Negros têm mais risco de morte

Negros têm mais risco de morte

Jovens negros têm mais risco de morte violenta

Dados do Rio Grande do Sul seguem tendência nacional; estudo foi realizado pela Secretaria Nacional da Juventude

Igor Natusch - 09/02/2015

Jovens negros morrem mais do que brancos no Brasil, em índices que não param de crescer. E o Rio Grande do Sul não foge desse panorama. Essas conclusões constam no relatório do estudo “Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade 2014”, desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ). O levantamento acrescenta a desigualdade racial como um novo indicador de violência contra o jovem brasileiro, somando-o aos índices de homicídio, acidentes de trânsito, pobreza e acesso a ensino e emprego já utilizados pelos órgãos governamentais. 

O resultado dessa mudança é preocupante. Segundo a pesquisa, jovens e adolescentes negros de 12 anos a 29 anos têm, proporcionalmente, 2,6 mais chances de morrer de forma violenta do que brancos. Os dados, de 2012, indicam aumento nesse risco em comparação com 2007, quando o índice atingia 2,3.

O Rio Grande do Sul apresenta um percentual abaixo do nacional, chegando a 1,674. Dos 27 estados da Federação, o Estado está em 24º lugar no ranking da violência, sendo um dos que apresenta menor discrepância nas mortes de jovens negros e brancos. A diferença, porém, ainda existe. Em 2012 foram registradas 337 ocorrências contra 286 em 2007 – um índice que subiu de 54 para 60,3 mortes de jovens negros a cada 100 mil habitantes. Quando o comparativo é feito em relação a jovens brancos, o resultado é inverso: em 2007 foram 893 mortes registradas contra 844 em 2012, uma queda de 36 para 34 mortes a cada 100 mil habitantes. É preciso levar em conta que a população considerada branca no Estado é demograficamente bem maior que a negra, atingindo 83,2% do total, segundo dados do censo de 2010 do IBGE.

O estudo também traz dados importantes sobre a situação vulnerável dos jovens brasileiros, independentemente da cor da pele. Uma informação positiva apresentada na pesquisa refere-se ao município de Cachoeirinha, na Região Metropolitana. A cidade está entre as dez que obtiveram maior sucesso na redução da vulnerabilidade juvenil à violência entre 2007 e 2012. Dentre os indicadores usados pelo estudo, a melhora mais significativa ocorreu nas mortalidades no trânsito, que recuaram 61,4% no período.

Para outras três cidades gaúchas, contudo, o panorama está longe de ser positivo. Alvorada, Novo Hamburgo e Viamão estão entre os 100 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes onde a vulnerabilidade juvenil à violência é considerada mais alta. Em duas delas – Viamão e Novo Hamburgo – o índice de piores resultados refere-se aos níveis de pobreza. Em Alvorada, por outro lado, o fator mais alarmante está no alto índice de homicídios.

A partir dos resultados do estudo, uma série de ações governamentais estão previstas para tentar reverter o quadro. Um dos programas da SNJ nesse sentido é o Plano Juventude Viva, que prioriza ações de prevenção que atendam a jovens em situação de exposição à violência, em especial negros. As propostas colocadas pelo plano atingem de forma especial 142 municípios, que somados concentraram, em 2010, 70% dos homicídios de jovens negros com idades entre 15 e 29 anos. Porto Alegre está entre essas cidades. Em junho do ano passado, a secretária-adjunta do Povo Negro da prefeitura de capital, Elisete Moretto, reuniu-se com a articuladora nacional do Plano Juventude Viva, Malu Viana, para encaminhar a adesão da capital gaúcha ao projeto.
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Fonte: Jornal do Comércio

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=186844

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