A escola diante da crise moral
O papel da escola diante da crise moral
Maria Elisa Schuck Medeiros - Mestre em Educação pela UFRGS
Retorna para discussão, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, o Parecer do CEED que prevê norma impedindo as escolas do Estado a suspender, afastar ou expulsar estudantes, mesmo que envolvidos em transgressões disciplinares. Sem dúvida, este parecer está sendo motivo de muita polêmica na sociedade gaúcha.
Vivemos hoje numa sociedade promovida por bolsas auxílio e agora querem instituir a bolsa "bagunça" dentro das escolas. Sim, pois retirar a autonomia das escolas de instituir suas regras e suas medidas pedagógicas diante da transgressão das mesmas, é constituir a libertinagem dentro deste espaço.
A sociedade brasileira está passando por uma crise moral. Piaget, Freud, Durkheim e Kohlberg concordam em suas teorias de que a moral implica princípios e regras. Esses princípios e regras são os deveres que temos enquanto sujeitos de uma sociedade, assim o dever é entendido como uma obrigatoriedade. Como seria nosso convívio na sociedade se não existisse a imposição de alguns deveres?
Certamente a vida em sociedade seria impossível, seria um caos. A escola tem o papel de formar seus alunos para que suas ações sejam por dever e não conforme o dever, sem autoritarismo, sem exclusão social, educando para o bem viver. Mas quando as regras de respeito ao outro são transgredidas, trazendo prejuízos para o desenvolvimento de um grupo, a escola necessita tomar atitudes que vão além do diálogo.
O espaço escolar tem diversos exemplos em que foram aplicadas medidas pedagógicas e foram saudáveis para os estudantes, pois apresentaram melhoras significativas. Ao invés de impedir as escolas de suspender, afastar ou expulsar estudantes, seria interessante que este parecer propusesse a obrigatoriedade da escola formar sujeitos autônomos moralmente, uma vez que o heterônomo moral transgride as regras por não terem sido apropriadas pela sua inteligência.
Essa construção da autonomia moral somente será possível se os princípios e regras forem discutidos e refletidos. Nesse contexto, o importante é que os estudantes legitimem as regras que fazem da escola um espaço de construção de saberes.
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