Nível de aprendizado adequado
No RS, cerca de 9% dos alunos de Ensino Médio têm nível de aprendizado adequado em matemática
Estado regrediu no índice e registrou a maior queda do país entre os anos de 2013 e 2015: 4,9 pontos percentuais
Enquanto o Brasil como um todo avança nos índices de Ensino Fundamental, o Rio Grande do Sul mostra que ainda patina para progredir nos indicadores da Educação Básica. Entre os anos de 2013 e 2015, o Estado mostrou um dos piores desempenhos em termos de avanço nos resultados que medem o nível de aprendizado adequado de alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio, conforme dados divulgados nesta quarta-feira pelo movimento Todos pela Educação (TPE).
Os números referentes ao Ensino Médio são os mais preocupantes: o Estado retrocedeu. Em 2015, apenas 8,9% dos estudantes do 3º ano demonstraram nível de aprendizagem adequado em matemática. Em 2013, o índice era de 13,8%. A média nacional também caiu: de 9,3% para 7,3%. O RS teve a maior queda de pontos percentuais no país (4,9).
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Em língua portuguesa, o número caiu de 37,9% para 32,4%. A média nacional, em 2015, ficou em 27,5%.
Os índices da Meta 3 do TPE utilizam resultados da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2015 e considera que tem aprendizado adequado o aluno que atinge ou supera as seguintes pontuações, respectivamente, em língua portuguesa e matemática: 200 e 255 no 5º ano do Ensino Fundamental, 275 e 300 no 9º ano do Ensino Fundamental, e 300 e 350 no 3º ano do Ensino Médio.
— Há (no Brasil) uma tendência de queda muito forte em matemática, é um diagnóstico que vem rolando há alguns anos. Ensino Médio, um dia, já foi artigo de luxo, com a rápida expansão dos anos 70 e 80 e a falta de modelo, não conseguimos articular qualidade com quantidade — avalia Priscila Cruz, presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação.
No RS, a representante aponta possíveis fatores para a queda em desempenho no índice.
— É um Estado de nível socioeconômico acima da média nacional, ao contrário do Ceará, por exemplo, onde é mais baixo, mas está conseguindo avançar. No Rio Grande do Sul, há muita troca de poder, problemas fiscais e de gestão, a educação sofre muito com esse vaivém. No Ceará, é o contrário, há uma questão de continuidade forte, eles não abandonam as políticas. Eles fazem bem o "feijão com arroz" — compara.
A reportagem tentou contato com a Secretaria Estadual de Educação para comentar os índices, mas a pasta diz que só pode se pronunciar a partir de hoje, quando os dados do movimento serão divulgados oficialmente.
Brasil avança no Ensino Fundamental
Os números do Ensino Fundamental foram positivos para o Brasil. O percentual de alunos do 5º ano que têm o aprendizado considerado adequado em língua portuguesa subiu de 45,1% em 2013 para 54,7% em 2015. Em matemática, o avanço foi de 3,4 pontos percentuais e fechou 2015 em 42,9%.
No RS, o número subiu de 53,9% para 59,4% em língua portuguesa — ainda que seja um progresso de 5,5 pontos percentuais, é o menor avanço entre os demais Estados, ao lado de Tocantins. Para estudantes de matemática do mesmo ano, o Estado está entre os quatro que regrediram entre 2013 e 2015: de 48,8% passou para 48,4%.
Em relação à média nacional, Priscila comemora. Ela atribui a esse crescimento fatores como a universalização da Educação Infantil e a ênfase na alfabetização nos últimos cinco anos:
— Em 2005, tinha muito menos crianças na escola de quatro a cinco anos. Elas começavam o Fundamental sem ter tido Educação Infantil. No Fundamental, há mais clareza do que precisa ser trabalhado. Os alunos também têm um vínculo mais forte com o professor, que acaba perdendo depois (...). Temos de expandir as boas lições do 5º ano para as outras etapas, esse avanço não está conseguindo ser transmitido adiante.