O cérebro na sala de aula

O cérebro na sala de aula

Como os alunos aprendem

Segundo a neurociência, e como os professores podem tirar proveito desse conhecimento para criar melhores condições de aprendizado em sala de aula


Luciana Alvarez

 

Mesmo sem ter plena consciência disso, os professores operam incontáveis transformações no cérebro de seus alunos. Ao dar uma aula e estimular as crianças e jovens a aprender um novo conteúdo, ele 'força' novas conexões entre os neurônios e ainda provoca mudanças no padrão de liberação de neurotransmissores nas sinapses. Sem essas alterações, que acontecem tanto na estrutura física do cérebro quanto em seu funcionamento químico, não há aprendizagem, como explica a neurociência, campo do saber que está se aproximando cada vez mais da área da educação e cujas descobertas podem ser de grande auxílio para os docentes.

As modificações cerebrais provocadas pelo aprendizado podem ser profundas e permanentes, ou podem se apagar com o tempo. Fernando Mazzilli Louzada, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), tem uma boa metáfora para ajudar os leigos a entender o processo. O truque é associá-lo à abertura de trilhas numa floresta. Quanto mais vezes se percorre a trilha, mais larga ela fica, mais fácil de ser encontrada e, assim, mais rápido o caminho por ela. 'Mas se você não usa a trilha, ela vai desaparecendo, sendo tomada de novo pela mata', explica. 'Custa muito caro para o cérebro, em termos de energia, manter uma trilha aberta. Não é possível manter todas. Ficam só as utilizadas', completa.

A relevância é, portanto, a grande diferença entre o aprendizado de fato e o que logo se esquece - ou algo que nunca se chega a aprender de verdade. Isto porque, dentro do cérebro, tudo o que não é desenvolvido se perde. Entender o processo de perda como algo natural e comum a todos também ajuda a ensinar melhor.

Mas do que depende o estabelecimento de novas conexões entre os neurônios e a criação de novas trilhas? Como os professores podem garantir que seus alunos vão aprender a matéria ensinada? A resposta para essa pergunta envolve muitas variáveis. Regina Migliori, pesquisadora no Centro de Diagnóstico Neuropsicológico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que a estrutura cerebral das pessoas tem potencial para assimilar praticamente de tudo. Porém, essa estrutura é esculpida pelas experiências e usos de cada um.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/214/o-cerebro-na-sala-de-aulacomo-os-alunos-aprendem-segundo-338124-1.asp




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