Conflito nas escolas
Indisciplina e bullying são principais causas de conflito nas escolas
Pesquisa da Secretaria de Segurança Cidadã visa criar métodos de mediação de conflitos e cultura de paz
Fonte: Diário do Nordeste (CE) 31 de julho de 2014
As agressões físicas e verbais sem motivos aparente (chamadas bullying) e os desrespeitos aos professores são os principais motivadores de conflitos nas escolas públicas municipais. Foi o que revelou uma pesquisa feita pela Secretaria de Segurança Cidadã (Sesec). De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, o levantamento foi feito para se criar métodos eficazes de mediação de conflitos e disseminação de uma cultura de paz.
A pesquisa ouviu 688 pessoas em 20 escolas das seis Regionais da Capital, entre estudantes, professores outros servidores ligados aos estabelecimentos de ensino. A maior parte dos ouvidos, entretanto, é formada por alunos (583) do 5º ao 7º ano. Os jovens, na maioria entre 11 e 12 anos (53,6%), apontaram o bullying como o principal provocador de conflitos (22,10%), seguido por brigas (12,4%) e a indisciplina - o desrespeito ao professor (10,30%).
Entre o corpo docente, o principal motivo para os desentendimentos é a indisciplina (20,61%). As brigas foram outro fator de destaque para os professores, funcionários, coordenadores pedagógicos, e vice-diretores entrevistados, apontado por 16,54% deles. Depois, vêm os mal entendidos (12,72%) e o bullying (12,47%). Na soma dos resultados, as agressões sem motivo foram ressaltados por 66,07% do público da pesquisa, e o desrespeito ao professor por 30,91%.
Mediação
Os resultados obtidos servirão como base de dados para o desenvolvimento de um projeto de mediação escolar e práticas restaurativas, a ser implantado em 12 escolas numa fase inicial. De acordo com a coordenadora de Mediação de Conflitos da Sesec, Tatiane Castro, a Secretaria foi criada nesta gestão e faltavam dados estatísticos para trabalhar a resolução de conflitos. Para ela, o trabalho de mediação, através do diálogo, é a melhor forma de lidar com estes problemas.
"É um procedimento voluntário, feito por um mediador neutro para que as pessoas envolvidas busquem a solução para estas situações e reflitam sobre as razões do conflito, aprendendo se colocar no lugar do outro", defende.
Segundo ela, os trabalhos serão feitos com o apoio de outras instituições. "Nós temos diversos parceiros. Firmamos um termo de cooperação técnica com a Secretaria Municipal de Educação (SME), o Ministério Público Estadual (MPE-CE) e a ONG (Organização Não Governamental) Terre des Hommes Lausanne no Brasil (Tdh)", afirmou.
De acordo com Tatiane, os trabalhos já foram iniciados pela Sesec nas Regionais IV e VI, e a SME atuará nas Regionais I e III e o MPE-CE com a ONG Terre des Hommes nas Regionais II e V.
A coordenadora aponta, ainda, que a maioria dos estudantes entrevistados apontou que, para evitar a violência nas escolas, deveria ser criado um espaço para dialogar e resolverem os entendimentos, mesmo sem saberem o que era a mediação. Os jovens também pediram a realização de atividades esportivas e recreativas, além de palestras sobre a cultura de paz.
Segundo o Ministério Público do Estado (MPE), cinco promotorias trabalham com educação, o que inclui um trabalho permanente de mediação de conflitos. Para o promotor de Justiça Francisco Elnatan Calos de Oliveira, coordenador do Núcleo de Defesa da Educação, a ação conjunta com outras instituições é importante para resolver e evitar estes problemas nas escolas.