Manifesto pela Ciência

Manifesto pela Ciência

Manifesto da Marcha pela Ciência


Por que devemos valorizar a ciência?

Ela está em todo lugar e já se tornou essencial para nossas vidas. Ela é a ferramenta mais eficaz que o ser humano desenvolveu para entender o mundo. Pode gerar tecnologias e impulsionar a economia, contribuindo para a qualidade de vida da população. Os países mais desenvolvidos reconhecem a importância da ciência, basta ver a quantidade de dinheiro que eles investem nesse setor. Lendo este texto, você facilmente entenderá do que estamos falando.

As nações mais industrializadas aplicam cerca de 2% da soma de toda a sua riqueza  no setor de Pesquisa e Desenvolvimento. Esse investimento aumenta a competitividade desses países, que crescem economicamente movidos pela inovação. Os ganhos são evidentes - se no ano de 1900 mais de um terço da população dos Estados Unidos morria devido a doenças infecciosas, em 1997, o número de mortes causadas por esse tipo de doença caiu para 4,5% e a expectativa de vida aumentou em 29 anos. Isso só foi possível por causa da expansão do conhecimento científico, que levou ao desenvolvimento de antibióticos, à criação de campanhas de vacinação e à difusão de práticas de higienização.


A ciência e a educação no Brasil

A ciência brasileira vem sofrendo graves cortes. O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), responsável pelo financiamento da ciência no País sofreu com uma redução de 44% da sua verba.  E corre o risco de sofrer novos cortes em 2018. Os institutos de pesquisa  estão sucateados e sem recursos para fazer ciência, enquanto grande parte das universidades públicas já sofre até para se manter em funcionamento por causa da redução drástica de investimentos, como é o caso da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Sabemos que é impossível ter ciência sem ter educação. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), em seu último ranking, posicionou o Brasil em 63° entre os 70 países participantes na disciplina de ciências. Já uma pesquisa com mil estudantes de baixa renda de Recife e de São Paulo (com idade entre 15 e 19 anos) mostrou que 36% deles pensa que geografia, história, física e biologia são descartáveis. Esses dados tornam-se ainda mais chocantes quando percebemos que o Congresso congelou os investimentos em educação pelos próximos 20 anos, impedindo gastos superiores ao de 2016 com ajuste baseado na inflação.


O que precisamos fazer?

Precisamos rever as prioridades do país. Encolher os investimentos em ciência e em educação é uma medida fadada ao fracasso, já que esses setores são os responsáveis pelo bem-estar da economia do país, além de formar pessoal qualificado para atuar em todos os outros segmentos da sociedade. Em função disso, defendemos:

1) O retorno dos investimentos que foram retirados da ciência e da educação brasileiras;

2) A retirada da ciência e  da educação do limite de gastos estabelecido pela Emenda Constitucional 95 (PEC 241/55). Essas medidas também foram requisitadas por inúmeras entidades científicas, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) entre outras;

3) O retorno dos investimentos precisa ser associado a um projeto que garanta financiamento constante a esses setores;

4) A volta do MCTI, dedicado integralmente à ciência. Recentemente, o MCTI foi fundido ao Ministério das Comunicações (MC), uma mudança que deixou a ciência em segundo plano. Além do fato que ciência e comunicações são setores diferentes com necessidades diferentes.

 Além, é claro, de apoiar as causas defendidas na 3ª Marcha pela Ciência - São Paulo:

1) Contra os cortes nas ciências - inclusive e principalmente os programados no PLOA2018 (mas também para reverter os cortes já realizados e reconstituir os níveis de investimentos em C&T e Educação);

2) Pela revitalização dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo;

3) Contra o desmonte das universidades públicas em todo o país.

 

BIBLIOGRAFIA

AUDRETSCH, D. B.; BOZEMAN, B.; COMBS, K. L.; FELDMAN, M.; LINK, A. N.; SIEGEL, D. S.; STEPHAN, P.; TASSEY, G.; WESSNER, C. The Economics of Science and Technology. Journal of Technology Transfer, v. 27, p. 155-203, 2002. Disponível em: <http://maryannfeldman.web.unc.edu/files/2011/11/Economics-of-Sci-and-Tech_2002.pdf>


MARQUES, F. Financiamento em crise. Pesquisa Fapesp, 2017. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/06/19/financiamento-em-crise/>


ACHIEVEMENTS in Public Health, 1900-1999: Control of Infectious Diseases. Morbidity and Mortality Weekly Report, v. 48, n. 29, p. 621-629, jul. 1999. Disponível em: <https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/mm4829a1.htm>


INSTITUTOS de Pesquisa lançam manifesto. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2017. Disponível em: <http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=4530>


ESCOBAR, H. Cortes ameaçam sobrevivência dos institutos federais de ciência e tecnologia. Estadão, 2017. Disponível em: <http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/cortes-ameacam-sobrevivencia-dos-institutos-federais-de-ciencia-e-tecnologia/>


GRANDELLE, R. Orçamento de institutos federais de ciência caiu 24% em sete anos. O Globo, 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/orcamento-de-institutos-federais-de-ciencia-caiu-24-em-sete-anos-21594628>


MODZELESKI, A.; TENENTE, L.; FAJARDO, V. 2017. Sem dinheiro, universidades federais demitem terceirizados, reduzem consumo, cortam bolsas e paralisam obras. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/sem-dinheiro-universidades-federais-demitem-terceirizados-reduzem-consumo-cortam-bolsas-e-paralisam-obras.ghtml?utm_source=push&utm_medium=app&utm_campaign=pushg1>


COSTA, V. “Sem um forte investimento em CT&I, a produtividade do Brasil não vai crescer”. Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, 2017. Disponível em: <http://confap.org.br/news/sem-um-forte-investimento-em-cti-a-produtividade-do-brasil-nao-vai-crescer/>


ASCOM. Investimento de 2% do PIB em ciência é o mínimo para competir com grandes players. MCTIC, 2016.Disponível em: <http://www.mcti.gov.br/noticia/-/asset_publisher/epbV0pr6eIS0/content/investimento-de-2-do-pib-em-ciencia-e-o-minimo-para-competir-com-grandes-players>


SANTOS, B. F.; RIBEIRO, M. Brasil está entre os piores em ranking mundial de educação. Exame, 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/brasil-esta-entre-os-8-piores-em-ciencias-em-ranking-de-educacao/>


ESTUDO revela motivos para o desinteresse de estudantes pelo ensino médio. Correio Braziliense, 2013. Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2013/06/25/ensino_educacaobasica_interna,373237/estudo-revela-motivos-para-o-desinteresse-de-estudantes-pelo-ensino-medio.shtml>


TUFFANI, M. Criação de novos ministérios comprova descaso de Temer com a ciência. Direto da Ciência, 2017. Disponível em: <http://www.diretodaciencia.com/2017/02/03/criacao-de-novos-ministerios-comprova-descaso-de-temer-com-a-ciencia/>


MATSUURA, S.; FERREIRA, P. Pesquisadores criticam fusão de ministérios da Ciência e Comunicações. O Globo, 2016. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/pesquisadores-criticam-fusao-de-ministerios-da-ciencia-comunicacoes-19318187>


ESTATÍSTICAS e balanços da FAPESP. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.fapesp.br/381>


SÃO PAULO. Constituição (1989). Constituição do Estado de São Paulo. Diário Oficial do estado de São Paulo, São Paulo, 5 out. 1989. Disponível em: <http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument>

Este abaixo-assinado será entregue para:
  • Ministério da Ciência Tecnologia Inovação e Comunicações
  • Departamento da Ciência e Tecnologia - Exército Brasileiro
  • Governo Federal




ONLINE
22