Os 100 melhores livros
OS 100 MELHORES LIVROS DE TODOS OS TEMPOS, A LISTA DAS LISTAS
Para se chegar ao resultado fizemos uma compilação de 15 listas publicadas por jornais, revistas e sites especializados em listas, mercado editorial e livros. O objetivo da pesquisa era identificar, baseado nestas listas, quais eram os 100 melhores livros da história. Algumas das listas pesquisadas incluíam apenas romances, outras — livros não ficcionais. Algumas traziam apenas obras do século 20, outras — obras seminais, formadoras da cultural ocidental. Após a seleção das listas, criamos uma base de dados para que todos os livros fossem pontuados igualmente independentemente do gênero ou período em que foi escrito. Nos casos de empate — e foram muitos — desempatamos atribuindo o valor mais alto ao livro que obteve o maior número de resultados no Google, numa consulta por autor e título.
Participaram do levantamento as publicações: “The New York Times”, “Amazon”, “Le Monde”, “The New York Public Library”, “BBC”, “The Guardian”, “Modern Library”, “Time”, “Newsweek”, “Telegraph”, “Lists Of Bests”, “Wikipedia”, “Folha de S. Paulo”, “Revista Época”, “Revista Bravo”.
Obviamente que listas são sempre incompletas, idiossincráticas. Sabe-se que, como a percepção, a opinião — que foi a base de todas as listas —, é algo individual. De qualquer forma, os 100 livros selecionados, se não são unanimidades entre as publicações pesquisadas (e possivelmente não serão entre os leitores), são referências incontestes da grandeza e importância da literatura para a humanidade.
O resultado não pretende ser abrangente ou definitivo, antes é apenas um reflexo da paixão de leitores e críticos que ajudaram a construir, com suas opiniões, um vasto guia literário que percorre mais de 2 mil anos de história. As sinopses são das respectivas editoras.
1 — Dom Quixote, Miguel de Cervantes, 1605 Dom Quixote de La Mancha não tem outros inimigos além dos que povoam sua mente enlouquecida. Seu cavalo não é um alazão imponente, seu escudeiro é um simples camponês da vizinhança e ele próprio foi ordenado cavaleiro por um estalajadeiro. Para completar, o narrador da história afirma se tratar de um relato de segunda mão, escrito pelo historiador árabe Cide Hamete Benengeli, e que seu trabalho se resume a compilar informações. Não é preciso avançar muito na leitura para perceber que Dom Quixote é bem diferente das novelas de cavalaria tradicionais — um gênero muito cultuado na Espanha do início do século 17, apesar de tratar de uma instituição que já não existia havia muito tempo. A história do fidalgo que perde o juízo e parte pelo país para lutar em nome da justiça contém elementos que iriam dar início à tradição do romance moderno — como o humor, as digressões e reflexões de toda ordem, a oralidade nas falas, a metalinguagem — e marcariam o fim da Idade Média na literatura. |
2 — Guerra e Paz, Liev Tolstói, 1869
“Milhões de pessoas praticaram, umas contra as outras, uma quantidade tão inumerável de crimes, embustes, traições, roubos, fraudes, falsificações de dinheiro, pilhagens, incêndios e assassinatos, como não se encontra nos autos de todos os tribunais do mundo em séculos inteiros […]. O que produziu tal acontecimento extraordinário?”. Empenhado em responder a esta pergunta, através da busca pela verdade histórica dos fatos, e em argumentar com os historiadores de sua época, que no seu entender resumiam os acontecimentos nas ações de algumas figuras poderosas, Liev Nikoláievitch Tolstói (1828-1910) escreveu um dos maiores romances da literatura mundial. Guerra e paz descreve a campanha de Napoleão Bonaparte na Rússia e estende-se até o ano de 1820. Baseado em meticulosa e exaustiva pesquisa — com fontes que vão dos estudos do francês Adolphe Thiers e do russo Mikháilovski-Danílevsk a testemunhos orais —, Tolstói reconta os episódios que culminaram na derrota francesa e retrata, à sua maneira, personagens reais, como o próprio Napoleão e uma série de comandantes militares. |
3 — A Montanha Mágica, Thomas Mann, 1924 Imagem simbólica da corrosão da sociedade europeia antes da Primeira Guerra. Ao visitar o primo em um sanatório, Hans Castorp acaba por contrair tuberculose. Permanece internado por sete anos, vivendo em um ambiente de requinte intelectual, em permanente debate com ideias filosóficas antagônicas, até que decide partir para o front. |
4 — Ulisses, James Joyce, 1922
Um homem sai de casa pela manhã, cumpre com as tarefas do dia e, pela noite, retorna ao lar. Foi em torno desse esqueleto enganosamente simples, quase banal, que James Joyce elaborou o que veio a ser o grande romance do século 20. Inspirado na “Odisseia”, de Homero, “Ulysses” é ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904. Tal como o Ulisses homérico, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referências culturais, num caleidoscópio de vozes que tem desafiado gerações de leitores e estudiosos ao redor do mundo. O culto em torno de “Ulysses” teve início antes mesmo de sua publicação em livro, quando trechos do romance começaram a aparecer num jornal literário dos EUA. Por conta dessas passagens, “Ulysses” foi banido nos Estados Unidos, numa acusação de obscenidade, dando início a uma longa pendenga legal, que seria resolvida apenas onze anos depois, com a liberação do romance em solo americano. |
5 — Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez, 1967 “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer a fábrica de gelo”… Com essa frase antológica, García Marquéz, Prêmio Nobel de Literatura de 1982, introduz a fantástica Macondo, um vilarejo situado em algum recanto do imaginário caribenho, e a saga dos Buendia, cujo patriarca, Aureliano, fez trinta e duas guerras civis… e perdeu todas. García Marquéz já despontava como um dos mais importantes escritores latino-americanos, no início da década de 1970, quando “Cem Anos de Solidão” começou a ganhar público no Brasil. O livro causou enorme impacto. Na época, o continente estava pontilhado de ditaduras. Havia um sentimento geral de opressão e de impotência. Então, essa narrativa em tom quase mítico, em que o tempo perde o caminho, em que os episódios testemunhados e vividos acabam se incorporando às lendas populares, evoca nos leitores uma liberdade imemorial, que não pode ser arrebatada. E tão presente. Tão familiar e necessária. |
6 — A Divina Comédia, Dante Alighieri, 1321 Texto fundador da língua italiana, súmula da cosmovisão de toda uma época, monumento poético de rigor e beleza, obra magna da literatura universal. É fato que a “Comédia” merece esses e muitos outros adjetivos de louvor, incluindo o “divina” que Boccaccio lhe deu já no século 14. Mas também é certo que, como bom clássico, este livro reserva a cada novo leitor a prazerosa surpresa de renascer revigorado, como vem fazendo de geração em geração há quase 700 anos. |
7 — Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust, 1913 Ciclo de sete romances do escritor francês, inter-relacionados e com um só narrador, dos quais os três últimos são póstumos: “O Caminho de Swann”, “À Sombra das Raparigas em Flor”, “O Caminho de Guermantes”, “Sodoma e Gomorra”, “A Prisioneira”, “A Fugitiva” e “O Tempo Redescoberto”. São dezenas de personagens que se cruzam em histórias de amor, ciúmes e inveja, na França da Belle Époque. A narrativa vai passando do detalhe ao painel e do painel ao detalhe sem projeções definidas, num constante reajuste de tudo aquilo que nunca será perfeitamente ajustado. A obra é um retrato da sociedade de uma época, um mergulho no universo da burguesia francesa que permite que o leitor sinta as divergências entre nobres e burgueses. |
8 — O Som e a Fúria, William Faulkner, 1929 Este romance, finalizado em 1929, marca o início da chamada “segunda fase” da carreira de William Faulkner (1897-1962) e é considerado sua obra mais importante. Vinte anos depois, o autor se consagraria definitivamente, ao receber o Prêmio Nobel de Literatura. O ambiente da escritura de Faulkner é o sul dos Estados Unidos, escravocrata e derrotado na Guerra da Secessão. O som e a fúria narra a agonia de uma família da velha aristocracia sulista, os Compson, entre os dias 2 de julho de 1910 e 8 de abril de 1928. Um apêndice, acrescentado pelo escritor em 1946, fornece outras informações sobre a história dos Compson entre 1699 e 1945. Assim, é possível afirmar que o grande personagem desta obra-prima é o tempo, o que lhe confere interesse universal. |
9 — O Homem sem Qualidades, Robert Musil, 1930-1943 Nesta que é considerada uma das obras literárias mais importantes do século 20, o autor Robert Musil tece uma intrincada trama centralizada em Ulrich. O personagem principal vive diversas experiências, viaja ao exterior e, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, retorna a Viena. Também, convive com os mais diversos tipos humanos, matéria de que se ocupa boa parte do livro. Esta obra de difícil classificação mostra, sobretudo, a decadência dos valores vigentes até o início do século 20, marcando a perda de posição da Europa na decisão dos rumos políticos e econômicos mundiais. |
10 — O Processo, Franz Kafka, 1925 A história de Josef K. atravessa os anos sem perder nada do seu vigor. Ao contrário, a banalização da violência irracional no século 20 acrescentou a ela o fascínio dos romances realistas. Na sua luta para descobrir por que o acusam, por quem é acusado e que lei ampara a acusação, K. defronta permanentemente com a impossibilidade de escolher um caminho que lhe pareça sensato ou lógico, pois o processo de que é vítima segue leis próprias: as leis do arbítrio. |
11 — Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski, 1866 |
12 — Anna Kariênina, Liev Tolstói, 1877 |
13 — Édipo Rei, Sófocles, 427 a.c. |
14 — 1984, George Orwell, 1949 |
15 — O Castelo, Franz Kafka, 1926 |
16 — Ilíada e Odisseia, Homero, século 8 a.c. |
17 — A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, Laurence Sterne, 1759 |
18 — Doutor Fausto, Thomas Mann, 1947 |
19 — Lolita, Vladímir Nabókov, 1955 |
20 — Enquanto Agonizo, William Faulkner, 1930 |
21 — A Morte de Virgílio, Hermann Broch, 1945 |
22 — Os Lusíadas, Luís de Camões, 1572 |
23 — O Homem Invisível, Ralph Ellison, 1952 |
24 — Hamlet, William Shakespeare, 1603 |
25 — Finnegans Wake, James Joyce, 1939 |
26 — Rumo ao Farol, Virginia Woolf, 1927 |
27 — Grande Sertão: Veredas (1956) |
28 — Pedro Páramo, Juan Rulfo, 1955 |
29 — As Três Irmãs, Anton Tchekhov, 1901 |
30 — Orgulho e Preconceito, Jane Austen, 1813 |
31 — O Leopardo, Tomaso di Lampedusa, 1958 |
32 — Pais e Filhos, de Ivan Turguêniev, 1862 |
33 — Contos da Cantuária, Geoffrey Chaucer, século 15 |
34 — As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift, 1726 |
35 — Middlemarch, George Eliot, 1874 |
36 — O Apanhador no Campo de Centeio, J. D. Salinger, 1951 |
37 — O Lobo da Estepe, Herman Hesse, 1927 |
38 — O Grande Gatsby, Scott Fitzgerald, 1925 |
39 — O Mestre e Margarida, Mikhail Bulgákov, 1940 |
40 — As Vinhas da Ira, John Steinbeck, 1939 |
41 — Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenar, 1951 |
42 — Paralelo 42, John dos Passos, 1930 |
43 — Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, 1932 |
44 — As Asas da Pomba, Henry James, 1902 |
45 — O Jogo da Amarelinha, Julio Cortázar, 1963 |
46 — A Náusea, Jean-Paul Sartre, 1938 |
47 — A Peste, Albert Camus, 1947 |
48 — Folhas de Relva, Walt Whitman, 1855 |
49 — Memorial do Convento, José Saramago, 1982 |
50 — A Invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares, 1940 |
51 — O Tambor, Günter Grass, 1959 |
52 — Retrato do Artista quando Jovem, James Joyce, 1917 |
53 — José e Seus Irmãos, Thomas Mann, 1933-1943 |
54 — Doutor Jivago, Boris Pasternak, 1957 |
55 — A Cidade e as Serras, Eça de Queirós, 1901 |
56 — O Estrangeiro, Albert Camus, 1942 |
57 — Otelo, William Shakespeare, 1622 |
58 — O Príncipe, Nicolau Maquiavel, 1532 |
59 — O Amante de Lady Chatterley, D.H. Lawrence, 1928 |
60 — Os Cantos, Ezra Pund, 1948 |
61 — A Consciência de Zeno, Italo Svevo, 1923 |
62 — On The Road, Jack Kerouac, 1957 |
63 — O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien, 1954 |
64 — A Terra Desolada, T. S. Eliot, 1922 |
65 — A Origem das Espécies, Charles Darwin, 1859 |
66 — A Laranja Mecânica, Anthony Burgess, 1962 |
67 — Luz em Agosto, William Faulkner, 1932 |
68 — O Coração das Trevas, Joseph Conrad, 1902 |
69 — Madame Bovary, Gustave Flaubert, 1856 |
70 — O Paraíso Perdido, John Milton, 1667 |
71 — Rei Lear, William Shakespeare, 1608 |
72 — Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway, 1940 |
73 — Eneida, Virgílio, 19 a.c. |
74 — Matadouro 5, Kurt Vonnegut, 1969 |
75 — A Sangue Frio, Truman Capote, 1965 |
76 — Histórias, Heródoto, 440 a.c. |
77 — Moby Dick, de Herman Melville, 1851 |
78 — Mrs. Dalloway, Virgínia Woolf, 1925 |
79 — Lord Jim, Joseph Conrad, 1900 |
80 — Ardil 22, Joseph Heller, 1961 |
81 — A Amada, Toni Morrison, 1987 |
82 — O Capital, Karl Marx, 1867 |
83 — As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain, 1885 |
84 — A Revolução dos Bichos, George Orwell, 1945 |
85 — Ficções, Jorge Luis Borges, 1944 |
86 — Frankenstein, Mary Shelley, 1818 |
87 — O Sol Também se Levanta, Ernest Hemingway, 1926 |
88 — Corre, Coelho, John Updike, 1960 |
89 — O Vermelho e o Negro, Stendhal, 1830 |
90 — O Complexo de Portnoy, Philip Roth, 1969 |
91 — Os Três Mosqueteiros, Alexandre Dumas, 1844 |
92 — A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud, 1900 |
93 — Trópico de Câncer, Henry Miller, 1934 |
94 — Pergunte ao Pó, John Fante, 1939 |
95 — Reparação, Ian McEwan, 2001 |
96 — Os Miseráveis, Victor Hugo, 1862 |
97 — Meridiano de Sangue, Cormac McCarthy, 2008 |
98 — Sonetos, William Shakespeare, 1609 |
99 — Desonra, J. M. Coetzee, 1999 |
100 — O Deserto dos Tártaros, Dino Buzzati, 1940 |
http://www.revistabula.com/4859-os-100-melhores-livros-de-todos-os-tempos-a-lista-das-listas/