Feministas denunciam conservadorismo
No Dia da Mulher, feministas denunciam conservadorismo do Congresso
Protestos por todo o país reúnem mulheres de diversos movimentos sociais e com diferentes pautas, que vão da legalização do aborto ao direito à água e moradia.
08/03/2015
Por Vivian Fernandes* De São Paulo
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, se tornou uma data em que milhares de mulheres por todo o mundo saem às ruas em luta por seus direitos. Nas manifestações deste ano no Brasil, as feministas reivindicam o Estado laico, a legalização do aborto, o fim da violência contra as mulheres e a equidade salarial.
Em São Paulo, cerca de cinco mil mulheres realizam uma passeata que atravessa a Avenida Paulista, a Rua Augusta e finaliza na Praça Roosevelt, na região central da capital. O ato é promovido por militantes de movimentos auto-organizados de mulheres, de moradia e sindical.
Para as feministas, um dos grandes empecilhos para o avanço das pautas das mulheres é o crescente conservadorismo no Congresso Nacional. Segundo a integrante do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, Regina Jarkewicz, "esse Congresso que temos hoje está muito atrasado em relação ao que a sociedade quer. Os movimentos sociais precisam pressionar para que as pautas das mulheres, como a legalização do aborto, avancem."
A Marcha Mundial das Mulheres também se posiciona nessa linha. O movimento aponta que os direitos das mulheres estão ameaçados por um “congresso conservador, bancada fundamentalista, grande mídia, cultura patriarcalista, racista e machista”.
Já as mulheres de movimentos de moradia saem em defesa da “Água, Democracia, Reforma Política, do combate a todos os tipos de violência contra as mulheres”. No caso da água, elas responsabilizam o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pela crise hídrica pela qual passa o estado paulista.
“Sem água, creches, escolas e postos de saúde serão fechados, empregos serão perdidos, agravando ainda mais a dura vida das mulheres. As cidades estão distantes de oferecerem condições e oportunidades iguais aos seus habitantes. As Mulheres Sem Teto, em sua maioria, estão privadas ou limitadas em seus direitos em virtude de sua situação de pobreza e violência cultural, étnica, de gênero, de idade, enfrentando dificuldades para satisfazer as necessidades básicas de suas famílias”, afirmam em nota.
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Ações
Além do ato em São Paulo, diversas outras cidades realizam protestos de rua, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Ainda há cidades em que o ato acontecerá no dia 9 de março, como é o caso de Aracaju, que realiza o protesto na segunda-feira pela manhã, na Praça Fausto Cardoso, com a reivindicação: “Pelo fim da violência contra a mulher, por mais creches, por mais participação na política e contra o uso dos agrotóxicos”.
Nos atos públicos deste 8 de março também está sendo lançada a 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que tem como tema “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”. A ação ocorre de cinco em cinco anos e é o momento em que é realizada uma jornada de lutas sobre diversos temas e sua relação com o feminismo.
“Com esta ação, queremos fortalecer a defesa dos ‘territórios das mulheres’, que são compostos por nossos corpos, pelo lugar onde vivemos, trabalhamos e desenvolvemos nossas lutas, nossas relações comunitárias e nossa história”, afirma o movimento.
*Colaborou José Coutinho Júnior.
http://www.brasildefato.com.br/node/31496