Mobilidade sócio-ocupacional
Nível de escolaridade dos pais influencia a renda média dos filhos, aponta IBGE
Levantamento realizado em todo o país mostra que remuneração de pessoas com nível superior varia de acordo com histórico escolar do pai e da mãe
O nível de escolaridade dos pais tem influência na renda média dos filhos, e a presença da mãe é mais determinante do que a do pai no que se refere ao número de anos de estudo cursados por seus descendentes. Essas conclusões integram o suplemento Mobilidade Sócio-ocupacional da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2014), levantamento realizado em todos os Estados brasileiros pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, e divulgado nesta quarta-feira.
O estudo avaliou as chamadas mobilidades intergeracional – que é o desempenho de rendimentos e carreira dos filhos em relação aos pais – e intrageracional, a trajetória profissional de cada um. Analisou-se a movimentação dos indivíduos entre seis estratos sócio-ocupacionais, classificados de A a F, em ordem decrescente de renda e vulnerabilidade social. No estrato A, estão dirigentes e profissionais das ciências e das artes (médicos, engenheiros, professores, atores), com salários em geral mais altos. Nos estratos de B a E, aparecem técnicos de nível médio, trabalhadores de serviços administrativos, de reparação e manutenção e do comércio, entre outros. No estrato F, estão os trabalhadores agrícolas.
A pesquisa evidenciou que o contexto familiar tem forte influência sobre o futuro de crianças e adolescentes. Filhos de pais analfabetos apresentaram menor percentual de mobilidade ascendente entre os diferentes estratos – não mais do que um quarto deles conseguiu sair de um estrato mais baixo para um mais elevado, obtendo uma ocupação melhor. Em relação às taxas de alfabetização, a figura do pai mostrou ter menos impacto do que a da mãe: na idade de 15 anos, estar morando ou não com o pai praticamente não interfere nos percentuais, que são praticamente iguais para estudantes que viviam e que não vivam com o pai na mesma residência. Quando se observou a presença da mãe em casa, a taxa de alfabetização dos filhos foi de 4% a mais em relação aos que não moravam com a mãe.
A figura materna também desponta com importância em outro item: os menores índices de falta de instrução aparecem relacionados aos filhos que, aos 15 anos, moravam apenas com a mãe (10,3%) ou com o pai e a mãe (10,8%). Para aqueles que viviam somente com o pai, o analfabetismo é maior: 16,2%.
No outro extremo da escolarização, o dos alunos que completaram o Ensino Superior, os melhores números estão associados a quem morava com o pai e a mãe: 14,4% deles completaram uma graduação universitária. Entre os que estavam apenas com a mãe, 11,9% conquistaram um diploma, enquanto 9,6% dos que viviam com o pai concluíram uma faculdade.
A Pnad também apontou que a escolaridade dos pais afeta a renda dos filhos. Entre os entrevistados com Ensino Superior completo, o rendimento médio em 2014 era de R$ 3.078 para aqueles cujas mães não tinham instrução e de R$ 5.826 para os filhos de mães com título universitário. O grau de instrução do pai também interfere no salário da prole: os respondentes com nível superior completo e pai sem instrução ganhavam, em média, R$ 2.603. A remuneração saltava para R$ 6.739 no caso das pessoas com graduação universitária cujos pais também tinham concluído alguma faculdade.
Quanto à mobilidade intrageracional, a pesquisa do IBGE revelou que 38,6% das pessoas registraram um movimento de subida entre os estratos sócio-ocupacionais, tendo-se como base o primeiro emprego de suas vidas profissionais. Os trabalhadores que decaíram em relação à primeira ocupação somaram 11,1%. Os empregados da área das ciências e das artes foram os que menos se deslocaram entre os seis níveis: 67% deles se mantiveram no mesmo grupo de atividade desde a primeira ocupação.