Racismo no Brasil

Racismo no Brasil

Racismo no Brasil é “estrutural e institucionalizado

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ONU revela estudo sobre a discriminação no país. Campanha para eleições não  aborda interesses dos negros.

 

A Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que o racismo no Brasil é  “estrutural e institucionalizado” e “permeia todas as áreas da vida”, informa o  portal UOL.

Num estudo publicado na última sexta feira pela ONU, os especialistas  concluem que o “mito da democracia racial” ainda existe na sociedade  brasileira e uma parte “nega a existência do racismo”.


O documento surge num momento em que o racismo no Brasil volta a ser tema de  discussão. Recentemente a equipa de futebol Grémio de Porto Alegre foi  excluída da Taça do Brasil devido ao comportamento racista dos seus adeptos no  jogo contra o Santos, no dia 28 de Agosto.Outro caso é o de uma jovem negra do estado Minas Gerais que publicou no  Facebook uma fotografia em que posa com o seu namorado branco. A jovem foi  vítima de injúrias raciais. Um dos perfis da rede social escreveu: “Onde comprou  essa escrava?”. Em seguida: ”Me vende ela”.

A jovem denunciou o caso à polícia, que deve indiciar os autores por  crime de injúria racial. A pena pode chegar a três anos de prisão e  multa.

O estudo da ONU diz ainda que os negros no Brasil são os que mais são  assassinados, têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de  desemprego, menor acesso à saúde, morrem mais cedo e têm a menor participação no  Produto Interno Bruto. São também a parte mais representada nas prisões e os que  ocupam menos postos no governo.

A organização sugere que se “desconstrua a ideologia do branqueamento  que continua a afectar as mentalidades de uma porção significativa da  sociedade”. Também destaca que “o Brasil não pode mais ser chamado de uma  democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo  institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como  normais”.Os especialistas da ONU estiveram no Brasil entre os dias 4 e 14 de Dezembro  do ano passado. 

Debates da campanha para as eleições presidenciais não  abordam temas de interesses dos negros

 Uma análise do Instituto Patrícia Galvão, com base nos dados das  agências Ibope e Datafolha, mostra que, mesmo sendo a maioria dos eleitores, as  diferenças sentidas pelos negros estão ausentes do debate político na campanha  para as eleições presidenciais, que decorrerá a 5 de Outubro.

O estudo, intitulado “Gênero e Raça nas Eleições Presidenciais 2014: A  força do voto de mulheres e negros”, indica que os negros representam  55 por cento dos eleitores, enquanto que os brancos são 44 por  cento e os amarelos correspondem a um por cento.

A socióloga e especialista em pesquisa de opinião Fátima Pacheco Jordão  sublinha a ausência dos temas de interesse da população negra na campanha para  as eleições.“Chama a atenção o distanciamento dos autodeclarados pretos em relação ao  programa, que pode ser explicado pelo facto de a questão racial não aparecer com  ênfase nas campanhas. A não ser na exibição de alguns modelos negros, a  população não se vê representada nos programas”, afirmou.A socióloga destacou ainda que a população negra brasileira reconhece cada  vez mais a sua identidade. “A autodeclaração é uma questão de identidade  enquanto cidadão e cidadã”, disse.


 Foto: Jamil Bittar

Fonte: Rede Angola

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