Avaliar, avaliar e avaliar…
Vem aí a Prova Brasil anual. Hoje é aplicada a cada dois anos. Mas o novo ministro entende que é pouco. É preciso que seja anual.
“É fundamental que a gente estabeleça metas [para a educação básica]. Metas de acesso, metas de regularidade, metas de aprendizado e avaliações permanentes. Eu, por exemplo, pretendo fazer com que as avaliações, hoje feitas de dois em dois anos, possam ser feitas anualmente”, afirmou Gomes em entrevista ao “Bom dia Brasil”, da Rede Globo.”
Metas para tudo e avaliação para tudo. Mais do mesmo que no mundo desenvolvido foi usado e não melhorou a educação por lá. É claro que isso prepara mais meritocracia para o sistema educacional, o que conduzirá também a mais privatização. Estas ações andam sempre juntas.
Exame nacional de ingresso como certificação
As teses dos reformadores empresariais estão sendo seguidas impecavelmente pelo novo Ministro. Uma delas é que a avaliação tem centralidade na melhoria da educação. Por isso, seu foco na avaliação que deverá, é claro, ser seguida de meritocracia. Isso era esperado. Não vai faltar avaliação para ninguém: alunos, professores e diretores. Para o ministro:
“No caso dos professores, ponderou Cid, a avaliação poderia ser utilizada como “passaporte para o ingresso” do professor na carreira docente, em vagas ofertadas por Estados ou municípios.”
É isso. Quando apareceu a ideia de uma prova nacional para ingresso no magistério, advertimos à exaustão a CNTE e as entidades educacionais que esta prova poderia ser convertida em certificação para ingresso no magistério.
(Veja, por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui.)
Para minar resistências, ele ameniza dizendo que a avaliação “será uma opção do professor”, mas é claro que perante as redes, isso não será optativo e, socialmente, aquele que não realizar o exame estará em condições inferiorizadas perante outros que o fizeram.
Com a palavra, a CNTE e as entidades da área da educação.
Cid: carreira e exame de professores
O Ministro Cid Gomes defendeu logo após sua posse a melhoria da carreira dos professores atrelada à exames. “É um debate que pretendo colocar em pauta” disse.
Sempre dizendo que precisa debater muito, o Ministro repete uma forma de atuação usada em seu governo no Ceará.
No Ceará, por exemplo, propôs seminários nas Universidades Estaduais para discutir a proporção entre aulas efetivamente dadas e número de horas destinadas à preparação destas. Um debate deste tipo conduzido pelo governador do Estado de São Paulo com as Universidades Estaduais Paulistas seria impensável, pelo nível de detalhe. “Ouviu” e desconhecendo a natureza do ensino superior, comparou-o ao ensino médio e terminou concluindo, por si mesmo, que o correto era que esta proporção fosse de 52%. Fez esta “proposta” para as universidades e a “grande discussão” ficou nisso mesmo.
Cid vai ter que convencer que os debates pretendidos não são apenas uma tática de implantação de ideias já prontas e sim um real desejo de atuação embasado em uma construção coletiva. Vai ter que convencer que não se trata apenas de um aprimoramento das suas ideias já definidas. Isso significa que abrir-se para o debate é estar disposto a retirar parâmetros prévios que engessem o próprio debate, abrindo-se ao contraditório e até mesmo à própria negação da ideia.
Não raramente o “debate” tem sido mais uma tática dos reformadores do que um real desejo de acertar ou fazer política pública com evidência.
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