamento externo, mas ponderou que isso não tem sido um problema muito grande. Falando de maneira geral sobre os emergentes, disse que, além da queda do preço das commodities, muitas nações convivem com instabilidade política e perda de credibilidade fiscal.
Relatório do Banco Mundial estima que recessão será de 2,56% em 2015 e de 0,61% em 2016
A economia brasileira deverá ter recessão de 2,56% em 2015 e de 0,61% em 2016, estima o Banco Mundial, em relatório publicado, nesta terça-feira, com projeções para a América Latina. Com essas previsões, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil terá o segundo pior desempenho da região, atrás apenas da Venezuela, que deverá registrar retração de 7,37% e 3,75%.
Para a América Latina e a região do Caribe, o Banco Mundial espera um crescimento zero neste ano e uma expansão de 1,0% no ano que vem. A instituição diz, no entanto, que há uma "elevada incerteza em torno dessas projeções" para a economia latino-americana.
"Este seria o quinto ano seguido em que a região vem apresentando índices abaixo das expectativas iniciais, o que significa que novos fatores, principalmente internos, estão prolongando os efeitos das condições externas em processo de deterioração, em especial a acentuada desaceleração na China e a queda nos preços das commodities", afirma o banco.
Em 2015, a América Latina caminha para seu quinto ano consecutivo de desaceleração econômica, o que tem impacto negativo no mercado de trabalho, diz Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. "Mais recentemente, estamos observando uma deterioração na qualidade do emprego, na medida em que os trabalhadores assalariados se tornam autônomos e a mão de obra se transfere das grandes empresas para outras menores", disse.
Contudo, ressalta o economista, o que mais se destaca é o fato de que os trabalhadores também estão deixando o mercado de trabalho, uma propensão que é especialmente marcante entre os jovens com baixo nível de escolaridade. "À medida que eles voltam para casa ou para a escola, sem um salário, a renda das famílias mais pobres poderá ser mais afetada", afirmou.
Segundo o relatório, os melhores desempenhos da América Latina serão vistos no Panamá ( 5,90% em 2015 e 6,00% em 2016) e na República Dominicana ( 5,00% em 2015 e 4,60% em 2016). Na América do Sul, os destaques ficam por conta da Bolívia ( 4,00% em 2015 e 4,10% em 2016), do Paraguai ( 3,90% em 2015 e 4,00% em 2016) e da Colômbia ( 2,85% em 2015 e 2,93% em 2016).
Além de Brasil e Venezuela, o Equador também deve ter recessão neste ano e no próximo, com retrações de 0,80% e 1,90%, respectivamente. A Argentina terá crescimento de 0,67% em 2015 e expansão de 0,90% em 2016. Com a recuperação dos Estados Unidos, o México deve crescer 2,35% neste ano e 2,96% no próximo.
Unctad projeta que o Brasil terá o segundo pior desempenho entre as grandes economias
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) prevê que o Brasil amargará o segundo pior desempenho entre todas as grandes economias citadas no relatório anual sobre Comércio Exterior e Desenvolvimento. De acordo com a entidade, a economia brasileira deverá terminar o ano com contração de 1,5% - a metade do que prevê o FMI.
O relatório divulgado nesta terça-feira mostra a expectativa da entidade de que o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo interrompa a sequência de dois anos seguidos de alta e termine o ano de 2015 com crescimento de 2,5%, exatamente no mesmo ritmo visto no ano passado. A estabilidade acontecerá basicamente porque os países em desenvolvimento crescerão menos. Já as nações ricas devem apresentar ritmo mais forte pelo quarto ano seguido.
Segundo a Unctad, o conjunto de países em desenvolvimento deve crescer 4,1% em 2015, menos que os 4,5% observados no ano passado. Se confirmado, será o menor ritmo desde 2009, quando o grupo cresceu 2,6%. Por país, o Brasil deve ver o PIB passar de um crescimento de 0,1% no ano passado para queda de 1,5% este ano. Já a China deve desacelerar de 7,4% para 6,9%. A Índia, ao contrário, deve avançar pelo terceiro ano seguido de 7,1% para 7,5%. Pior país de todas as projeções da Unctad, a Rússia deve terminar 2015 com contração do produto de 3,5%, ante crescimento de 0,6% no ano passado.
A fraqueza econômica do Brasil afeta o comércio exterior regional na América do Sul, segundo o relatório da Unctad. A entidade diz que o Brasil compra menos principalmente itens manufaturados dos vizinhos sul-americanos e que a tendência de fraqueza da economia deve permanecer em 2015.
"Na América Latina e no Caribe, o comércio exterior praticamente estancou em grande parte devido à queda do valor da unidade exportada. A fraca demanda da China e a desaceleração do comércio inter-regional afeta especialmente os sul-americanos. Em particular, o setor de máquinas e equipamentos de transporte que foi fortemente afetado pela queda das importações do Brasil, a maior economia regional", diz o relatório. A instituição destaca a queda de 7,9% no total das exportações dos países da América do Sul para o Brasil em 2014.
http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2015/10/economia/460391-brasil-cai-e-e-nona-maior-economia-global.html