Contradições dos reajustes

Contradições dos reajustes

CONTRADIÇÃO DOS REAJUSTES NO ESTADO

17 de janeiro de 2015

editorial

O governador José Ivo Sartori assumiu o cargo anunciando uma série de cortes que, diante do tamanho reiterado sistematicamente por ele mesmo das dificuldades enfrentadas pelo setor público, têm um valor simbólico. Ainda assim, as providências contribuíram para passar a ideia da necessidade de um esforço conjunto para tirar o Estado desse impasse. Faltou ao governador justamente a preocupação com esse aspecto quando decidiu sancionar o reajuste de seu próprio salário e os de outras categorias de uma elite do setor público. E isso no momento em que os gaúchos eram informados da possibilidade de o déficit estadual superar R$ 7 bilhões.

Se a situação do Estado é realmente crítica a esse ponto, cresce a importância de se preservar a confiança da sociedade na capacidade de se encontrarem saídas e em colocá-las em prática. A contribuição dos gaúchos poderá ser mais efetiva se os administradores públicos conseguirem passar a ideia de compromisso firme com a austeridade, mesmo com base em gestos simples.


Um setor público financeiramente combalido como o do Rio Grande do Sul tende a enfrentar ainda mais dificuldades pela frente, antes de conseguir rumar para o equilíbrio. Por isso, é preocupante que líderes de diferentes poderes já enfrentem agora o desgaste resultante dos reajustes, pois se confrontarão com pressões financeiras mais adiante, incluindo as relacionadas à revisão nos vencimentos de diferentes categoriais funcionais.


Governar é encontrar saídas para dificuldades desse tipo, de preferência realistas e que possam ser comunicadas de forma clara e transparente para a população. Mas é, ao mesmo tempo, ter consciência de que os exemplos de austeridade teriam de partir primeiro dos responsáveis pelas decisões no comando da máquina pública.


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