Minha pátria educadora
"O meu Brasil educador não se contentará em ter suas crianças matriculadas, desejará ter todas elas frequentando e permanecendo na escola até concluir o Ensino Médio", afirma Cristovam Buarque
Fonte: Correio Braziliense (DF)
Começará cuidando de cada criança brasileira, desde sua gestação: não deixará a futura mãe sem o apoio necessário para cuidar de seu filho, antes mesmo de ele nascer. Desde o nascimento e na primeira infância, a pátria Educadora garantirá o acesso de toda criança aos meios para promover seu desenvolvimento intelectual com o necessário acompanhamento, no convívio familiar e com a colaboração de instituições especializadas.
Oferecerá Escola com qualidade a cada um de seus filhos, a partir dos quatro anos de idade, independentemente da renda da família e da receita fiscal da cidade na qual a criança viva. Aos seis anos, elas já deverão estar capacitadas a ler, a fazer as operações básicas da aritmética e a seguir estudos especiais; até os 18 anos, crianças e jovens terão Escola em horário integral, com Professores muito bem remunerados, com dedicação exclusiva, avaliados em seus trabalhos, usando os mais modernos instrumentos pedagógicos que a tecnologia da informação oferece à prática pedagógica, além dos equipamentos esportivos e culturais para complementar a formação dos Alunos.
As Escolas deixarão de ser carroças e passarão a ser naves para o futuro. Os Professores terão o conhecimento e o gosto para pilotar as salas de aula do futuro, com equipamentos e comportamentos apropriados à velocidade com que o saber avança e se espalha.
Na os Professores serão reverenciados. Não precisarão fazer greves, e os sindicatos de Professores se transformarão em “sindicatos da Educação”, com a participação também dos servidores e dos pais, militando por todos os aspectos educacionais.
O meu Brasil Educador não se contentará em ter suas crianças matriculadas, desejará ter todas elas frequentando, assistindo, permanecendo na Escola até concluir o Ensino médio e adquirindo o conhecimento necessário para participarem do mundo moderno: capazes, cada uma delas, de se deslumbrar com as belezas, entender o funcionamento e se indignar com as injustiças do mundo, falar seus idiomas e dispor de um ofício para se inserir produtivamente no mercado.
Não aceitará a insanidade do desperdício de um único cérebro de seus habitantes, por falta de acesso à Educação; nem a imoralidade da oferta de Educação com qualidade desigual entre suas crianças e jovens; os filhos dos pobres terão acesso a Escolas com a mesma qualidade que as dos filhos dos ricos. E todos aqueles que forem portadores de alguma dificuldade especial receberão o necessário apoio médico e pedagógico para compensar as deficiências.
Com essas características, a Escola de fechará a torneira por onde pingam, todos os anos, novos Analfabetos adultos e erradicará, em poucos anos, o estoque de adultos iletrados, herdados por séculos da nossa pátria ‘desEducadora’.
Mas a Educação não se faz apenas na Escola, e a pátria Educadora incorporará as famílias, a mídia e toda a sociedade no processo educacional de suas crianças e jovens. Para ser uma pátria Educadora, minha nação precisará ser uma imensa Escola, do tamanho do Brasil. E o nosso futuro terá a cara de suas Escolas, bonitas, confortáveis, com Professores entusiasmados e crianças felizes nelas.
Graças a isso, na , a criminalidade contra jovens e por jovens será um fenômeno muito raro; não haverá milhares de crianças vítimas de assassinos, nem dezenas delas transformadas em assassinos.
Os jovens disputarão o ingresso no Ensino superior em condições de igualdade. Todos com a chance determinada pelo talento, persistência e vocação: a universidade da pátria Educadora será povoada por Alunos com a necessária competência para levar o Brasil ao mundo da inovação nas artes, na ciência e na tecnologia. fará parte dos campeões do mundo em conhecimento.
Na , o lema da bandeira será “Educação é progresso”, porque sem isso, o lema “Pátria Educadora” não passa de um slogan publicitário. Até porque, na pátria Educadora, os governos que desequilibram as finanças não fazem ajustes cortando programas educacionais.
Decididamente, minha pátria brasileira não é, ainda, Educadora. Por isso, ainda falta muita luta para que o slogan vire um lema e se faça realidade.
Artigo publicado somente em veículo impresso