Desafios da Educação
"É preciso gestão competente em todos os níveis de ensino, valorização do compromisso, meritocracia e fiscalização das verbas públicas"
afirma Vivina do C. Rios Balbin
Fonte: Estado de Minas (MG) 20 de agosto de 2014
O Brasil festeja a premiação de Artur Ávila em Seul, com a Medalha Fields, tida como o "Nobel da Matemática". Primeiro matemático latino-americano a receber a distinção, que existe desde 1936. Ele é pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), na França. Com certeza, uma conquista extraordinária e incentivo para os novos talentos das Olimpíadas de Matemática Brasil afora. No último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil subiu uma posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), passando da 80ª para 79ª em 2013, entre 187 países. Alguns pontos positivos também na Educação: o crescente aumento das inscrições no Exame Nacional do Ensino médio (Enem), Programa Universidade para Todos (Prouni) e outros programas, a expectativa de Escolaridade brasileira é a mais elevada entre os países integrantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e a expectativa média de vida hoje é de 74,8 anos em vez dos 73,9.
Além disso, o número de matrículas na Educação integral do Ensino fundamental cresceu 139% nos últimos anos, chegando a 3,1 milhões de estudantes. Entre 2012 e 2013, cresceu 46,5%. Matrículas em Creche tiveram crescimento de 72,8% no período entre 2007 e 2013. Entre 2012 e 2013, o aumento das matrículas em Creche foi de 7,5%. São dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Hoje, são aplicados 5,8% do PIB na Educação, e, com as novas metas do Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil pretende elevar essa proporção gradativamente até 10% do PIB.
Apesar de incentivos e muitos avanços nesses últimos anos, os resultados não são imediatos e a Educação brasileira ainda é de péssima qualidade. Dados atuais do Pisa, pesquisa internacional que testa o grau de Escolaridade de jovens de 15 anos, mostram que o país está na retaguarda. Ainda ocupamos o 53º lugar entre 65 países e 731 mil crianças estão fora da Escola (IBGE) . O Analfabetismo funcional ainda é alto e 20% dos jovens que concluem o Ensino fundamental, morando nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita. No Ensino médio, há grande evasão, chegando a 70% entre os mais pobres. Os cursos técnicos têm habilitado jovens para o mercado, mas de modo geral a qualidade do Ensino precisa melhorar.
A formação dos Educadores é precária e desvalorizada nas universidades mesmo com incentivos recentes. Os cursos de licenciatura precisam merecer destaque. O salário do Docente da Educação básica é de R$ 1.874,50, quantia três vezes menor que o valor recebido por profissionais da área de exatas, analistas, advogados e outras categorias. Os escândalos na Educação e em outras áreas Brasil afora precisam ter fim. Fraudes e corrupção ainda são constantes. Com certeza, falta ação mais rigorosa do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério Público na fiscalização de verbas e na punição dos criminosos. São verbas públicas de fato para uma Educação de qualidade com resultados.
Nas universidades, houve grande expansão de campi até no interior e de programas de inclusão de Alunos. Melhorias que precisam ser aprimoradas. Nossa maior universidade e com enorme dotação orçamentária, a USP, passa por grave crise e teve suas contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo por irregularidades. Apenas seis universidades do Brasil estão entre as 500 melhores do mundo e uma única entre as 150 melhores. Hoje, seis das 10 melhores universidades dos Brics são chinesas e duas são brasileiras. A transformação do país pela Educação de qualidade é uma importante meta, mas é preciso gestão competente em todos os níveis de Ensino, valorização do compromisso e meritocracia e ações fiscalizadoras rigorosas das verbas públicas.