Política de Dilma no ensino profissional

Política de Dilma no ensino profissional

Efeitos da política de Dilma no ensino profissional

Um dos debates mais quentes na tramitação da PNE foi como viabilizar a expansão do ensino profissionalizante. Houve uma decisão de que o país precisa triplicar o acesso dos jovens brasileiros ao ensino profissional, mas a polêmica se colocou se tal crescimento seria mais forte no sistema público ou ancorado em subsídios no financiamento privado.

Em 2011 a participação privada na oferta representava 56,3% e a oferta pública estava dividida entre 9,8% federal, 31,6% estadual e 2,2% municipal. Ou seja, apesar de ser uma modalidade do ensino médio e a Constituição Federal estabelecer a educação como direito de todos, a participação privada já se mostrava considerável.

 No meio da tramitação do PNE o governo investiu no Pronatec, programa ancorado no estabelecimento de um crescimento vinculado a subsídios ao setor privado, especialmente no sistema S. Este caminho foi incorporado no texto final do PNE, nas estratégias 11.6 e 11.7, conforme podemos ler abaixo:

11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindical e entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com atuação exclusiva na modalidade;

11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissional técnica de nível médio oferecida em instituições privadas de educação superior;

Apesar de ser aprovado em junho deste ano, muito do que está previsto na nova lei já estava sendo praticado pelo governo. E analisando o censo escolar da educação básica de 2013, no quesito especifico sobre o ensino profissional, fica claro que os efeitos que julgo deletérios começam a aparecer.

Em primeiro lugar, o crescimento do ensino profissional entre 2011 a 2013 foi de 11%, mas este crescimento tornou mais proeminente a presença privada no total das matrículas. Em 2013 o setor privado já representava 60,3%.

Quando verificamos o ritmo de crescimento de cada um dos atores fica claro o problema. As matrículas federais cresceram 13,4%, o setor estadual decresceu em 2% e o setor privado cresceu 18,9%.

Antes mesmo de entrar em vigor, a lógica privatista defendida pelo governo já fazia estragos na cobertura escolar profissionalizante. Acontece que o governo perdeu parte da batalha e a Meta 11 manteve a necessidade de que as vagas novas relativas ao cumprimento do PNE devem ser 50% oferecidas pelo Poder Público. A pergunta que falta ser respondida é se efetivamente o governo federal e governos estaduais, tão solícitos com acenos para os interesses do mercado financeiro, com a manutenção da política de superávit nas contas públicas para honrar compromissos com os credores da dívida pública, irão se esforçar para cumprir a referida Meta.

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