Pela nomeação de professores concursados
Sem retorno do governo, Cpers faz ato pela nomeação de professores concursados
Da Redação
O governo de José Ivo Sartori (PMDB) experimentou nesta sexta-feira (20) o calor da primeira manifestação dos professores na sua gestão. Desde o dia 22 de janeiro aguardando retorno sobre as nomeações dos aprovados no último concurso público, o Cpers/Sindicato foi às ruas cobrar resposta do governo estadual. Segundo a direção do sindicato, há um déficit de mais de 7 mil vagas e, mesmo que o governo sinalize positivamente nos próximos dias, o ano letivo começará na próxima semana sem todos os professores necessários.
A marcha com cerca de 400 pessoas partiu do Hotel Plaza São Rafael, onde o Cpers realizou reunião ampliada da categoria. O encontro ocorre uma vez ao ano para aprovar as pautas de reivindicação dos educadores. “No caso das nomeações, decidimos pelo ato hoje porque apresentamos em janeiro uma pauta e seguiu diálogo. Mas não podemos toda semana ir cobrar reposta do governo se ele não esboça nenhum movimento de que irá atender nossas reivindicações”, disse a presidente do Cpers, Helenir Aguiar.
Sob chuva, o grupo atravessou o Centro de Porto Alegre até o Palácio Piratini. “Tem pra lençol, tem pra helicóptero, tem pra avião, só não tem pra nomeação”, cantavam os professores ironizando o argumento de crise financeira dado pelo governo nas audiências. Ao chegar em frente ao Palácio, os professores foram surpreendidos em seu primeiro protesto do ano com gradis e um número reforçado de policiais. “Não era assim antes. Somos só professores. É.. os tempos mudaram”, ouvia-se entre os participantes do ato.
Levou mais de uma hora para que um interlocutor palaciano fosse dialogar com a direção. Cinco integrantes do Cpers só foram recebidos após o deputado estadual Adão Villaverde (PT) – no Palácio por conta de outra audiência – intermediar a requisição dos professores junto à Casa Civil.
Casa Civil promete resposta para março
O secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi, garantiu ao Cpers um retorno sobre as nomeações até o dia 02 de março, explicou a presidente Helenir ao final do encontro. Ela lamenta que, ainda que o governo destrave as 450 nomeações de concursados que aguardam sinal verde da Secretaria Estadual da Fazenda, os tramites levem cerca de 40 dias. “Este período todo ficaremos sem professores. Isto afeta todo nosso preparo pedagógico e rendimento das escolas”, afirmou.
Cumprindo outra agenda no Palácio Piratini, o secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha, cumprimentou os sindicalistas e conversou com a imprensa. “Eu já encaminhei, como é meu dever como secretário, as nomeações de 910 professores entre concursados e temporários, mas pelo decreto que foi aprovado final do ano passado, só o governador pode autorizá-las. Estamos aguardando este retorno”, disse ele.
Professores dizem que contratos temporários estão prevalecendo
O Movimento pela Transparência nas Nomeações afirma que as Coordenadorias Regionais de Educação estão informando que não há mais vagas para nomeação de concursados. Segundo os professores, já surgiram 50 denúncias de que os aprovados estão sendo preteridos para que o governo possa ampliar os contratos temporários. “É uma questão de matemática simples. Se existem 7.600 exonerados em dezembro do ano passado por motivos diversos (aposentadoria, falecimento, entre outros) e existem 2.496 aprovados em concurso ainda não chamados, por que haveria de contratar mais do que os 20 mil contratos emergenciais que aprovamos na Assembleia Legislativa no final do ano passado?”, questiona a presidente do Cpers.
Ela também desconfia do alto número de exonerações. “Como somem 9 mil professores de dezembro pra cá, num passe de mágica?”, questiona. Helenir ainda aponta os números divergentes dados ao sindicato e à imprensa por parte do secretário Vieira da Cunha. “Ele diz que são só mil vagas ofertadas ainda restantes para concursos e para nós que são 2.496. Se não tem dinheiro para nomear concursados, não aceitamos que tenha dinheiro para pagar temporários”, sinaliza Helenir.
Neste ponto, Vieira da Cunha informou que as contratações temporárias “serão feitas apenas para regiões onde o banco de concursados já se esgotou ou é frágil”.
Presente ao ato, a professora de História Marlene Muller, de Sapiranga, questionou o secretário em frente ao Palácio. Ela apresentou os papeis comprovando a sua aprovação e de mais três colegas no último concurso e alegou ter sido informada na 2ª Coordenadoria Regional de Educação “que acabaram as vagas pra concursados na área”. Ela lamenta o fato de não poder trabalhar, visto que foram apenas quatro professores aprovados na sua região. “Eu poderia trabalhar se reduzissem a carga horária dos contratos temporários. Não queremos o mal de ninguém, apenas por fim na angustia de sermos aprovados e não podermos trabalhar”, disse.