A necessária volta às ruas

A necessária volta às ruas

 

Devemos transformar o dia 13 de março numa data simbólica de retomada das lutas nas ruas, em defesa não só da Petrobras, frente a sanha privatista dos tucanos, mas em defesa das reformas necessárias para o país

04/03/2015

Editorial da edição 627 do jornal Brasil de Fato

A conjuntura política nacional está aumentando a temperatura a cada dia. A burguesia industrial abandonou completamente a aliança que tinha no governo Lula através do programa de neodesenvolvimentismo. Agora, em vez de investimentos e empréstimos no BNDES, prefere fazer especulação financeira e ganhar dinheiro no rentismo. A taxa de investimento de nossa economia está paralisada há mais de dois anos na faixa de 18% do PIB, que é muito baixo (a China investe 30% do PIB) e a maior parcela é de investimento público. A economia está patinando e em diversos setores os preços dispararam.

Na frente política, a direita avançou alguns passos ao eleger o presidente da Câmara e ao pautar projetos claramente contra os trabalhadores e a democracia, como a PEC da reforma política, que legaliza a corrupção, a PEC dos povos indígenas, entre outras.

Na imprensa, é um verdadeiro massacre. Uma campanha permanente contra o governo e contra qualquer luta social ou proposta de mudanças necessárias. Em 12 anos, os governos Lula-Dilma sempre jogaram o tema debaixo do tapete apostando em afagos da Rede Globo. Agora estão levando o troco.

A maioria da população reelegeu Dilma, que ganhou nas urnas. Porém, a direita e a burguesia agora tentam derrotar qualquer possibilidade de mudanças através do controle do Congresso e da mídia.

Basta ver a manipulação grosseira que é feita em relação à corrupção. Todos queremos punir os que se apropriaram de dinheiro público e, sobretudo, usaram recursos de obras para financiamento de candidaturas. Há varias empreiteiras envolvidas e dizem que mais de 100 políticos. No entanto, na mídia o assunto é tratado como se fosse um problema do governo, da esquerda e do PT! Por que não denunciam logo os nomes dos políticos envolvidos? Por que não exigem a divulgação dos nomes dos mais de 8 mil empresários e políticos brasileiros que têm contas no HBSC da Suíça, para onde transferiram secretamente mais de 14 bilhões de dólares? No que deu a corrupção dos trens e metrô de São Paulo?

Do lado do governo, a inépcia é gritante. Parece um governo do PMDB. As medidas tomadas na economia são claramente um ajuste neoliberal que só afeta a quem trabalha. Ficar impondo reajuste de apenas 4,5% na correção do imposto de renda para assalariados, quando a inflação foi 6,5,%, ou mais, no mínimo é burrice. Cortar gastos da educação, saúde e moradia é inexplicá- vel. Em dois meses de governo, não conseguiram tomar uma só medida que gerasse contentamento popular. E quem planta pepino, não pode colher melancia! Percebendo essa nova correlação de forças que lhes é favorável, a direita brasileira retoma a iniciativa política na luta de classes.

Basta ver a greve manipulada dos transportes, insuflada dia e noite pelos meios de comunicação. Lembrando muito o que aconteceu no passado no governo Allende, no Chile. E estão agitando outras frentes para criar um clima favorável a uma grande mobilização contra o governo, no próximo dia 15 de março.

Frente a isso, a classe trabalhadora e a esquerda não têm outra alternativa senão retomar as mobilizações de rua como espaço de disputa política e ideológica nessa etapa da luta de classes. Será nas ruas onde poderemos ainda disputar a sociedade e os rumos do governo.

Estão em curso muitas articulações de movimentos de massa e de entidades. Há jornadas de mobilização agendadas em vários setores. Porém, a primeira e a principal é a mobilização marcada para o dia 13 de março, em todo o país, e principalmente no Rio de Janeiro, em defesa da Petrobras. Devemos transformar o dia 13 de março numa data simbólica de retomada das lutas nas ruas, em defesa não só da Petrobras, frente a sanha privatista dos tucanos, mas em defesa das reformas necessárias para o país. Todos às ruas, dia 13 de março, para barrar também o 15.




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