O Escultor de Pessoas

O Escultor de Pessoas


 
Nascer é só o início da construção de um sujeito. Seu corpo em miniatura está completo e seu desenvolvimento implica apenas tamanho, proporção. Já a mente vai absorver o alimento cultural e afetivo de seu meio. Tudo depende da educação a que for submetido.  

A palavra educação vem do latim "educare" — que significa polir, lapidar, ou seja, moldar, esculpir. O educador é um e...scultor de pessoas. Sua matéria prima é a cultura e o afeto. Esses elementos vão, pouco a pouco, moldando o pensamento e a conduta. Assim, o processo educativo, que inclui formação e informação, vai montando o sujeito.  

A condição emocional da criança poderá favorecer ou prejudicar o aprendizado. O educador deveria ter como primeiro objetivo conquistar a confiança e o afeto da criança. Só assim, seu discurso será significativo, sua palavra despertará desejo de experimentar, conhecer coisas novas e viver o estado de encantamento, que, via de regra, as boas descobertas provocam.  

É preciso tecer uma ponte de afeto entre educador e educando, para que o conhecimento possa transitar de forma harmoniosa — digerido a seu tempo, preenchendo lacunas que alimentam o interesse e estabelecendo uma via de mão dupla, em que professor e aluno partilham igualmente do prazer em cada descoberta e experiência que gera mudança em ambos.  

O bom professor é um exímio conquistador. Ele seduz com ideias entusiastas, com exemplos de ousadia e perseverança, com gestos de generosidade e elegância. Não me refiro, aqui, à elegância do traje. Ser elegante não diz respeito, necessariamente, à roupa adequada. Elegante é quem se porta com distinção e serve de alavanca para o crescimento do outro.                  

Esse é o perfil do verdadeiro educador — alguém cuja capacidade de amar norteia a conduta e sinaliza o momento de intervir e de permanecer à margem das situações. Hora de falar e hora de calar — ações que serão delineadas pela sensibilidade, que aguça a sabedoria e concede visão dilatada pela força do carinho e da ternura.  

Não posso conceber um educador que não tenha como mola mestra o altruísmo, a vontade de ajudar o outro e impulsionar o crescimento de crianças e jovens com exemplos de grandeza humana e alimento estético que provém da arte.  

O ser humano deve ter sua conduta moldada com gotas de carinho e retalhos de ternura, tecidos com a delicadeza de quem compõe uma obra de arte, porque, ao nascer, somos arte inacabada a espera de alguém que está apto a levar adiante o projeto de vida do grande Criador.  

Educadores são artesões que moldam crianças, dando-lhes graça, leveza, suavidade e incutindo desejos generosos em sua formação. Essa costura é feita com a linha do afeto, usando as cores da compaixão — palavra que exprime a paixão em compartilhar situações em busca de solução.   

Sejamos, portanto, educadores, considerando a essência da palavra, conscientes de nossa missão de esculpir gente, numa ação continuada à criação Divina!




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