Ensino religioso nas escolas
Sou contrário a todo ensino religioso na escola pública brasileira`
Da Redação - O Globo - 16/06/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Luiz Antônio Cunha, do Observatório da Laicidade na Educação, durante a sessão no Supremo Tribunal Federal sobre o ensino religioso nas escolas se colocou contra a prática:
Qual a posição do senhor sobre o ensino religioso nas escolas?
Sou contrário a todo ensino religioso na escola pública brasileira. Isso já havia sido extirpado e retornou em 1931, por um decreto de Getulio Vargas, numa situação de crise política no Brasil muito grande. Com a Constituição Federal de 1988, prevendo o ensino religioso nas escolas públicas, vimos um grande retrocesso da República. Nesse aspecto, a Carta Magna de 1988 é pior que a de 1891. Só nesse aspecto, em nenhum outro mais.
Dentro do debate atual, que não discute a extinção do ensino religioso mas a metodologia empregada, como o senhor se posiciona?
Me manifesto no sentido de ‘despiorar’ a situação, um neologosimo adequado para a situação, colocando-me contrário ao ensino confessional. Mas também para tirar o arremedo do confessionalismo que está sendo chamado de interconfessional. Se não houver alternativa melhor, defendo que o ensino religioso não seja dado aos menores. Que seja só para os menos jovens.
Quais os problemas trazidos pelo ensino confessional?
O proselitismo dissimulado. Contra o proselitismo ostensivo, existe a resistência possível. Você pode chamar um advogado ou a polícia. Mas o proselitismo dissimulado, que é a pior violência que se faz na escola pública brasileira, é muito difícil de ser combatido. O modelo confessional torna mais fácil para os lobbies religiosos atuarem nos estados e municípios, que regulam o ensino religioso da forma como querem.
Como o senhor avalia o acordo entre Brasil e Santa Sé?
Esse acordo só dá privilégios para a Igreja Católica. Ele é flagrantemente inconstitucional. Privilegia uma religião.