Violência atrapalha rendimento escolar
Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco
Segundo o estudo, alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, exame para medir o índice de aprendizado
Fonte: Bom Dia Brasil 21 de agosto de 2014
As estatísticas comprovam que a violência atrapalha, e muito, o rendimento de alunos de escolas que ficam em áreas de risco no Rio de Janeiro. Além do medo, os tiroteios mantêm os alunos, por vários dias, fora da sala de aula.
“Eles já sabem, começou o primeiro tiro, todos correm, já saem agachados para o corredor”. A mulher que não quer se identificar é professora em uma escola pública do Complexo da Maré.
O conjunto de favelas, um dos maiores do Rio, está ocupado pelas Forças Armadas desde abril. Lá existem 96 unidades de ensino. “Tem alunos nossos que chegam na escola, eles deitam a cabeça na carteira e dormem porque não dormiram a noite inteira, por causa do tiroteio”, diz a professora.
Na semana passada, um estudante foi baleado dentro de uma escola na Cidade de Deus, comunidade pacificada da zona oeste do Rio. Thiago Batista, de 15 anos, foi atingido na cabeça depois de um confronto entre PMs e traficantes. O menino sobreviveu.
Por causa de tiroteios em comunidades, escolas acabam suspendendo as aulas para preservar a segurança dos estudantes. E salas de aula vazias vêm se repetindo com frequência no Rio.
As secretarias Municipal e Estadual de Educação não têm dados consolidados. Mas, a partir de casos noticiados nos primeiros sete meses deste ano, o Bom Dia Brasil fez as contas. E descobriu que por causa da violência, escolas fecharam pelo menos oito vezes nesse período. Não só na Maré, mas também no Complexo do Alemão, Vila Kennedy e Manguinhos. Cada confronto deixou, em média, 8 mil alunos sem aulas nessas áreas.
O problema chamou a atenção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que fez uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio, para oferecer um treinamento de segurança para professores, funcionários e alunos.
“Via de regra, os alunos vão se proteger. Buscar um espaço, alunos e servidores, onde eles fiquem protegidos dessa ameaça externa e aguardem essa situação, calmamente, passar”, diz Heloísa Werneck, assessora técnica da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
A violência afeta diretamente o desempenho dos estudantes. Um estudo feito pela pesquisadora Joana Monteiro, da Fundação Getúlio Vargas, revela, por exemplo, que alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, o exame aplicado para medir o índice de aprendizado no país. “Se você compara alunos que estudam, nas mesmas escolas, em anos que teve confrontos versus em anos que não tiveram, você vê que a violência é associada a uma queda no rendimento escolar”, afirma Joana Monteiro.
A professora da Maré diz que ao longo do ano passado, a escola onde trabalha ficou, ao todo, 40 dias sem aulas por causa da violência. “E a evasão escolar advém daí mesmo. Alguns não passam dos 11 anos, 10 anos, eles abandonam”, diz a professora.
A Secretaria Estadual de Educação disse que orienta a reposição das aulas e tenta evitar a evasão. A Secretaria Municipal de Educação diz que criou um programa para incentivar a melhoria do ensino em áreas de risco. E a PM alega que planeja operações em favelas levando em conta os horários escolares.
Com medo da violência, pais fazem vaquinha para comprar câmeras para escola do DF
Dividida em dez vezes, cada responsável paga R$ 5 por mês
Fonte: R7
Com medo da violência, pais e professores de alunos do CEF (Centro de Ensino Fundamental) 08 do Gama (DF) tiraram dinheiro do próprio bolso para comprar 16 câmeras de segurança pra escola. O objetivo dos 200 apis é evitar que a criminalidade das ruas atravesse os muros da escola. O custo total foi superior R$ 8.000, dividido em dez vezes.
Cada um contribuiu com R$ 5 para que as câmeras fossem adquiridas e instaladas. Ao todo, são 15 aparelhos no interior da escola e uma do lado de fora. Segundo ele, a medida parece ter surtido efeito.
Em um mês, o circuito interno instalado na escola já flagrou um furto no estacionamento e, segundo os alunos, ajudaram a diminuir as brigas dentro do colégio
As imagens do furto foram cedidas à polícia e ajudam na investigação. A câmera que fica do lado de fora também ajuda no monitoramento dos alunos nos horários de chegada e saída.
Dinorá Marinho, professora da escola e mãe de uma aluna, confirma que as câmeras também estão ajudando a controlar os alunos indisciplinados, que tentam matar aulas nos corredores.