Cursar MBA no Brasil e no exterior
Conheça as diferenças entre cursar MBA no Brasil e no exterior
Estudar Fora - IG Educação - 10/09/2014 - São Paulo, SP
O tão falado MBA, cuja sigla significa Master of Business Administration, surgiu nos Estados Unidos há cerca de 100 anos – a tradução literal para o português seria algo como “mestrado em administração de negócios”. Originalmente direcionado a altos executivos de empresas americanas e internacionais, o curso foi aos poucos sendo importado para várias partes do mundo, inclusive o Brasil. No entanto, algumas adaptações em seu formato foram inevitáveis.
Os primeiros MBAs brasileiros tentavam se espelhar ao máximo nos americanos, mas algumas diferenças já eram evidentes. “No Brasil, o curso em período integral, de dois anos de duração, não funcionou. Aqui, as pessoas têm mais resistência a ficar longe do mercado de trabalho por tanto tempo”, explica Armando Dal Colletto, diretor executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba). “O modelo foi adaptado às oportunidades e aos comportamentos da nossa cultura”.
Geralmente, os MBAs no Brasil são oferecidos no período noturno e nos fins de semana – um formato semelhante ao “part-time” nos EUA. Se por um lado é possível manter o seu emprego enquanto estuda, o aluno perde no sentido de fazer contatos com gente de outros países, ter uma experiência completa no campus ou fazer estágios promissores durante o curso.
Escolher entre estudar no Brasil e no exterior envolve não apenas a opção do curso, mas os planos pessoais de cada um. Porém, na hora de analisar, é importante prestar atenção em alguns pontos importantes:
#Metodologia
A maior parte dos cursos no Brasil costuma ser essencialmente teórica: os professores detalham os temas mais relevantes dentro do enfoque do curso, mas deixam as discussões e práticas em segundo plano. “No exterior, há uma grande carga de estudos de casos e tarefas realistas do dia a dia da empresa. Há simulações de cenários financeiros, e o aluno de fato experimenta o que é viver no mercado”, diz Paulo César Moraes, sócio fundador da Philadelphia Consulting.
#Seleção da turma
Outra diferença está na seleção dos alunos. Lá fora, os critérios de recrutamento costumam ser bem mais rigorosos. “Todos os selecionados são de alto calibre e são tão desafiadores para os colegas quanto os próprios professores”, acrescenta Paulo César. Alguns cursos no Brasil não exigem muito dos candidatos, o que pode resultar em turmas pouco interessantes e uma experiência menos enriquecedora na troca com os colegas. “Isso certamente reduz a qualidade do MBA, pois uma parte fundamental do curso é o networking”, reforça Armando.
#Qualidade
O que colabora para `manchar` a imagem dos cursos no Brasil é a sua crescente banalização. Alguns têm baixíssima qualidade, e outros se dizem MBAs sem sequer ter as características básicas para isso. “Embora o número dos MBAs no Brasil tenha aumentado desde 1990, houve uma distorção negativa do termo”, lamenta Armando.
Hoje, existem até “MBAs com ênfase em sustentabilidade” ou “MBAs em arquitetura” – uma utilização equivocada do título para cursos de especialização que incluem aulas de gestão. O principal fator que colabora para essa arbitrariedade é o fato de o Ministério da Educação brasileiro (MEC) classificar o MBA como um curso lato sensu, cujo padrão mínimo de qualidade é menos exigente. Lá fora, em termos de carga horária e rigidez no controle pelo órgão regulador, o MBA equivaleria a um mestrado (stricto sensu).
Claro que, nesse contexto, as instituições brasileiras mais sérias, que prezam pela qualidade, viram que não era suficiente seguir os padrões mínimos do MEC. Seus cursos possuem uma carga horária relativamente elevada (mais de 600 horas de aula), e os professores estão acima da média. “Outros MBAs que se aproveitaram do sucesso do termo MBA para usá-lo no nome acabam vendendo gato por lebre e enganando o estudante desavisado”, aponta Armando.
É possível identificar os MBAs de qualidade (em termos de adequação ao conceito de MBA, qualidade do curso e seleção dos alunos) através da acreditação da Anamba e de outras associações estrangeiras. Algumas universidades até aparecem em rankings internacionais, como é o caso da Fundação Getúlio Vargas, a instituição de ensino brasileira que mais forma CEOs. Outras escolas reconhecidas internacionalmente são o Insper, a Fundação Instituição de Administração, a Fundação Dom Cabral, o ESIC Business & Marketing School e o IBMEC.
MBA padrão no Brasil
Duração: 1,5 ano a dois anos, meio período
Preço do curso: R$ 30.000 a R$ 60.000
Impacto: reconhecimento nacional para cargos de média gerência
Concorrência: na maioria, a seleção é mínima. Os mais rigorosos pedem currículo, carta de recomendação, teste de lógica e de inglês.
Alunos: brasileiros com perfis profissionais diversos, entre 25 e 40 anos
MBA padrão nos EUA e Europa
Duração: 1 a 2 anos, tempo integral
Preço do curso: US$ 180.000, em média, fora despesas pessoais
Impacto: reconhecimento internacional para cargos de média e alta gerência
Concorrência: a seleção é criteriosa. São pedidos provas de raciocínio (GMAT e GRE), exame de inglês (TOEFL), Cartas de Recomendação e Essays.
Alunos: de várias nacionalidades, entre 22 e 35 anos