Nomeação de professores concursados
Cpers se reúne com Sartori para pedir nomeação de professores concursados
Débora Fogliatto*
O diálogo entre o governador José Ivo Sartori (PMDB) e o Sindicato dos Professores (Cpers) foi aberto oficialmente nesta quinta-feira (22). Durante a reunião, que também contou com a presença do secretário de Educação Vieira da Cunha (PDT), um grupo de cerca de 15 pessoas protestaram em frente ao Palácio Piratini exigindo que os professores aprovados em concursos sejam nomeados pelo novo governo.
No encontro, o governador afirmou que as nomeações irão acontecer e o Cpers estipulou o prazo de 20 de fevereiro para voltar a conversar e avaliar a situação. “Mas como as matrículas deverão ser fechadas dia 30 de janeiro, no início de fevereiro devemos procurar o governo para ver a realidade. Solicitamos o nome de todos os aprovados por área e coordenadoria e todos contratados também, para poder fiscalizar as nomeações e ver onde há necessidade de fazer concurso público novamente”, explicou Helenir Oliveira, presidente do Cpers.
Outras pautas tratadas foram o pagamento do piso do magistério; o aproveitamento de professores contratados que foram exonerados em dezembro nas áreas que não houver mais banco de concursados; a garantia de atendimento médico à categoria, que utiliza o plano de saúde IPE; a garantia de direitos dos professores exonerados em dezembro e a continuação das negociações que foram feitas com o governo anterior sobre o vale-refeição.
Helenir esclarece que os professores que foram exonerados já têm noção de como é a escola, por isso deveriam ser chamados em casos onde haja falta de pessoal já concursado. “O secretário teve uma posição muito firme de que isso é constitucional e justo, ao mesmo tempo em que se colocou a favor de continuar as nomeações”, contou.
O pagamento do piso é outra reivindicação histórica da categoria, que sofreu reajuste de 13% em 2015. “Colocamos a importância de que esses 13% pensassem de que forma pagar mais imediatamente e o resto apresentassem uma proposta”, contou Helenir, lembrando que o piso anterior ainda não era pago integralmente.
Vieira afirmou que os cofres do Estado não suportam o impacto financeiro que o pagamento do piso resultaria, por isso seria preciso auxílio da União. “Nós achamos que o professor precisa ser bem remunerado e concordamos com o aumento real de vencimentos dos professores, mas precisamos encontrar fonte de financiamento para esta obrigação legal”, disse o secretário.
Algumas das questões ficaram pendentes e serão lidadas em um próximo encontro, após o governo se reunir com o secretário da Fazenda, Giovani Feltes. “Amanhã mesmo farei uma reunião com o secretário da Fazenda para avaliarmos o impacto financeiro das reivindicações — como o fim do estorno do vale-refeição — que serão objeto de estudo por parte da área fazendária”, informou Vieira. Para Helenir, o encontro foi “positivo”. “Estamos começando um debate, esperamos que possa continuar”, afirmou.
Professores protestam na frente do Piratini
Entoando “Sem contratação, só nomeação”, cerca de 15 pessoas protestavam na frente do Piratini pedindo que os professores aprovados em concursos sejam nomeados pelo novo governo. Os professores consideram a falta de nomeações um indício de “precarização da educação”.
Carlos Mendes, que passou no concurso em 2013 e aguarda ser chamado, lembra que o governo anterior havia prometido nomear todos os aprovados. “Fizemos concurso e passamos, queremos que seja cumprida a lei. Ao invés disso, fazem contratos por baixo dos panos. Isso é explorações dos trabalhadores, porque os contratados não têm os ganhos dos concursados, ficam à mercê das direções e do governo”, lamenta.
Os professores acreditam que a tendência seja “amontoar alunos em sala de aula”, conforme definiu Neiva Nazzarotto. Ela, que já é professora estadual e está prestes a se aposentar, lembra que nos casos de aposentadoria também há falta de substituição de quadros. “Cerca de 8% por mês saem por aposentadoria e não são substituídos”, afirma.
Uma das pessoas exoneradas em dezembro foi a professora Letícia Pereira Maria, que era contratada de forma emergencial. “Fomos demitidos sem nenhum tipo de aviso, nem a escola sabia. Eu fiquei sabendo uma semana depois, quando acessei o portal pela internet”, criticou ela, destacando que não foram chamados concursados para preencher as vagas dela e de mais dois colegas. Letícia teme que seus ex-alunos, estudantes do primeiro ano, sejam colocados em uma turma de 50 ou 60 crianças.
*Com informações do governo do Estado
http://www.sul21.com.br/jornal/cpers-se-reune-com-sartori-para-pedir-nomeacao-de-professores-concursados/