Estágio em sala é fundamental

Estágio em sala é fundamental

Estágio em sala de aula é fundamental para quem quer ser professor

Diretor de escola reclama da qualidade dos cursos oferecidos aos professores. Nem todos são bons. Muitos por falhas da pessoa que dá o curso

Nessa semana, o Jornal Nacional está apresentando uma série especial de reportagens sobre os professores brasileiros. Nesta sexta-feira (6), a Graziela Azevedo e Ronaldo de Sousa mostram que estágios e programas de incentivo podem ajudar a preparar melhor os professores. Mas nem sempre.

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Certamente essa é a grande delícia de quem escolheu ensinar: estar perto de quem precisa aprender. Descobrir o melhor jeito de despertar a vontade de saber em meninos e meninas.

“Quando ela explica com brincadeiras e tal, colocando no dia a dia, a gente aprende melhor”, diz a aluna Chiara.

“Ver essa transformação, essa vontade, esse perguntar, esse interesse, é bem gostoso”, comenta a professora de física Maria Eloisa Refinetti.

Por isso o estágio em sala de aula é complemento fundamental para quem quer ser professor. 

“Só com a prática em sala de aula a gente consegue associar a teoria que a gente teve com os professores na faculdade e aliar ao que a gente está vivenciando em sala de aula”, explica uma estudante.

O Alexandre que o diga. À noite, é aluno de pedagogia. À tarde, é vendedor de material de construção. E na escola pública, de manhã, ele vai treinando para a profissão que quer abraçar.

“A gente consegue aprender com a professora aqui como dar aula, como que é aquele jeitinho de falar com a criança”, conta o estudante de Pedagogia Alexandre Casado.

Alexandre conseguiu uma bolsa do Pibid, o Programa de Incentivo à Docência do Governo Federal que remunera grupos de estagiários. A professora que os recebe na escola e o professor da faculdade que coordena tudo.

“Eles dão uns palpites, eles começam já a refletir sobre a pratica pedagógica”, conta a professora Isabel Mauricio.

Maria Ângela tinha um estágio parecido em uma escola estadual de São Paulo. Mas com três meses de existência o programa, de repente, foi suspenso. Segundo o governo para avaliação.

“Eu fico triste de verdade, porque acho fundamental a residência pra que a gente tenha condições de atender o aluno”, lamenta uma estudante.

Programas que não duram, que atingem pouca gente ou estágios burocráticos que não acrescentam muito são alguns dos problemas enfrentados pelos estudantes da área de educação. E o quadro também não é muito favorável nos cursos de extensão, que são aqueles que deveriam melhorar a qualificação dos professores que já estão na rede de ensino.

“Os nossos cursos de formação continuada são de suprimento. Suprimento daquilo que ele não teve na licenciatura. Veja o PNAIC. Está formando o que? Professor para alfabetizar. Ora, ele não tinha que ter aprendido a alfabetizar na licenciatura?”, argumenta Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas. 

O PNAIC, Programa de Alfabetização na Idade Certa, foi inspirado na experiência de Sobral. Foi inspirado na experiência de Sobral, no Ceará. Os alicerces da mudança foram a formação continuada do professor, a melhoria da gestão das escolas e o rigor nas avaliações de docentes e alunos.

“Quando chega no final do ano e a gente vê o aprendizado das crianças é muito gratificante”, comenta uma professora. 

Em São Paulo, Fabio é professor à noite. De manhã é diretor de uma escola pública. Gostaria de manter o foco na qualidade do ensino, mas acaba assoberbado por burocracias. Correndo na tela do computador estão os programas do Ministério da Educação que podem trazer verbas e benefícios para a escola. “É muito programa, muita burocracia e pouco dinheiro”, reclama Fabio.

O diretor também reclama da qualidade dos cursos oferecidos aos professores. Nem todos são bons. Muitas vezes por falhas da própria pessoa que dá o curso.

Fábio Botta, diretor de escola e professor de Matemática: Se o formador for confuso o curso com certeza confunde mais a cabeça do professor do que ajuda.
Jornal Nacional: Já aconteceu isso?
Fabio: Várias vezes.

Cobrar qualidade, avaliar resultados dos gastos públicos são responsabilidades que governos e educadores precisam assumir.

“É preciso ter um cuidado para não simplesmente terceirizar a responsabilidade, que deveria ser de alguns setores, que encontram no caminho mais fácil repassar o dinheiro sem ver se tem a cobrança do resultado em termos de qualidade”, explica Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna.

Na Finlândia, a qualidade do ensino é um orgulho nacional. Desde meados dos anos 70, as notas dos estudantes em provas internacionais não param de melhorar.

O professor brasileiro Vicente Barros acaba de voltar de uma temporada de três meses no país. Nada chamou mais a atenção do que o valor que é dado ao professor.

“Em média, ele recebe um salário acima do que a grande maioria dos profissionais de nível superior tem. Ele é recebido como aquele que vai conduzir mudanças na sociedade”, conta Vicente Barros, professor de física.

Conhecer o país com as melhores escolas públicas do mundo foi só mais uma conquista na vida do professor de física. Ele se formou no Brasil, fez doutorado na Alemanha, em uma trajetória de grande transformação.

“Eu nasci numa favela em São Paulo, tive várias dificuldades, mas sempre estudei em escola pública e eu aprendi através da educação a mudar a realidade que eu tinha”, ressalta Vicente.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/estagio-em-sala-de-aula-e-fundamental-para-quem-quer-ser-professor.html




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