Transferência compulsória de alunos

Transferência compulsória de alunos

Transferência compulsória de alunos deve continuar sendo debatida 


Bethania Haas Loblein - MTE 10359 | Foto: Juarez Junior

Com o objetivo de debater sobre as medidas disciplinares nas escolas como: transferência compulsória, suspensão e expulsão de alunos, na manhã de terça-feira (04) realizou-se no Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS audiência pública proposta pelos deputados Zilá Breitenbach (PSDB), Ernani Polo (PP) e Ciro Simoni (PDT). Membros da Comissão de Educação da casa.
 
Zilá que é professora, e já atuou como diretora de escola e secretária municipal de Educação, acredita que as escolas devem ter sua autonomia garantida. “Quem está dentro da escola diariamente, que convive com os alunos e conhece a realidade de cada um, é que tem conhecimento para definir qual o melhor caminho a ser adotado, e discuti-lo junto com a família, com os pais, os responsáveis”, explica a parlamentar defensora de regras nas escolas e de uma presença mais atuante dos pais, “mesmo com a transferência o aluno não é abandonado, ele não é excluído. Quem é professor não abandona. Constrói convivência e educação.”
 
A deputada ainda comentou sobre o PL 146/2014, de sua autoria, que visa instituir normas para promover a segurança, prevenção e proteção aos profissionais do ensino tendo em vista o aumento da violência física e moral contra integrantes do magistério no Estado. O texto prevê em um dos artigos a transferência do aluno infrator para outra escola, a juízo das autoridades educacionais, caso outras medidas corretivas não obtenham sucesso.
 
O parecer, do Conselho Estadual de Educação, construído em resposta a demandas que chegaram ao Ministério Público Estadual, ainda não foi aprovado pelo Conselho, que retirou o mesmo da pauta para ser debatido. Hoje, há uma comissão especial do Conselho designada para tratar do assunto. O conselheiro Thalisson da Silva, presidente desta comissão, afirma que Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases tratam como ilegal a expulsão de alunos das escolas e acrescenta que esta atitude não resolve o problema. “Hoje 358 municípios gaúchos possuem apenas uma escola de Ensino Médio, ou seja, 70% dos municípios”, e acrescenta “a expulsão não resolve nenhum problema.”
 
O representante do Ministério Público Estadual, promotor Júlio Almeida, argumenta que ainda estão debatendo o assunto no órgão, mas defende que a transferência compulsória deve ter um objetivo pedagógico e nunca punitivo. Porém, acrescenta que a incumbência de encontrar outro lugar adequado para o aluno ser inserido é da rede, e não dos pais ou responsáveis.
 
“É possível propor sim, uma cultura de paz”, afirmou Claudia Barros, representante da Defensoria Pública e membro do Núcleo de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, ao defender a proibição da expulsão e de transferência de alunos. Para ela as escolas têm autonomia no processo pedagógico, e a expulsão é a transferência do problema de local, além de estigmar o aluno. Em sua fala demonstrou preocupação em elevar as estimativas de evasão escolar com a não proibição da medida. “Precisamos trabalhar a prevenção para que não seja necessária a transferência”.
 
Elenir Oliveira, presidente do Cpers-Sindicato, falou em nome de uma categoria que muitas vezes recebe nas escolas crianças desprovidas de limites e com defasagem de valores. Porém, deixou claro acreditar que a expulsão ou transferência é apenas uma forma de empurrar o problema com a barriga. “Somos trabalhadores solitários. Lutamos por uma escola que de garantias para que os professores possam fazer seu trabalho.” Chamou a atenção para a ausência da família nas escolas, mesmo quando não existem problemas econômicos.
 
Para o presidente do Sinepe, Bruno Eizerick, a autonomia da escola deve ser respeitada. “O Povo já opinou sobre o parecer. Temos um abaixo-assinado com quase 16 mil assinaturas, e o Sinepe é contra a proibição da expulsão e da transferência, uma vez que a mesma pode ser sim educativa”, salienta e ainda faz uma reflexão “muito se fala em direitos dos alunos, e os deveres?”. O representante do Sinpro, Marcos Fuhr, também defendeu a possibilidade da transferência compulsória quando todas as alternativas já forma tentadas e a situação está no limite.
 
Zilá afirma que continuará acompanhando os debates e o andamento do processo por acreditar que o tema ainda deve ser amplamente debatido com a comunidade escolar. Ainda se manifestaram representantes: do Conselho de Educação, da UNDIME/RS, Secretaria Estadual de Educação, Faculdade de Educação da Ufrgs, Federação das Associações de Círculos de Pais e Mestres, de escolas públicas e particulares, professores, alunos e demais deputados presentes na audiência, que além de lotar o Plenarinho usou mais duas salas do terceiro andar da ALRS demonstrando a importância do debate em torno do tema.

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Educação
Ernani Polo: Parecer do Conselho de Educação que impede afastamento de alunos precisa ser revisto
Alexandre Farina - MTE 8947 - 16:24 - 04/11/2014 - Foto: Juarez Junior
 

Em audiência pública, deputado defende que sistema educacional seja  fortalecido para preservar o direito ao ensino com garantia de um ambiente sadio em sala de aula

A norma que impede afastamento de alunos por indisciplina foi pauta de debate na manhã desta terça-feira (4), na Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, através de proposta do deputado Ernani Polo (PP). A informação n° 44, do Conselho Estadual de Educação, responde a consulta elaborada pelo Ministério Público sobre procedimentos disciplinares, tomada a partir de uma série de denúncias de diretores de escolas, pais de alunos, alunos e secretarias municipais de educação, a respeito de reiteradas infrações e agressões a professores e alunos de escolas gaúchas.  

A audiência foi requerida após grande polêmica que envolveu a comunidade escolar em torno da iminente aprovação do parecer do Conselho, em processo considerado sem discussão por parte de sindicatos de ensino, que terminou por envolver na discussão CPERS, SINPRO-RS, SINEPE. O deputado Ernani Polo sugeriu ao Conselho que fosse mantido o uso do parecer nº 820 de 2009 do próprio Conselho Estadual de Educação que trata de normas de convivência nos Regimentos Escolares, considerado referência no país. 

“O parecer N° 820/2009 é esclarecedor e define com propriedade as medidas preventivas e pedagógicas a serem utilizadas em casos de indisciplina de alunos. O que nos parece ser fundamental, é manter às escolas a condição de poderem tomar ações disciplinares, que em último caso possam levar a uma transferência assistida do aluno, o que já ocorreu diversas vezes e com sucesso. Da mesma forma encaminhamos ao Conselho a proposta da retirada da informação n° 44, ou a revisão de seu texto no que refere-se ao impedimento de sanções como o afastamento. Vamos seguir atentos ao andamento do processo para acompanhar de perto as decisões, pois o tema ainda precisa ser debatido com mais profundidade com a participação de toda a comunidade escolar visando fortalecer a educação” considerou.

Participaram do debate integrantes do Conselho Estadual de Educação, SINEPE/RS, SINPRO/RS, CPERS, Ministério Público, Defensoria Pública, Secretaria da Educação, diretores de Universidades, Escolas, professores, alunos, comunidade escolar como um todo e parlamentares.




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