CPERS faz auditoria
Direção do CPERS faz auditoria e anuncia comissão de sindicância
“A Comissão de Sindicância vai ouvir as pessoas para fazer o contraditório”, informou Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Marco Weissheimer
A direção do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato) decidiu instaurar uma comissão de sindicância para tratar de possíveis irregularidades apontadas por uma auditoria independente sobre a situação financeira da entidade. A auditoria realizada na entidade abrangeu o período entre 2011 e 2013 e apontou, entre outros problemas, despesas financeiras incompatíveis com a arrecadação e a finalidade da entidade, doações irregulares a entidades sindicais com depósitos em nome de pessoa física sem recibo, doações a pessoas físicas sem a comprovação de finalidade e omissão do registro de valor relativo às contribuições previdenciárias parceladas. O relatório dessa auditoria foi divulgado aos integrantes do Conselho Geral da entidade, quinta-feira, em uma reunião que entrou madrugada adentro.
A reunião do Conselho definiu também a pauta da Assembleia Geral da entidade que ocorre nesta sexta-feira, a partir das 13h30min, no Gigantinho. O Conselho não aprovou a inclusão da proposta de desfiliação do CPERS da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na pauta da Assembleia, apresentada pela oposição. Mas o estatuto da entidade prevê que a Assembleia é uma instância soberana e a oposição deve reapresentar a proposta no Gigantinho. A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, defendeu na reunião do Conselho a construção de uma pauta positiva na Assembleia que unifique a categoria no momento em que o governo estadual fala em parcelar salários e cortar investimentos. “Nós pretendemos iniciar uma campanha de questionamento sobre os gastos do governo Sartori. Há uma contradição entre o discurso de austeridade e de cortes e medidas como o aumento do salário dos secretários, com um índice acima da inflação”, assinala Helenir.
Auditoria aponta irregularidades
O levantamento realizado pela auditoria constatou ainda significativa dívidas bancárias e dívidas com o INSS pela falta de contribuição patronal e repasse dos valores descontados de beneficiários. A auditoria apontou a omissão do registro no valor de R$ 671.347,49, relativo a contribuições previdenciárias parceladas. Os auditores solicitaram a entidades sindicais informações sobre doações recebidas no período citado. Apenas duas entidades, CUT e Conlutas, atenderam a solicitação. A Central Sindical e Popular (Conlutas) apontou o recebimento de mensalidades no valor de R$ 1.000,00 no período. Já os registros do CPERS apontaram um repasse de R$ 31.650,00 para essa entidade em várias parcelas. A CUT acusou um débito do CPERS de mais de R$ 177 mil, sem contar a contribuição de janeiro de 2015 que ainda não havia sido registrado quando da realização da auditoria.
As doações, consideradas irregulares, para entidades sindicais em nome de pessoa física teriam gerado prejuízos de mais de R$ 100 mil para os cofres da entidade. Em seu relatório final, a auditoria recomendou um pedido de esclarecimentos à diretoria do período em questão e também do Conselho Fiscal que aprovou as contas da mesma.
Na noite desta quinta-feira, a direção do CPERS apresentou o resultado da auditoria aos integrantes do Conselho Geral e decidiu criar uma comissão de sindicância cujos integrantes serão definidos nos próximos dias. A principal tarefa dessa comissão, assinala Helenir Schürer, será ouvir integrantes da direção da entidade no período citado. Para a presidente da entidade, há várias questões a serem esclarecidas como o repasse de dinheiro para entidades às quais o CPERS não é filiado. “A Comissão de Sindicância vai ouvir as pessoas para fazer o contraditório”, informou. A direção do CPERS fará um informe sobre o resultado da auditoria na assembleia geral desta sexta.
“Factoide para esconder inoperância”
A ex-presidente do CPERS, Rejane de Oliveira, disse ao Sul21 que não vê nenhum problema na decisão da atual direção ter realizado uma auditoria nas contas da entidade. “Não tem nenhum problema com isso. Estamos muito tranquilos e vamos tratar esse tema com toda tranquilidade. A forma como o CPERS sempre se organizou nunca colocou em dúvida a idoneidade de nenhuma direção”. “Por outro lado”, acrescentou Rejane de Oliveira, “penso que essa auditoria é um factoide para esconder a inoperância da atual diretoria do CPERS. Temos um governo de direita no Estado e o CPERS não fez nada de concreto até agora”.
Sobre a proposta de desfiliação da CUT, a ex-presidente da entidade assinalou que esse debate vem sendo travado há pelo menos dois anos na base da entidade que definiu um calendário para tratar do tema. “A nova direção não implementou esse calendário, mas nós prosseguimos fazendo o debate e pretendemos levar essa questão a votação na Assembleia. Na nossa avaliação, a CUT teve uma posição muito ruim no governo Tarso e está muito atrelada ao governo Dilma e ao PT”, assinalou. Rejane de Oliveira mencionou ainda a contratação pela CUT de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, como um “fator de desconforto muito grande na categoria”.
http://www.sul21.com.br/jornal/direcao-do-cpers-faz-auditoria-e-anuncia-comissao-de-sindicancia/