Um olhar sobre o ensino
GÜNTHER STAUB
O comentário abaixo não me autoriza a fazer avaliações categóricas nem a estabelecer critérios definitivos entre o ensino da Colômbia e do Brasil. É apenas uma pequena amostragem, mas já dá o que pensar.
Desde 1967, visitando a Colômbia, a negócios ou a congressos de vendas e marketing, sempre me chamou a atenção o elevado nível técnico dos profissionais e professores do país.
Neste ano, durante alguns dias em que estive na Colômbia, assisti a um debate técnico na televisão, muito impactante, sobre como melhorar a qualidade da educação. Participaram da discussão a ministra da Educação colombiana e mais três técnicos da área. A ministra e os debatedores entendiam muito do tema, diferente de muitos ocupantes de altos cargos nessa área no Brasil, que ali são postos por razões de acordos e acomodações políticas.
No dia seguinte, o presidente da República, dr. Juan Manuel Santos, ocupou uma rede nacional de TV e rádio, dizendo que ainda restavam vagas nas escolas e pedindo para os pais não deixarem de matricular seus filhos, pois era muito importante para eles e para o país. Foi um pronunciamento técnico que não me pareceu demagógico.
No âmbito universitário, a cidade abriga uma das mais antigas, em torno de 200 anos, instituições de ensino de nível superior da América Latina: a Universidade de Cartagena. Dessa forma, em uma semana de Colômbia, pude reconhecer outro patamar de tratamento para ensino e educação, não só pelo tratamento qualificado do tema, como pela seriedade como a educação é encarada.
Não se pode esquecer que no Brasil as questões que dominam os noticiários, nessa área, são o não pagamento do piso dos professores, greves, colégios caindo aos pedaços, alunos sem professores, bullying, professores desrespeitados, alunos que não sabem interpretar textos, péssimo desempenho no Enem, e assim por diante.
Que diferença! Deve ser por isso que a Colômbia vem crescendo a taxas mais elevadas do que nosso país, como se pode comprovar pelo crescimento do PIB no ano passado: Colômbia 4,3% e Brasil 0,15%.
A experiência serviu para mostrar o quanto estamos distantes de debates consistentes e o quanta educação precisa ser tratada com mais seriedade e respeito no Brasil.
» Correio do Povo 09-3-15