Rotina de uma 'tia de corredor'
A interessante rotina de uma 'tia de corredor' escolar
Sou auxiliar técnica de educação. Ensino, aprendo, dou risada, fico brava, feliz... Ganho mal, mas me divirto muito.
Sou auxiliar técnica de educação, popularmente conhecida na escola como a tia do corredor. Trabalho em um CEU (Centro de Educação Único).
Todos os dias há novidades e as desculpas mais esfarrapadas que meus ouvidos já escutaram. Adolescente inventa cada coisa que vocês nem imaginam...
Amo o que faço. Minhas crianças são as melhores do mundo, com elas eu aprendo, as ensino, me divirto e as horas passam que nem percebo...Tenho que colocar o celular para tocar, caso contrário perco a hora de ir embora e me atraso para a faculdade.
Todos os dias há basicamente as mesmas falas, mas também há novas palavras... Aprendo gíria com eles e corrijo o Português precário deles. Há sempre os espertinhos que até passam despercebidos. Sempre que são notados e corrigidos tem mil desculpas, mas não deixo passar: Coloco-os imediatamente de volta ao seu lugar. Há os que adoram sair da sala para um "rolezinho" no corredor enquanto o professor está passando a matéria... Assim que percebo coloco de volta na sala de aula. Dão muito trabalho, mas a energia e a alegria deles são vitaminas para que eu me recomponha e continue ali no corredor, para o bem estar de todos.
Cobro bom comportamento, separo brigas, ouço reclamações, escuto choro, declarações de amor. Às vezes sou odiada por uns e amada por outro. Às vezes sou durona para poder colocar a ordem e o bom comportamento, para que tudo flua da melhor maneira possível. Sempre que me pedem algo referente ao aprendizado e às necessidades escolares, me desdobro para ajudá-los em solucionar todos os problemas referentes ao assunto que estamos tratando.
Faço tudo que posso para ajudá-los, desde um lápis ou caderno até uma mochila para carregar o material. Quando eles se machucam, corro para buscar a solução: Um gelo para as contusões, um curativo para os cortes ou até mesmo uma palavra amiga de consolo para as tristezas. Na escola em que trabalho há muita criança carente e não é só de bens materiais, é de afeto também. Eu dou as broncas que eles merecem ouvir mas também dou um abraço, um sorriso, um beijo ou até mesmo um puxão de orelha ou um tapinha amigável do tipo "pode confiar em mim". Quando eles vêm me abraçar, não há problema meu que seja lembrado lá dentro da escola; esqueço tudo e todos para viver somente para eles.
Esqueço compromissos, perco a hora, deixo de fazer uma ligação importante, porque para mim eles são mais importantes que tudo. Em cada rostinho, seja a criança de que tamanho for, vejo não apenas um aluno, vejo o filho de alguém. Tomo eles como meus e os defendo de tudo e de todos ali dentro. Eles são minha responsabilidade ali e o bem estar deles é a prioridade dos meus afazeres.
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