O que melhora na Educação?
Dados do Ideb
Dois artigos sobre o Ideb e a Educação no Rio Grande do Sul
Fonte: Zero Hora (RS) 10 de setembro de 2014
O que melhora na Educação?
José Clovis de Azevedo
O Ensino médio da rede estadual do Rio Grande do Sul ficou em 11º lugar no Ideb de 2011. Em 2013, saltou para segundo lugar, dividindo esta posição com São Paulo. Obteve o primeiro lugar entre os Estados nas provas de proficiência em língua portuguesa e matemática, aumentou os índices de aprovação de 66,3 para 73,5, tendo um crescimento de 8% no Ideb, o maior crescimento entre todos os Estados, passando de 3,4 para 3,7. Frente a esta mudança substantiva, é oportuno refletir sobre as causas que possibilitaram tais avanços.
A reforma curricular do Ensino médio implementada na rede estadual foi, certamente, o carro-chefe dessas mudanças. A introdução da pesquisa, o contato com o mundo do trabalho, mobilizaram os jovens, que passaram a ter um papel ativo na construção do conhecimento. É a transição de um paradigma baseado na transmissão de conteúdos descontextualizados para uma pedagogia ativa, baseada na investigação, na criatividade, em que o educando é sujeito de sua aprendizagem, sendo estimulado a construir os contornos de seu projeto de vida.
No novo Ensino médio Politécnico, o conhecimento passa a ter um tratamento interdisciplinar. Pesquisa, Ensino e avaliação são partes do mesmo processo; o educando é continuamente desafiado a aprender mais.
Essas mudanças conceituais e paradigmáticas têm sido possíveis graças a um programa de formação continuada e em serviço dos Professores. Os Docentes estaduais estão estudando, em movimento permanente de formação, agregando valor à sua formação intelectual e incidindo positivamente na qualidade de Ensino. *Secretário de Estado da Educação
A avaliação necessária
Bruno Eizerik
Na última sexta- feira, 5 de setembro, o Ensino particular gaúcho foi surpreendido pela divulgação dos resultados do Ideb. Parece que só nós fomos surpreendidos, pois tanto o ministro da Educação quanto o secretário estadual de Educação concederam entrevistas coletivas sobre o assunto. Não acreditamos que as coletivas sejam preparadas sem o conhecimento prévio. Fomos procurados pela imprensa, o que é legítimo, para que nos manifestássemos. Nossa manifestação é de que infelizmente temos mais perguntas do que respostas.
Poderíamos apresentar algumas respostas, tais como: o resultado geral tanto no país quanto em nosso Estado foi bom, e isto deve-se à Escola privada; o RS não melhorou, mas sim os outros Estados que pioraram; o Ensino privado tem seu resultado calculado através de amostra, por isso não se pode fazer uma análise se a amostra de 2013 é diferente da de 2011.
Entretanto, nossas perguntas, que não são poucas, precisam de respostas dos órgãos competentes. Por que não recebemos os dados previamente? Como é calculado o Ideb? (A nota técnica do site do Inep é confusa.) Quem fixou as metas? Quem escolhe e qual o critério de escolha das Escolas particulares que farão parte da amostra? Quantas Escolas particulares fazem parte da amostra? A Escola privada pode recorrer do resultado de seus Alunos?
Apesar de todos os questionamentos e, mesmo entendendo que a divulgação do resultado pode ter um significado político, temos o dever de elogiar o trabalho do Inep. Fazemos isto com sentimento de perda, pois o Inep está sob sério risco de esvaziamento com a tentativa do governo federal em criar o Insaes, agência reguladora, com 500 cargos, que dará poderes ao governo federal de intervenção no Ensino Superior privado.
Poderemos ter mais respostas assim que tivermos as nossas respostas. O sentimento do Ensino particular gaúcho é o mesmo de um Aluno que recebe a nota de uma prova que sequer realizou. Não queremos ter nota para passar de ano, queremos um Ensino melhor para nosso país. *Presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS